Ao
longo de sua história a humanidade sempre presenciou guerras de extrema
violência. Entre as inúmeras batalhas travadas em trincheiras longínquas por
exércitos que muitas vezes não sabem pelo que lutam, há aqueles conflitos
diários que nem sempre recebem a atenção devida, mas faz milhões de vítimas.
Existe guerra de tudo quanto é tipo.
Em A
Guerra Que Salvou A Minha Vida, a escritora Kimberly Brubaker
Bradley, nos presenteia com a história da pequena Ada, uma
criança que desde os primeiros anos de vida sofre com o preconceito e a falta
de amor materno.
Kimberly Brubaker Bradley |
Para Ada
Smith, o mundo se resume ao minúsculo apartamento em que sempre viveu e a
janela em que ela tenta interagir com seus vizinhos. Nascida com o pé torto,
logo cedo sua Mãe a rejeitou e com a vergonha de ter uma filha
com essa condição, passou a infernizar a vida da menina – a tornando cárcere no
pequeno cômodo em que mora.
No
entanto nem tudo é escuridão para Ada. Seu irmãozinho, Jaime,
é sua luz. A menina faz de um tudo para protege-lo das garras da Mãe e
se enche de pesar por vê-lo crescer e começa a temer em ser abandonada.
Enquanto isso, Jaime já se sente um homenzinho e em suas
aventuras pelo bairro, ouve falar que as bombas de Hitler cairão
em Londres e as crianças serão enviadas para o interior. É
quando nossa jovem protagonista, cansada de tanto sofrimento e temendo ser
separada do irmão, resolve fazer o que parecia impossível e embarcar numa
grande aventura.
Bradley usa
de muita simplicidade e delicadeza para tratar temas como o preconceito, o
luto, a família, depressão, abandono, imigração. Dando a devida importância
para o desenvolvimento dos personagens, aos poucos vamos descobrindo a guerra
que cada um trava dentro de si e como o amor é capaz de trazer a paz e vencer
os maiores medos.
O
livro além de trazer de forma breve alguns momentos históricos, como o resgate
dos soldados britânicos de Dunquerque e
a evacuação da população inglesa durante a Segunda Guerra; também
traz muitas passagens dolorosas, que nos faz questionar se o mundo voltará a
ser bom novamente. Ao longo da leitura nos apegamos ao desejo de criar um lugar
seguro para a Ada, o Jaime e a Susan e
abraça-los bem apertado.
Assim
como a história dos Smith, podemos dizer que a vida é como uma
costura. Vamos encontrando pelo caminho pequenos pedaços de tecido, que juntos
formam uma bonita peça que nos aquece e nos torna “belos” para o mundo.
A
Guerra Que Salvou a Minha Vida é um livro fantástico,
com o selo da Darkside,
possui uma ternura poucas vezes vista na literatura, e que vai emocionar até os
mais duros dos corações. E não podemos deixar de registrar a lindeza que é a
capa.
Sinopse:
Ada
tem dez anos (ao menos é o que ela acha). A menina nunca saiu de casa, para não
envergonhar a mãe na frente dos outros. Da janela, vê o irmão brincar, correr,
pular – coisas que qualquer criança sabe fazer. Qualquer criança que não tenha
nascido com um “pé torto” como o seu. Trancada num apartamento, Ada cuida da
casa e do irmão sozinha, além de ter que escapar dos maus-tratos diários que
sofre da mãe. Ainda bem que há uma guerra se aproximando.
Os
possíveis bombardeios de Hitler são a oportunidade perfeita para Ada e o caçula
Jamie deixarem Londres e partirem para o interior, em busca de uma vida melhor.
Kimberly
Brubaker Bradley consegue ir muito além do que se convencionou chamar “história
de superação”. Seu livro é um registro emocional e historicamente preciso sobre
a Segunda Guerra Mundial. E de como os grandes conflitos armados afetam a vida
de milhões de inocentes, mesmo longe dos campos de batalha. No caso da pequena
Ada, a guerra começou dentro de casa.
Essa
é uma das belas surpresas do livro: mostrar a guerra pelos olhos de uma menina,
e não pelo ponto de vista de um soldado, que enfrenta a fome e a necessidade de
abandonar seu lar. Assim como a protagonista, milhares de crianças precisaram
deixar a família em Londres na esperança de escapar dos horrores dos
bombardeios.
Vencedor
do Newbery Honor Award, primeiro lugar na lista do New York Times e adotado em
diversas escolas nos Estados Unidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário