domingo, 25 de fevereiro de 2024

Resenha | Enquanto o Dia Não Vem (Catharina Azevedo)



As relações familiares quando saudáveis permitem que o sujeito se desenvolva e alcance todo seu potencial; quando tóxicas, elas destroem a autoconfiança e faz com que o indivíduo se sinta perdido e medroso diante da vida.

O livro Enquanto o Dia Não Vem, lançado pela editora Urutau, é o romance de estreia da autora baiana Catharina Azevedo, e narra, de maneira magistral, como as relações familiares impactam na vida de uma jovem mulher.

Narrado em primeira pessoa, pelo olhar de Estela, uma das três filhas de Esther, acompanhamos como ela se sente solitária e se afoga numa culpa por algo que aconteceu no passado. Estela é uma personagem profunda, e a todo o momento nos oferece reflexões profundas sobre o que é se tornar mulher em um mundo de ausências, além de outros pensamentos acerca da vida e do ambiente em que vive. É interessante acompanhar como nossa personagem vai se reconstruindo, a partir das experiências que vivência e dos anseios que esconde.

"Por que é sempre tão difícil amar a nós mesmos, entender a nós mesmos?"

Com escolhas acertadas entre o tom e o ritmo, chama atenção a qualidade da escrita da autora. A Catharina sabe o que quer dizer, e com suas palavras firmes, ela conduz o leitor por uma narrativa pesada, mas que é impossível de largar. Outro ponto alto é o cenário. As ruas de Salvador oferecem os escapes perfeitos para a nossa protagonista e tanto a casa em que vive, quanto à loja em que trabalha evocam no leitor, os sentimentos que tomam conta dos personagens.

Enquanto o dia não vem é um romance poderoso, de uma jovem escritora que sabe traduzir em palavras, todos os sentimentos que o mundo nos desperta. É uma história sobre as porradas que a vida nos dá e como reagimos a elas, e ainda, como, por vezes, precisamos romper com as coisas que conhecemos, se quisermos descobrir nossos próprios desejos.

# o livro possui gatilhos de violência sexual e automutilação 

sábado, 27 de janeiro de 2024

Citações | Palavras de Despedida (Benjamin Ferencz)

 

  • “Não importa a circunstância, acredite que, se quiser, você pode fazer algo diferente.” – 30
  • “É importante descobrir pelo que vale a pena lutar, e às vezes é melhor você se libertar de uma situação impossível de resolver.” 35
  • “A felicidade nem sempre vem de coisas materiais... A felicidade de longo prazo vem de realizações, que serão diferentes para cada um de nós... O maior obstáculo para a realização é a comparação... Encontrar um pouco de alegria todos os dias da sua vida sustentará você.” – 38
  • “... você não precisa aceitar que algo seja verdade só porque alguém em uma posição de autoridade lhe disse que é.” – 43
  • “Suas fraquezas se tornam forças se você usá-las para impulsioná-lo.” – 49
  • “Seja compreensivo e apoie as obrigações do seu parceiro, mas vocês também podem e devem reservar algum tempo um para o outro.” – 100
  • “Não rejeita a situação à sua frente porque ela não é perfeita ou não corresponde ao seu sonho.” – 111

sábado, 2 de setembro de 2023

Citações | As Mentiras Que Nos Contaram Sobre Deus (William P. Young)


 

  • “Uma boa pergunta vale mais que mil respostas.” – 10
  • “É comum escolhermos acreditar numa mentira para não deixar a verdade invadir a segurança dos nossos preconceitos e fortalezas de autoproteção. O diálogo não deve ser um exercício de dominação ou certeza; ele é o relacionamento do devido respeito. Todos precisamos de novas maneiras de enxergar.” – 12
  • “O verdadeiro amor encontra realização no outro e, portanto, nunca é cego. A paixão é cega de propósito e só encontra realização no eu e nas necessidades do eu.” – 56
  • “Aquilo em que escolhemos acreditar, mesmo que seja mentira, se torna a nossa experiência.” – 80
  • “Às vezes é preciso uma crise ou uma bifurcação na estrada para chegarmos ao lugar onde somos capazes de abandonar nossa compreensão antiga e defeituosa da realidade e abraçar outra, melhor e mais verdadeira.” – 102
  • “Desenterrar as imaginações que antes valorizávamos e trazer nossas suposições à superfície pode ser doloroso e nos desorientar. É um trabalho duro, mas que vale a pena. Quando mentiras e ideias falsas sobre Deus são expostas, também ficam expostas suas raízes, que têm origem em nossos pensamentos sobre nós mesmos e o próximo... Arrancar ervas daninhas é árduo, mas no fim do dia é gratificante, mesmo que seja apenas a alegria simples de se sentir um pouco mais à vontade sendo quem você é.” – 105
  • “A tristeza é uma reação saudável à perda... nossa tristeza se exprime na forma de arrependimento, com o qual assumimos e compreendemos nossa participação nas perdas da nossa vida, principalmente nas que causamos aos outros. A tristeza é parte da vida real, das perdas reais... A decepção, por outro lado, gira principalmente em torno da imaginação e de expectativas... as expectativas são decepções à espera de acontecer” – 127



sábado, 3 de junho de 2023

domingo, 21 de maio de 2023

Citações | De Volta Para Casa (Seanan Mcguire)

 


  • Nem sempre os pais gostam de admitir que as coisas mudaram. Eles querem que o mundo seja exatamente como era antes de seus filhos terem partido para viverem essas aventuras transformadoras, e, quando o mundo não cede a eles, tentam força-lo a se encaixar nos moldes que construíram para nós.” – 40
  • “Você não deveria fechar uma porta só porque não gosta do que está do outro lado.” – 61
  • “Notamos o silêncio dos homens. Contamos com o silêncio das mulheres.” – 63
  • “Voltar tinha dois significados... Era a melhor coisa do mundo. Também era a pior coisa que poderia acontecer com alguém. Era o retorno a um lugar que nos entendia tão bem que havia cruzado realidades para nos encontrar, clamando-nos como seus e somente seus; e era sermos enviados a uma família que queria nos amar, que queria nos manter a salvo, mas que não nos conhecia bem o bastante para fazer qualquer coisa que não fosse nos magoar. A dualidade da palavra era similar à das portas: elas mudavam vidas, e destruíam vidas, ambas com o mesmo convite simples: Entre e veja.” – 109
  • “... às vezes, assassinatos não têm a ver com corpos nem com os mortos. Estas são as coisas que ficam para trás. Às vezes, o assassinato tem a ver com o que está faltando.” – 141

domingo, 23 de abril de 2023

Resenha | Os Abismos (Pilar Quintana)

 


Os Abismos, da escritora Pilar Quintana, chegou ao Brasil pelo extinto projeto da editora Intrínseca, o Intrínsecos. Narra a história de uma família pelos olhos de Cláudia, uma criança por volta de 8 anos de idade. Na jornada de sua família, Cláudia nos faz refletir sobre como as tragédias familiares afetam os adultos e criam ciclos viciosos; ao deixar a lupa voltada para a mãe, ela nos mostra como a depressão corrói as relações; e como a pequena Cláudia tem inúmeras referências  de mulheres, ela nos mostra como essas personagens foram sucumbindo ao peso das escolhas - muitas vezes feita por outros - e foram se tornando sombras do que eram e abraçando a solidão.

A escolha por uma narradora criança, não é algo inédito no mundo ficcional, seja na literatura ou no cinema, temos muitos exemplos de obras assim: Belfast, Jojo Rabbit, O Jardim Secreto, Anne Globes, entre outros. Tal escolha se mostrou muito acertada, pois permite que os leitores criem uma rápida identificação com a personagem e embarque nessa grande montanha emocional que a história percorre. Contudo, para os menos sensíveis, pode ser motivo de afastamento, considerando que a narrativa não fica linear e nem possui a reflexão necessária para um maior aprofundamento.

A leitura do Os Abismos é dinâmica e com passagens fortes, despertando no leitor uma vontade de abraçar as Cláudias da história - mãe e filha, e assim aliviar o fardo que elas carregam.

Pilar Quintana é uma escritora que sabe captar a sensibilidade do mundo em suas histórias. Em Os Abismos ela vai nos convidar a refletir sobre nossas próprias relações familiares e nos fazer o questionamento de quais bagagens herdamos dos nossos pais e como elas impactam nos adultos que somos?


Resenha | O Que Sobra (Príncipe Harry)

 *Por Camila Moura

Sinopse:

Esta foi uma das imagens mais tocantes do século XX: dois jovens, dois príncipes, caminhando atrás do caixão da mãe, enquanto o mundo acompanhava os eventos com tristeza ― e horror. Conforme Diana, a Princesa de Gales, era sepultada, bilhões de pessoas se perguntavam como se sentiam, e o que pensavam, os príncipes ― e como a vida deles iria se desenrolar a partir daquele momento.
Para Harry, esta é enfim a sua história. Com uma honestidade total e incontornável, O que sobra é um marco editorial, cheio de inspiração, revelações, introspecção e sabedoria, conquistada com muito esforço, no que diz respeito ao eterno poder do amor sobre a perda.

Resenha:

Lançado no Brasil pela editora Objetiva, selo da Companhia das Letras, O Que Sobra é um relato de vida comovente que começa com a perda da mãe e vai até a perda da sua avó, a Rainha Elizabeth. É possível observar que mesmo sendo cercado de luxos e status, a vida do príncipe Harry foi marcada também de perdas e abdicações. 

Durante o livro conhecemos mais do príncipe, da sua vivência no exército, da sua relação conturbada com a imprensa e com a sua família… e o quanto o peso da coroa afetou sua saúde mental e seus relacionamentos amorosos, com amigos, mas acima de tudo, com a sua família.

“De repente, minha energia evaporou. Olhei para Willy, olhei de verdade, talvez pela primeira vez desde que éramos meninos. Absorvi tudo: seu olhar bravo tão familiar, que sempre foi o normal em suas interações comigo; sua calvície alarmante, mais avançada que a minha; sua famosa semelhança com a mamãe, que vinha se dissipando com o passar do tempo. Com a idade. Em certos aspectos, ele era meu espelho, em outros, meu oposto. Meu adorado irmão, meu arqui-inimigo, como isso tinha acontecido?”

          Apesar de conter trechos polêmicos, esse livro foi uma leitura cansativa e repetitiva, pois na maior parte o autor revida os ataques que sofreu da imprensa ao longo da sua vida. Outro ponto que vale ressaltar é que os acontecimentos, em sua maioria, não datados, deixa o leitor um pouco perdido ao longo da leitura.