domingo, 29 de dezembro de 2019

Resenha | O Que Aconteceu Com Annie – C. J. Tudor


Há lugares que possuem uma história tão macabra que não teríamos coragem de visitá-los de outra forma, se não fosse através dos livros. Esses lugares podem ser literais, como uma cidade; ou figurados, como o passado das pessoas… Dessa combinação surgiu o livro O Que Aconteceu com Annie, da autora C. J. Tudor.

C. J. Tudor
Lançado em primeira mão para os assinantes do clube de leitura da editora Intrínseca, o Intrínsecos -, a obra possui uma trama bastante instigante, cheia de reviravoltas e com cenas que beiram o sobrenatural. A autora constrói uma história que vai dar calafrio até nos mais destemidos leitores.

Tudo começa com um crime brutal, o assassinato do jovem Ben e aparentemente o suicídio de sua mãe, que leva a comunidade se perguntar quais os motivos que fizeram com que uma professora cometesse tal atrocidade com o próprio filho, ao qual todos gostavam.
“Nunca volte. É o que todos dizem. As coisas vão ter mudado. Elas não vão estar mais do jeito que você lembra. Deixe o passado no passado. Mas é claro que é mais fácil dizer do que fazer. O passado tem o hábito de se repetir nas pessoas… Às vezes, no entanto, não há outra escolha senão a errada.”
Tal fatalidade, oferece a oportunidade perfeita para Joe. Um homem fracassado e atormentado pelos fantasmas do passado. Atolado em dívidas e correndo sérios riscos de morte, recebe um convite misterioso para voltar às suas origens e descobrir o que aconteceu com sua irmã, Annie, que há 25 anos sumiu e quando voltou nunca mais foi a mesma. Logo Joe vai descobrir que quando a vida oferece uma segunda chance àqueles que carregam a culpa e o remorso por algo que aconteceu no passado, nem sempre essa chance significará a redenção…

Cada elemento da história é aproveitado para criar a atmosfera do livro. A cidade em si, Arnhill, esquecida e abandonada a própria sorte, parece que definhou junto com a mina abandonada; rouba a cena ao oferecer à história uma áurea sobrenatural e inúmeros mistérios que faz com que a tensão aumente a cada página.

Tudor é muito feliz ao se utilizar de casos policiais como ponto de partida da história, isso a torna mais crível e, infelizmente, muito próximo da realidade das grandes cidades brasileiras. Ao intercalar dias atuais com o passado, o leitor se vê num verdadeiro quebra-cabeça, e quando achamos que já montamos todas as peças vem um fato novo e nos devolve a estaca zero; esse efeito se deve em grande parte aos personagens, cada um deles possuem inúmeros segredos e a todo momento nos questionamos quem é o verdadeiro vilão. Um ponto negativo encontrado foram alguns erros de digitação, mas nada que comprometa a leitura.
“Estamos sempre ocupado demais, concentrado demais no simples esforço de enfrentar o dia a dia: trabalhar, pagar as contas, a hipoteca, fazer compras… que não queremos olhar mais a fundo. Não nos atrevemos. Queremos que as coisas estejam bem. Que sejam exageradamente boas. Porque não temos energia mental para lidar com o que não está bem. É só quando acontece algo ruim, algo irrecuperável, que vemos as coisas como elas são. Mas aí é tarde demais.”
O livro O Que Aconteceu com Annie merece ser lido por nos fazer refletir sobre como as tragédias do passado impactam em nossa vida; em uma escala menor, por abordar como a omissão da escola impacta na vida dos jovens que sofrem bullying; e, principalmente, pela história em si, que mexe com nossas emoções e nos arrebata a cada reviravolta da trama.

Curiosidades:

O livro O Que Aconteceu com Annie ainda não foi lançado no mercado brasileiro. Sendo que somente os assinantes do Intrínsecos o receberam na caixa de Março.

A autora C.J. Tudor fez sucesso no Brasil com o livro O Homem de Giz.



Sinopse:


Uma noite, Annie desapareceu. Desapareceu de sua própria cama. Houve buscas, apelações. Todos pensaram o pior. E então, milagrosamente, depois de quarenta e oito horas, ela voltou. Mas ela não podia ou não iria dizer o que tinha acontecido com ela.
Algo aconteceu com minha irmã. Eu não posso explicar o quê. Eu só sei que quando ela voltou, ela não era a mesma. Ela não era minha Annie.

Eu não queria admitir, nem para mim mesmo, que às vezes morria de medo da minha própria irmãzinha.

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