No mundo
literário, poucos escritores são tão unânimes quanto John Boyne. Dono de uma escrita que cativa e emociona, Boyne também
surpreende pela variedade de temas em que conquista os corações dos leitores
pelo mundo afora.
Depois
do estrondoso sucesso com O Menino do Pijama
Listrado (lançado no Brasil em 2006), Boyne se
aventura pelas navegações marítimas e nos presenteia com O Garoto no
Convés, lançado pela editora Companhia das Letras,
em 2009.
Na
história somos apresentados ao jovem John Jacob Turnstile, um
garoto órfão que sofre dos mais diversos abusos. Na tentativa de se dar bem no
natal, termina sendo preso e recebe uma oferta que mudará para sempre a sua
vida – embarcar a bordo do navio britânico HMS Bounty para uma
importante missão.
No
início da viagem vemos um Turnstile assustado e com a ideia de
fuga, mas na medida que os dias vão passando, ele vai se afeiçoando ao
capitão Bligh e dessa relação paternalista surge um sentimento
de lealdade que faz nosso jovem protagonista amadurecer e fazer planos para o
futuro – as cenas que envolvem esses dois personagens são as melhores do livro,
pois é quando grandes mistérios da obra são revelados.
Vale
destacar que O Garoto no Convés é um romance narrado todo em
primeira pessoa, no caso pelo jovem Turnstile, o que nos
possibilita ser um “tripulante” do Bounty. Divididos em cinco
partes – duas passadas totalmente em alto mar, nas quais é possível conhecermos
os tripulantes e os desafios da vida a bordo de um navio e a sua hierarquia;
uma no Taiti, onde descobrimos a missão dos homens e em como eles são seduzidos
pelas maravilhas da ilha; e ainda, a última parte onde somos presenteados com
um final emocionante e cheio de surpresas. Nosso protagonista reproduz, com
maestria, as tensões dos fatos que viveu e os locais que conheceu, facilitando
para que o leitor se sinta parte dos acontecimentos.
Com
passagens de ação e muita tensão, a primeira metade do livro é bastante
dinâmica. Contudo, na metade final a obra desacelera ficando um pouco maçante
em alguns momentos, mas nada que comprometa a leitura. Essa estrutura funciona
bem para criar uma atmosfera de angústia e desespero, necessárias para a
conclusão da viagem.
O
Garoto no Convés é uma leitura bastante agradável, que
além de apresentar um importante momento histórico, traz uma grande aventura
marítima. Aos leitores que buscam grandes escritores para ler, John
Boyne é uma aposta certeira e com promessa de muitas emoções.
Curiosidades:
– A
obra é baseada em fatos reais. O motim ocorrido
no HMS Bounty é um dos casos mais famosos da marinha
britânica.
– O
fidalgo que dá a oportunidade para que John Jacob mudasse de
vida, Matthiew Zélla, é o protagonista do primeiro romance de John
Boyne, O Ladrão do Tempo.
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