Há
lugares que possuem uma história tão macabra que não teríamos coragem de
visitá-los de outra forma, se não fosse através dos livros. Esses lugares podem
ser literais, como uma cidade; ou figurados, como o passado das pessoas… Dessa
combinação surgiu o livro O Que Aconteceu com Annie, da
autora C. J. Tudor.
C. J. Tudor |
Lançado
em primeira mão para os assinantes do clube de leitura da editora Intrínseca, o Intrínsecos -, a obra
possui uma trama bastante instigante, cheia de reviravoltas e com cenas que
beiram o sobrenatural. A autora constrói uma história que vai dar calafrio até
nos mais destemidos leitores.
Tudo
começa com um crime brutal, o assassinato do jovem Ben e
aparentemente o suicídio de sua mãe, que leva a comunidade se perguntar quais
os motivos que fizeram com que uma professora cometesse tal atrocidade com o
próprio filho, ao qual todos gostavam.
“Nunca volte. É o que todos dizem. As coisas vão ter mudado. Elas não vão estar mais do jeito que você lembra. Deixe o passado no passado. Mas é claro que é mais fácil dizer do que fazer. O passado tem o hábito de se repetir nas pessoas… Às vezes, no entanto, não há outra escolha senão a errada.”
Tal
fatalidade, oferece a oportunidade perfeita para Joe. Um homem
fracassado e atormentado pelos fantasmas do passado. Atolado em dívidas e
correndo sérios riscos de morte, recebe um convite misterioso para voltar às
suas origens e descobrir o que aconteceu com sua irmã, Annie, que
há 25 anos sumiu e quando voltou nunca mais foi a mesma. Logo Joe vai
descobrir que quando a vida oferece uma segunda chance àqueles que carregam a
culpa e o remorso por algo que aconteceu no passado, nem sempre essa chance
significará a redenção…
Cada
elemento da história é aproveitado para criar a atmosfera do livro. A cidade em
si, Arnhill, esquecida e abandonada a própria sorte, parece que
definhou junto com a mina abandonada; rouba a cena ao oferecer à história uma
áurea sobrenatural e inúmeros mistérios que faz com que a tensão aumente a cada
página.
Tudor é
muito feliz ao se utilizar de casos policiais como ponto de partida da
história, isso a torna mais crível e, infelizmente, muito próximo da realidade
das grandes cidades brasileiras. Ao intercalar dias atuais com o passado, o
leitor se vê num verdadeiro quebra-cabeça, e quando achamos que já montamos
todas as peças vem um fato novo e nos devolve a estaca zero; esse efeito se
deve em grande parte aos personagens, cada um deles possuem inúmeros segredos e
a todo momento nos questionamos quem é o verdadeiro vilão. Um ponto negativo
encontrado foram alguns erros de digitação, mas nada que comprometa a leitura.
“Estamos sempre ocupado demais, concentrado demais no simples esforço de enfrentar o dia a dia: trabalhar, pagar as contas, a hipoteca, fazer compras… que não queremos olhar mais a fundo. Não nos atrevemos. Queremos que as coisas estejam bem. Que sejam exageradamente boas. Porque não temos energia mental para lidar com o que não está bem. É só quando acontece algo ruim, algo irrecuperável, que vemos as coisas como elas são. Mas aí é tarde demais.”
O
livro O Que Aconteceu com Annie merece ser lido por nos fazer
refletir sobre como as tragédias do passado impactam em nossa vida; em uma
escala menor, por abordar como a omissão da escola impacta na vida dos jovens
que sofrem bullying; e, principalmente, pela história em si, que mexe com
nossas emoções e nos arrebata a cada reviravolta da trama.
Curiosidades:
O
livro O Que Aconteceu com Annie ainda não foi lançado no
mercado brasileiro. Sendo que somente os assinantes do Intrínsecos o
receberam na caixa de Março.
A
autora C.J. Tudor fez sucesso no Brasil com o
livro O Homem de Giz.
Sinopse:
Uma
noite, Annie desapareceu. Desapareceu de sua própria cama. Houve buscas, apelações.
Todos pensaram o pior. E então, milagrosamente, depois de quarenta e oito
horas, ela voltou. Mas ela não podia ou não iria dizer o que tinha acontecido
com ela.
Algo
aconteceu com minha irmã. Eu não posso explicar o quê. Eu só sei que quando ela
voltou, ela não era a mesma. Ela não era minha Annie.
Eu
não queria admitir, nem para mim mesmo, que às vezes morria de medo da minha
própria irmãzinha.
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