domingo, 29 de dezembro de 2019

Resenha | Prisioneiros da Mente – Augusto Cury


A modernidade trouxe ao mundo uma conectividade nunca antes vista na história da humanidade… hoje conseguimos nos conectar com pessoas que estão do outro lado do mundo, num caso inédito de transposição de fronteiras.

Essa hiperconexão paradoxalmente mostra cada vez mais as nossas fragilidades como humanos, pois passamos a viver como personagens em buscas de aprovação e curtidas em redes sociais; nos afastando cada vez mais da nossa essência. 

O detrimento da nossa essência em favor às redes sociais é um dos temas do novo livro do escritor Augusto CuryPrisioneiros da Mente – Os cárceres mentais, lançado no Brasil pela editora Harper Collins.

Augusto Cury
Na obra em questão somos apresentados ao megaempresário do Vale do Silício, Theo Fester, que ao descobrir uma doença mortal passa a se questionar qual será seu legado para o mundo. Nessas reflexões, ele se descobre um pai que falhou com os filhos, e ao se decepcionar com eles, resolve lhes propor um acordo para que encontrem a redenção e aprendam importantes lições. Nessa tarefa Theo e seus filhos, serão ajudados pelo psiquiatra Marco Polo (personagem frequente dos livros de Cury) e por Invictus, um personagem intrigante e muito inteligente.
“- O tempo é cruel… Você se esconde dele, mas ele te encontra. Você viaja para os confins da terra, mas ele te acompanha. Você tenta disfarçar, alguns aplicam botox, outros fazem cirurgias plásticas, mas ele denuncia você em suas entranhas. Não adianta digladiar com o tempo, como se estivesse no Coliseu romano. Temos de tê-lo como nosso aliado, temos de reconhecer que somos seres humanos mortais. Assim, nossas dívidas emocionais serão suportáveis.”
Para quem acompanha os livros de Augusto Cury como eu, já sabe que o autor além de entreter, propõe que façamos reflexões acerca de problemas sociais e ainda uma auto-análise graças a sua teoria chamada Gestão da Emoção, a qual encontramos nesse livro nos conceitos de janelas killers, memória r.a.m., entre outros. Essa forma de escrita, que nos convida a viajar pelo nosso interior pode ser desconfortável para alguns leitores, contudo para àqueles que buscam um equilibro e se conhecerem cada vez mais, pode ser uma possibilidade de aprender novos caminhos para atingir esse objetivo.

Na leitura do Prisioneiros da Mente, Augusto Cury chama atenção para temas como a questão dos refugiados, a situação de pessoas que vivem nas ruas, doenças como o câncer, além da avareza de alguns dos donos de grandes fortunas. Dentre os temas citados, me incomodou um pouco a forma superficial em que eles foram abordados. Os capítulos foram curtos e corridos, o que terminou tirando uma parcela significativa da carga emocional do livro e principalmente perdeu a chance de criar uma empatia maior com os assuntos propostos – apesar de entender que essa não é a principal ideia do livro. Contudo, minha maior critica ao livro é a forma como o estupro é tratado. Uma das personagens passa por essa violência e na sequência da história, a personagem em questão aparece transformada em uma pessoa melhor, aparentemente sem traumas do ocorrido. Para mim, o autor foi um pouco infeliz na abordagem do acontecimento, uma vez que atualmente a violência contra as mulheres continua sendo um grave problema no nosso cotidiano.

Prisioneiros da Mente não é o melhor livro de Augusto Cury. Porém a obra merece ser lida por cumprir com seu principal objetivo que é fazer os pais refletirem sobre o legado e a herança que deixarão para os filhos. Além de chamar atenção para questões sociais que se mostram focos de conflitos; e ainda, fazermos refletir sobre como nos afastamos de nossa essência com o uso, cada vez mais descontrolado, das redes sociais.
– Consideram-me um ícone do Vale do Silício. Aqui construímos startups disruptivas, que destruíram as cartas enviadas pelos correios, e perdemos o romantismo da espera. Tornamos obsoletas as máquinas fotográficas e perdemos a poesia da imagem. Eliminamos do mapa as máquinas de escrever, construímos redes sociais e perdemos a magia da escrita; hoje, as mensagens são rápidas e superficiais. Eliminamos o telefone fixo. Antigamente, os namorados se falavam uma vez por semana, hoje, se falam a cada minuto. Todavia a solenidade dos encontros foi perdida. Somos um mundo mais rápido, mais produtivo, com mais democratização da informação. Mas somos mais felizes e criativos?
Sinopse:


“Um magnata poderoso. Um império tecnológico. E uma família dilacerada. Theo Fester conseguiu vencer uma infância de pobreza e bullying para se tornar um empreendedor mundialmente conhecido. Sua vida pessoal, entretanto, não seguiu o mesmo caminho: ele e seus filhos vivem uma farsa, se digladiando por poder e atenção. Ao se dar conta de que sua família está aprisionada por cárceres mentais, Theo precisará se reinventar mais uma vez e mudar radicalmente seus relacionamentos, antes que seja tarde demais.”.


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