A
modernidade trouxe ao mundo uma conectividade nunca antes vista na história da
humanidade… hoje conseguimos nos conectar com pessoas que estão do outro lado
do mundo, num caso inédito de transposição de fronteiras.
Essa
hiperconexão paradoxalmente mostra cada vez mais as nossas fragilidades como
humanos, pois passamos a viver como personagens em buscas de aprovação e
curtidas em redes sociais; nos afastando cada vez mais da nossa essência.
O
detrimento da nossa essência em favor às redes sociais é um dos temas do novo
livro do escritor Augusto Cury, Prisioneiros da Mente – Os
cárceres mentais, lançado no Brasil pela editora Harper Collins.
Augusto Cury |
Na
obra em questão somos apresentados ao megaempresário do Vale do
Silício, Theo Fester, que ao descobrir uma doença mortal passa a se
questionar qual será seu legado para o mundo. Nessas reflexões, ele se descobre
um pai que falhou com os filhos, e ao se decepcionar com eles, resolve lhes
propor um acordo para que encontrem a redenção e aprendam importantes lições.
Nessa tarefa Theo e seus filhos, serão ajudados pelo
psiquiatra Marco Polo (personagem frequente dos livros
de Cury) e por Invictus, um personagem intrigante e
muito inteligente.
“- O tempo é cruel… Você se esconde dele, mas ele te encontra. Você viaja para os confins da terra, mas ele te acompanha. Você tenta disfarçar, alguns aplicam botox, outros fazem cirurgias plásticas, mas ele denuncia você em suas entranhas. Não adianta digladiar com o tempo, como se estivesse no Coliseu romano. Temos de tê-lo como nosso aliado, temos de reconhecer que somos seres humanos mortais. Assim, nossas dívidas emocionais serão suportáveis.”
Para
quem acompanha os livros de Augusto Cury como eu, já sabe que
o autor além de entreter, propõe que façamos reflexões acerca de problemas
sociais e ainda uma auto-análise graças a sua teoria chamada Gestão da
Emoção, a qual encontramos nesse livro nos conceitos de janelas killers,
memória r.a.m., entre outros. Essa forma de escrita, que nos convida a viajar
pelo nosso interior pode ser desconfortável para alguns leitores, contudo para
àqueles que buscam um equilibro e se conhecerem cada vez mais, pode ser uma
possibilidade de aprender novos caminhos para atingir esse objetivo.
Na
leitura do Prisioneiros da Mente, Augusto Cury chama atenção
para temas como a questão dos refugiados, a situação de pessoas que vivem nas
ruas, doenças como o câncer, além da avareza de alguns dos donos de grandes
fortunas. Dentre os temas citados, me incomodou um pouco a forma superficial em
que eles foram abordados. Os capítulos foram curtos e corridos, o que terminou
tirando uma parcela significativa da carga emocional do livro e principalmente
perdeu a chance de criar uma empatia maior com os assuntos propostos – apesar
de entender que essa não é a principal ideia do livro. Contudo, minha maior
critica ao livro é a forma como o estupro é tratado. Uma das personagens passa
por essa violência e na sequência da história, a personagem em questão aparece
transformada em uma pessoa melhor, aparentemente sem traumas do ocorrido. Para
mim, o autor foi um pouco infeliz na abordagem do acontecimento, uma vez que
atualmente a violência contra as mulheres continua sendo um grave problema no
nosso cotidiano.
Prisioneiros
da Mente não é o melhor livro de Augusto Cury.
Porém a obra merece ser lida por cumprir com seu principal objetivo que é fazer
os pais refletirem sobre o legado e a herança que deixarão para os filhos. Além
de chamar atenção para questões sociais que se mostram focos de conflitos; e
ainda, fazermos refletir sobre como nos afastamos de nossa essência com o uso,
cada vez mais descontrolado, das redes sociais.
– Consideram-me um ícone do Vale do Silício. Aqui construímos startups disruptivas, que destruíram as cartas enviadas pelos correios, e perdemos o romantismo da espera. Tornamos obsoletas as máquinas fotográficas e perdemos a poesia da imagem. Eliminamos do mapa as máquinas de escrever, construímos redes sociais e perdemos a magia da escrita; hoje, as mensagens são rápidas e superficiais. Eliminamos o telefone fixo. Antigamente, os namorados se falavam uma vez por semana, hoje, se falam a cada minuto. Todavia a solenidade dos encontros foi perdida. Somos um mundo mais rápido, mais produtivo, com mais democratização da informação. Mas somos mais felizes e criativos?
Sinopse:
“Um
magnata poderoso. Um império tecnológico. E uma família dilacerada. Theo Fester
conseguiu vencer uma infância de pobreza e bullying para se tornar um
empreendedor mundialmente conhecido. Sua vida pessoal, entretanto, não seguiu o
mesmo caminho: ele e seus filhos vivem uma farsa, se digladiando por poder e
atenção. Ao se dar conta de que sua família está aprisionada por cárceres
mentais, Theo precisará se reinventar mais uma vez e mudar radicalmente seus
relacionamentos, antes que seja tarde demais.”.
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