segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Citações | A Torre de Nero (Rick Riordan)


  • "Ele não quis dizer todas as coisas horríveis relacionadas à humanidade, e havia muitas... se referia às melhores coisas: defender uma causa justa, colocar os outros em primeiro lugar, ter uma fé teimosa de que se podia fazer a diferença, mesmo que significasse morrer para proteger seus amigos e suas crenças." - 43
  • "Mudança é uma coisa frágil. Exige tempo e distância. Sobreviventes de relações abusivas... precisam se afastar dos abusadores." - 101
  • "Ser humano é seguir em frente, se adaptar, acreditar na sua capacidade de melhorar as coisas. Esse é o único jeito de dar algum significado à dor e ao sacrifício." - 150
  • "... promessas são preciosas. Se você não tem certeza absoluta de que vai ser capaz de honrá-las, é melhor nem fazê-las..." - 228

 

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Resenha | Pequeno Manual Antirracista (Djamila Ribeiro)


O mês de Novembro é marcado, por entre outras datas cívicas, como o mês da Consciência Negra, tendo no dia 20, sua celebração nacional. Tal data, ao mesmo tempo em que relembra a morte de Zumbi dos Palmares - último líder do quilombo dos Palmares, assassinado em 1695; também o homenageia, afinal ele foi um dos líderes mais importantes da América Latina, por trazer consigo a consciência da luta pelo seu coletivo.

Anos após sua morte, o legado de Zumbi e de tantos outros que lutaram contra a escravidão continuam mais vivo do que nunca, afinal o racismo tem estado cada vez mais presente nas relações humanas.

falar sobre racismo no Brasil é, sobretudo, fazer um debate estrutural. É fundamental trazer a perspectiva histórica e começar pela relação entre escravidão e racismo, mapeando suas consequências. Deve-se pensar como esse sistema vem beneficiando economicamente por toda história a população branca, ao passo que a negra, tratada como mercadoria, não teve acesso a direitos básicos e à distribuição de riquezas.

Visando mudar esse quadro criminoso e de inúmeras injustiças existe um coletivo de pensadores e militantes negros, que lutam incansavelmente contra esse mal, sendo a Djamila Ribeiro, uma dessas vozes.


Djamila Ribeiro em sua obra intitulada Pequeno Manual Antirracista, lançada pela Editora Companhia das Letras, aponta o racismo como um sistema de opressão que nega direitos, e vai além ao argumentar que a ação antirracista é urgente, diária e que deve ser travada por todas e todos.

O conceito de lugar de fala discute justamente o locus social, isto é, de que ponto as pessoas partem para pensar e existir no mundo, de acordo com as suas experiências em comum.

Assim se reconhecer como racista é um primeiro passo para que possamos mudar. Por mais "amigos negros que tenhamos", em algum momento nós terminamos contribuindo para que o preconceito exista - seja através da omissão, ou até mesmo reproduzindo alguma fala ou atitude, fruto de uma educação que sempre teve como alicerce os objetivos e a visão de um grupo dominante.

O privilégio social resulta no privilégio epistêmico, que deve ser confrontado para que a história não seja contada apenas pelo ponto de vista do poder. É danoso que, numa sociedade, as pessoas não conheçam a história dos povos que a construíram.

Diante disso, a obra da Djamila Ribeiro se torna algo essencial para quem ainda não sabe como mudar de atitude. Pois, no seu Pequeno Manual, a autora apresenta 10 lições que instrui, através de uma linguagem firme, contudo acolhedora, e serve como um convite para conhecermos a causa e um caminho para quem quer fazer parte da luta antirracista. A leitura é muito fluída e rápida, muito por conta da linguagem acessível com que a autora utiliza. Djamila também é muito feliz, em trazer ao longo de todo o livro, referências de autores negros e dados estatísticos que embasam o que está sendo dito.

Pequeno Manual Antirracista nos convida, a todo momento, a refletirmos sobre a sociedade em que vivemos e sobre as nossas ações do cotidiano, através de subtemas como: negritude, branquitude, apropriação cultural, sexualização. Concluída a leitura, nos daremos conta que recebemos como presente, um caminho, que não pretende ser finalístico - como a própria autora informa -, mas sim, algo sugestivo que passa por atitudes que nos farão crescer como cidadãos e, principalmente, seres humanos.


segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Resenha | As Outras Pessoas (C. J. Tudor)


 

"Nós conhecemos a dor. Nós conhecemos a perda. Nós conhecemos a injustiça. Nós dividimos a dor... com aqueles que merecem."

A vida e a morte sempre andam juntas, duas fiéis companheiras que não se decepcionam e faz das pessoas, meras peças de um tabuleiro, ligadas pelo carma e pela imprevisibilidade dos acontecimentos. Essa ligação entre a vida e a morte e a ideia de carma é a chave do novo livro da C. J. Tudor, As Outras Pessoas, que chegou ao Brasil pela editora Intrínseca.

Na trama, acompanhamos a aflição de Gabe, um homem atormentado pelo passado, que se vê diante de uma nova tragédia - o suposto assassinato da esposa e da filha, que ele afirma ter sido sequestrada na mesma noite em que o crime hediondo se abateu sob seu lar. Apegado a um pequeno fiapo de esperança, em que ninguém mais julga ser possível, ele abre mão de tudo, em busca de um carro desaparecido e da tentativa de provar sua sanidade e de uma segunda chance para voltar a viver.

"Na época, o homem magro tinha esperança... Aquele tipo insano de esperança que energiza as pessoas, como uma droga. É tudo o que têm. Elas a consomem como se fosse crack, mesmo quando sabem que a própria esperança se transformou em vício. As pessoas dizem que ódio e amargura vão destruir você, mas estão enganadas. É a esperança. É a esperança que vai devorá-lo de dentro para fora como um parasita..."

Essa foi minha segunda experiência com a escrita de Tudor, a minha primeira foi com o livro O Que Aconteceu com Anne. Assim, pude notar semelhanças entre as obras, a exemplo do mistério que cerca a personagem infantil, o sobrenatural presente na história, a culpa que o personagem principal (do sexo masculino) carrega por algo do passado, os traumas familiares, entre outros. Se em Anne, muitos desses elementos funcionaram, aqui é necessário fazer alguns contrapontos, afinal o desfecho deixa algumas pontas soltas.

O primeiro problema encontrado no livro foi a questão do sobrenatural. A falta de maiores explicações acerca do dom das coprotagonistas, passa a impressão de que essa foi uma estratégia utilizada pela autora somente para relacionar as personagens, forçando uma ligação entre elas muito pouco convincente e que no final termina tirando um pouco do charme da história. Uma outra questão que me incomodou muito foi acerca da investigação oficial, as ações da polícia foi de um amadorismo impressionante, principalmente se considerarmos o tipo de crime trazido na história e todos os personagens envolvidos, sendo que a mudança de postura da detetive principal do caso, não foi bem trabalhada, aparentando que ela pôde agir da maneira que quiser, independente do lugar em que ocupa.

"Ninguém sabe, até ser pressionado, quais são seus verdadeiros limites."

Apesar dos problemas já apontados, As Outras Pessoas é um livro interessante para se ler. A escrita da Tudor, normalmente apresenta um mistério em decorrência de uma tragédia, e isso fisga o leitor já nas primeiras páginas; garantindo uma leitura fluída e que cria muitas expectativas para as páginas finais. Se o desfecho não foi o esperado, o caminho nos reservas muitas surpresas interessantes. Vamos a elas.

C. J. Tudor


A busca de Gabe nos surpreende a todo momento. Seja pela vida solitária e doentia que ele leva, o que nos permite ter uma imagem do desespero de um pai que perdeu tudo; ou ainda, pelo cenário que somos apresentados - os de lanchonete de beira de estrada, locais pouco conhecidos do público fora dos Estados Unidos. Contudo os dois grandes destaques do livro é o local onde encontramos a principal pista para resolver o mistério, a Deep Web e os personagens secundários.

Durante as investigações extraoficiais de Gabe, descobrimos que o grupo que ele busca, só pode ser encontrado na Deep Web - o lado obscuro da internet. Nos trechos trazido pelo livro é interessante sabermos um pouquinho sobre como ela funciona e fica nítido o cuidado que a escritora teve, em buscar informações a respeito do assunto.

"Um presente nunca é só um presente. Às vezes é um pedido de desculpas, às vezes um gesto de amor. Às vezes é uma forma de exercer pressão ou de fazer chantagem emocional. Às vezes é uma forma de diminuir a culpa. Às vezes é uma forma de parecer benevolente. Às vezes é uma demonstração de poder ou riqueza."

Eu diria que é um erro tratar os demais personagens como secundários, pois cada um é de extrema importância para completar o quebra-cabeça e finalizar a história. O núcleo familiar de Katie, demonstra as implicações de nossas escolhas e como os segredos podem salvar ou condenar uma vida; os sogros de Gabe, nos mostra como aqueles que nos são mais próximos, podem nos prejudicar quando a confiança se esvai; e o Samaritano, em como um mero desconhecido pode impactar de forma significativa a nossa vida, além do mais esse personagem é tão misterioso que merecia um livro extra, somente para tratar o arco histórico dele.

As Outras Pessoas tem seus problemas, afinal é apenas o terceiro livro da escritora - e talvez por isso, ela ainda não consiga ter fôlego para entregar um final digno de tudo aquilo que promete durante seu desenvolvimento. Contudo, a obra possui uma trama que garante bons momentos que aceleram o coração e fará o leitor correr para ligar todas as luzes e dar uma conferida se seus filhos estão mesmo por perto.

- Curiosidade

Esse foi o segundo livro da autora trazido primeiramente para os leitores, através do Intrínseco, clube de leitura da Intrínseca, que traz livros inéditos para seus assinantes e só depois lança para o grande público.

 

Citações | As Outras Pessoas (C. J. Tudor)


 

  • "Na época, o homem magro tinha esperança... Aquele tipo insano de esperança que energiza as pessoas, como uma droga. É tudo o que têm. Elas a consomem como se fosse crack, mesmo quando sabem que a própria esperança se transformou em vício. As pessoas dizem que ódio e amargura vão destruir você, mas estão enganadas. É a esperança. É a esperança que vai devorá-lo de dentro para fora como um parasita... - 16
  • "Estar desaparecido é diferente de estar morto. De certa forma, é pior. A morte oferece um fim. A morte dá permissão para o luto. Para fazer um funeral, acender velas e deixar flores num túmulo. Para seguir em frente." - 20
  • "... o amor apaixonado sempre se abranda um pouco. Não tem jeito. Como tudo o mais, o amor deve evoluir. Para sobreviver, sua chama precisa ser baixa e constante, não alta e ardente. - 119
  • "Ninguém sabe, até ser pressionado, quais são seus verdadeiros limites." - 127
  • "Um presente nunca é só um presente. Às vezes é um pedido de desculpas, às vezes um gesto de amor. Às vezes é uma forma de exercer pressão ou de fazer chantagem emocional. Às vezes é uma forma de diminuir a culpa. Às vezes é uma forma de parecer benevolente. Às vezes é uma demonstração de poder ou riqueza." - 232