sábado, 2 de setembro de 2023

Citações | As Mentiras Que Nos Contaram Sobre Deus (William P. Young)


 

  • “Uma boa pergunta vale mais que mil respostas.” – 10
  • “É comum escolhermos acreditar numa mentira para não deixar a verdade invadir a segurança dos nossos preconceitos e fortalezas de autoproteção. O diálogo não deve ser um exercício de dominação ou certeza; ele é o relacionamento do devido respeito. Todos precisamos de novas maneiras de enxergar.” – 12
  • “O verdadeiro amor encontra realização no outro e, portanto, nunca é cego. A paixão é cega de propósito e só encontra realização no eu e nas necessidades do eu.” – 56
  • “Aquilo em que escolhemos acreditar, mesmo que seja mentira, se torna a nossa experiência.” – 80
  • “Às vezes é preciso uma crise ou uma bifurcação na estrada para chegarmos ao lugar onde somos capazes de abandonar nossa compreensão antiga e defeituosa da realidade e abraçar outra, melhor e mais verdadeira.” – 102
  • “Desenterrar as imaginações que antes valorizávamos e trazer nossas suposições à superfície pode ser doloroso e nos desorientar. É um trabalho duro, mas que vale a pena. Quando mentiras e ideias falsas sobre Deus são expostas, também ficam expostas suas raízes, que têm origem em nossos pensamentos sobre nós mesmos e o próximo... Arrancar ervas daninhas é árduo, mas no fim do dia é gratificante, mesmo que seja apenas a alegria simples de se sentir um pouco mais à vontade sendo quem você é.” – 105
  • “A tristeza é uma reação saudável à perda... nossa tristeza se exprime na forma de arrependimento, com o qual assumimos e compreendemos nossa participação nas perdas da nossa vida, principalmente nas que causamos aos outros. A tristeza é parte da vida real, das perdas reais... A decepção, por outro lado, gira principalmente em torno da imaginação e de expectativas... as expectativas são decepções à espera de acontecer” – 127



sábado, 3 de junho de 2023

domingo, 21 de maio de 2023

Citações | De Volta Para Casa (Seanan Mcguire)

 


  • Nem sempre os pais gostam de admitir que as coisas mudaram. Eles querem que o mundo seja exatamente como era antes de seus filhos terem partido para viverem essas aventuras transformadoras, e, quando o mundo não cede a eles, tentam força-lo a se encaixar nos moldes que construíram para nós.” – 40
  • “Você não deveria fechar uma porta só porque não gosta do que está do outro lado.” – 61
  • “Notamos o silêncio dos homens. Contamos com o silêncio das mulheres.” – 63
  • “Voltar tinha dois significados... Era a melhor coisa do mundo. Também era a pior coisa que poderia acontecer com alguém. Era o retorno a um lugar que nos entendia tão bem que havia cruzado realidades para nos encontrar, clamando-nos como seus e somente seus; e era sermos enviados a uma família que queria nos amar, que queria nos manter a salvo, mas que não nos conhecia bem o bastante para fazer qualquer coisa que não fosse nos magoar. A dualidade da palavra era similar à das portas: elas mudavam vidas, e destruíam vidas, ambas com o mesmo convite simples: Entre e veja.” – 109
  • “... às vezes, assassinatos não têm a ver com corpos nem com os mortos. Estas são as coisas que ficam para trás. Às vezes, o assassinato tem a ver com o que está faltando.” – 141

domingo, 23 de abril de 2023

Resenha | Os Abismos (Pilar Quintana)

 


Os Abismos, da escritora Pilar Quintana, chegou ao Brasil pelo extinto projeto da editora Intrínseca, o Intrínsecos. Narra a história de uma família pelos olhos de Cláudia, uma criança por volta de 8 anos de idade. Na jornada de sua família, Cláudia nos faz refletir sobre como as tragédias familiares afetam os adultos e criam ciclos viciosos; ao deixar a lupa voltada para a mãe, ela nos mostra como a depressão corrói as relações; e como a pequena Cláudia tem inúmeras referências  de mulheres, ela nos mostra como essas personagens foram sucumbindo ao peso das escolhas - muitas vezes feita por outros - e foram se tornando sombras do que eram e abraçando a solidão.

A escolha por uma narradora criança, não é algo inédito no mundo ficcional, seja na literatura ou no cinema, temos muitos exemplos de obras assim: Belfast, Jojo Rabbit, O Jardim Secreto, Anne Globes, entre outros. Tal escolha se mostrou muito acertada, pois permite que os leitores criem uma rápida identificação com a personagem e embarque nessa grande montanha emocional que a história percorre. Contudo, para os menos sensíveis, pode ser motivo de afastamento, considerando que a narrativa não fica linear e nem possui a reflexão necessária para um maior aprofundamento.

A leitura do Os Abismos é dinâmica e com passagens fortes, despertando no leitor uma vontade de abraçar as Cláudias da história - mãe e filha, e assim aliviar o fardo que elas carregam.

Pilar Quintana é uma escritora que sabe captar a sensibilidade do mundo em suas histórias. Em Os Abismos ela vai nos convidar a refletir sobre nossas próprias relações familiares e nos fazer o questionamento de quais bagagens herdamos dos nossos pais e como elas impactam nos adultos que somos?


Resenha | O Que Sobra (Príncipe Harry)

 *Por Camila Moura

Sinopse:

Esta foi uma das imagens mais tocantes do século XX: dois jovens, dois príncipes, caminhando atrás do caixão da mãe, enquanto o mundo acompanhava os eventos com tristeza ― e horror. Conforme Diana, a Princesa de Gales, era sepultada, bilhões de pessoas se perguntavam como se sentiam, e o que pensavam, os príncipes ― e como a vida deles iria se desenrolar a partir daquele momento.
Para Harry, esta é enfim a sua história. Com uma honestidade total e incontornável, O que sobra é um marco editorial, cheio de inspiração, revelações, introspecção e sabedoria, conquistada com muito esforço, no que diz respeito ao eterno poder do amor sobre a perda.

Resenha:

Lançado no Brasil pela editora Objetiva, selo da Companhia das Letras, O Que Sobra é um relato de vida comovente que começa com a perda da mãe e vai até a perda da sua avó, a Rainha Elizabeth. É possível observar que mesmo sendo cercado de luxos e status, a vida do príncipe Harry foi marcada também de perdas e abdicações. 

Durante o livro conhecemos mais do príncipe, da sua vivência no exército, da sua relação conturbada com a imprensa e com a sua família… e o quanto o peso da coroa afetou sua saúde mental e seus relacionamentos amorosos, com amigos, mas acima de tudo, com a sua família.

“De repente, minha energia evaporou. Olhei para Willy, olhei de verdade, talvez pela primeira vez desde que éramos meninos. Absorvi tudo: seu olhar bravo tão familiar, que sempre foi o normal em suas interações comigo; sua calvície alarmante, mais avançada que a minha; sua famosa semelhança com a mamãe, que vinha se dissipando com o passar do tempo. Com a idade. Em certos aspectos, ele era meu espelho, em outros, meu oposto. Meu adorado irmão, meu arqui-inimigo, como isso tinha acontecido?”

          Apesar de conter trechos polêmicos, esse livro foi uma leitura cansativa e repetitiva, pois na maior parte o autor revida os ataques que sofreu da imprensa ao longo da sua vida. Outro ponto que vale ressaltar é que os acontecimentos, em sua maioria, não datados, deixa o leitor um pouco perdido ao longo da leitura.


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Resenha | Razões Para Continuar Vivo (Matt Haig)

 Por Beatriz Barbosa



A obra de Matt Haig, Razões para continuar vivo, da editora Intrínseca, conta sua própria história de luta contra depressão e como reaprendeu a viver. Logo no início ele já traz uma frase que nos deixa impactados.

“Mas, no fim das contas, é preciso mais coragem para viver do que para se matar.”

Confesso que minha curiosidade por esse livro se deu justamente por essa frase. O autor relata que chegou próximo a cometer suicídio e o que realmente era mais difícil no ponto de vista dele, foi escolher se manter vivo, cercado de sentimentos desconhecidos e de difícil compreensão.

Haig confessa o quanto se sentia dependente de Andrea (a mulher que ele dedica esse livro) sua esposa, apenas perto dela ele se sentia melhor e seguro.

O objetivo desse livro é alcançar pessoas que sofrem de ansiedade e depressão, ajudar a compreenderem que não são os únicos a passarem por essa tempestade, apesar de difícil entendimento, esses sentimentos também são vividos por outras pessoas e sim, vale a pena lutar pela vida, por mais difícil que seja.

“Quando estamos deprimidos ou ansiosos, incapazes de sair de casa, ou do sofá, ou de pensar em qualquer outra coisa que não seja depressão, tudo pode ser insuportavelmente difícil. Mas os dias ruins têm gradações. Não são todos igualmente ruins. E os piores, apesar de terríveis de suportar, são úteis mais tarde. Eles são arquivados. Um arquivo de dias ruins (...).”

O autor relata que gastou muito tempo buscando parecer uma pessoa normal, o que dificulta que os outros percebam quando alguém está passando por essa doença. Antes a depressão era conhecida como melancolia e os números de relatos eram menores do que hoje. Mas, Haig acredita que hoje as pessoas se tornaram mais abertas a relatar que é depressivo e por isso o número tem crescido assustadoramente.

A obra apresenta alguns dados da Organização Mundial da Saúde acerca desse grave problema de saúde pública. No reino Unido o suicídio é a principal causa de morte entre os homens com menos de 35 anos. Os índices de suicídio variam de acordo com o país. Na Groenlândia uma pessoa tem a probabilidade 27 vezes maior de se matar em comparação a quem vive na Grécia. Anualmente no Reino Unido um milhão de pessoas se matam. A tentativa de suicídio entre os britânicos varia entre dez e vinte milhões anualmente. Em todo o mundo os homens tem 3 vezes mais chances de cometer suicídio em comparação as mulheres. Porém as mulheres tem o dobro de chances de desenvolver uma grave crise de depressão se comparado ao sexo masculino. Mas os dados apontam que as mulheres buscam bem mais ajuda quando se trata de saúde mental.

Matt diz 10 razões para continuar vivo, a última me fez transbordar e lembrar que existe um mundo a minha espera e que não podemos desistir de viver.

“Um dia você vai sentir uma alegria equivalente a essa dor. Vai derramar lágrimas de euforia ouvindo Beach Boy, observar um rosto de bebê adormecido nos seus braços, fazer grandes amizades, saborear comidas deliciosas que nunca experimentou contemplar a paisagem de um lugar bem alto sem pensar na possibilidade de morrer na queda. Existem livros que você ainda não leu que vão enriquecê-lo, filmes que verá enquanto come sacos gigantes de pipoca, e você vai dançar, rir, fazer sexo e sair para correr à beira do rio e conversar noite adentro e rir até chorar. A vida está esperando você. Você pode está preso aqui por algum tempo, mas o mundo não vai a lugar nenhum. Aguente firme aí se puder. A vida sempre vale a pena”.

A depressão tem uma característica muito dolorosa, fazer a pessoa se sentir sozinha é o seu principal sintoma. Matt traz uma lista de pessoas que não são anônimas e mesmo famosas e cercadas de pessoas lutaram/luta contra a doença, mas não desistiram de fazer coisas maravilhosas, entre elas estão a Princesa Diana (conhecida como a princesa do povo), Robbie Williams, Catherine Zeta-Jones, Izaac Newton, Jim Carey, Angelina Jolie, Anne Hathaway são alguns dos nomes da lista. Reforçando que não basta fama e dinheiro, simplesmente qualquer pessoa pode ter depressão.

A depressão pode ser uma guerra intensa. Um fogo invisível, uma panela de pressão. Um demônio interno. Uma prisão. Uma ausência. Sombria, desesperada e solitária. A depressão também é... Menor que você.

“Sempre, ela é menor que você, mesmo quando parece enorme. Funciona dentro de você, não é você que funciona dentro dela. Pode ser uma nuvem negra passando pelo céu, mas já que a metáfora é está você é o céu. Você chegou antes. E a nuvem não pode existir sem o céu, mas o céu pode existir sem a nuvem”.


Resenha | Herdeiras do Mar (Mary Lynn Bracht)

 Por Camila Moura

SINOPSE:

Quando Hana nasceu, a Coreia já estava sob ocupação japonesa, e por isso a garota sempre foi considerada uma cidadã de segunda classe, com direitos renegados. No entanto, nada diminui o orgulho que tem de sua origem. Assim como sua mãe, Hana é uma haenyeo, ou seja, uma mulher do mar, que trabalha por conta própria seguindo uma tradição secular. Na Ilha de Jeju, onde vivem, elas são as responsáveis pelo mergulho marinho – uma atividade tão perigosa quanto lucrativa, que garante o sustento de toda a comunidade. Como haenyeo, Hana tem independência e coragem, e não há ninguém no mundo que ela ame e proteja mais do que Emi, sua irmã sete anos mais nova. É justamente para salvar Emi de um destino cruel que Hana é capturada por um soldado japonês e enviada para a longínqua região da Manchúria. A Segunda Guerra Mundial estava em curso e, assim como outras centenas de milhares de adolescentes coreanas, Hana se torna uma "mulher de consolo": com apenas dezesseis anos, ela é submetida a uma condição desumana em bordéis militares. Apesar de sofrer as mais inimagináveis atrocidades, Hana é resiliente e não vai desistir do sonho de reencontrar sua amada família caso sobreviva aos horrores da guerra. 

RESENHA:

Herdeiras do mar, da escritora Mary Lynn Bracht, e lançado pela editora Companhia das Letras, foi um livro que me surpreendeu e conquistou um cantinho especial no meu coração. Nele conhecemos a história da Hana, ela é uma haenyeo, conhecidas também como mulheres do mar. Elas trabalham com o mergulho marinho e são responsáveis por garantir o sustento da filha, ou seja, elas mergulham o mais fundo que conseguem em busca de coisas que possam vender.

Assim como Hana e sua mãe, muitas mulheres vivem da mesma forma. Sendo consideradas cidadãs de segunda classe em uma Coréia sob a ocupação Japonesa.

Para salvar sua irmã mais nova de um destino incerto, Hana acaba sendo raptada por soldados e levada para servir como mulher de consolo. Ela é submetida a horrores inimagináveis vivendo em um bordel militar.

O que mais me assustou, foi imaginar quantas “Hanas” existiram em tempos de guerra e o que essas mulheres passaram em um tempo de tanto sofrimento.

Em Herdeiras do Mar conhecemos um lado da guerra que muitos lutam para esconder.


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Resenha | Como Enfrentar um Ditador – A Luta Pelo Nosso Futuro (Maria Ressa)

“A luta do homem contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento.” (Kundera)

As tecnologias sempre foram um marco da evolução humana. Quando bem utilizadas fomos capazes de ver o florescer de sociedades e a harmonia entre os povos. Contudo, quando elas foram empregadas com intenções egoístas e manipuladoras, vimos à derrocada de países e de povos, que sucumbiram a atrocidades e a dominação estrangeira.

Atualmente, temos acompanhado como a propagação de fake News tem sido usada como instrumento de manipulação política – a exemplo do Brasil, com a eleição de Bolsonaro; dos Estados Unidos, com a eleição de Trump; do Brexit da Grã-Bretanha; e da Guerra da Ucrânia, causada pela invasão russa. Fatos estes que poderiam ser evitados, se as redes sociais não fossem utilizadas como instrumento de guerra.

Tal alerta foi feito pela jornalista investigativa e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Maria Ressa. Em seu livro Como Enfrentar um Ditador: A Luta Pelo Nosso Futuro, lançado no Brasil pela editora Companhia das Letras, a autora traz um relato impressionante sobre os diversos atentados que as Democracias têm sofrido, e qual a contribuição das redes sociais – como o Facebook e o Youtube, nesses eventos.

Maria Ressa

A obra foi dividida em três partes, que compreende os anos de 1963 à 2022, nas quais Maria Ressa compartilha sua trajetória como jornalista e sua luta contra a opressão e a censura. É muito interessante acompanhar como ela e suas colaboradoras, através do Rappler – portal filipino de notícias independente - tentam mapear o fenômeno da desinformação que assola o mundo todo.

“Como decidir por que lutar? Às vezes, a escolha não é nossa. Encontramos a razão de nossa luta em decorrência de todas as escolhas que fizemos até aquele ponto. Com sorte, não demoramos a entender que cada decisão que tomamos responde à pergunta com a qual todos nos defrontamos: como dar sentido à nossa vida? Um propósito não é algo que se encontre a cada esquina ou que se peça de presente. Nós o construímos por meio das escolhas que fazemos, dos compromissos que assumimos, das pessoas que amamos, dos valores que prezamos.”

A leitura do Como Enfrentar um ditador é muito dinâmica e realista, com inúmeros dados que dão credibilidade e didática ao que está sendo narrado, chegando a ser profética – já que muito do que foi alertado terminou acontecendo, com o passar dos anos. Ao compartilhar suas memórias, Ressa faz do leitor um protagonista, afinal estamos sempre a acompanhando na linha de frente nesta guerra digital, e nos mantendo muito bem informados sobre tudo que está acontecendo no momento e esse é um grande acerto da autora, já que conseguimos fazer as associações necessárias e conseguimos ver o tema narrado como um todo – com todas as suas ramificações.

Outro ponto alto da narrativa é a franqueza e transparência em trazer os acontecimentos in loco. Assim, o leitor consegue analisar as ocorrências e traçar um perfil próprio dos fatos e das pessoas envolvidas nas ações.

“Quando assumimos um risco, precisamos acreditar que alguém virá em nosso auxílio; e, quando for a nossa vez, estaremos prontos para ajudar outra pessoa. É melhor encarar nosso medo do que fugir dele, porque fugir não vai fazer o medo desaparecer. Quando a gente encara o medo, tem a chance de vencê-lo. Foi assim que comecei a definir a coragem.”

A riqueza de detalhes da obra, associada a temática – jornalismo/comunicação e tecnologia, pode afastar alguns leitores que não tem o hábito de ler biografias e preferem leituras mais fictícias.

Como enfrentar um ditador é o grito urgente que além de denunciar como grandes empresas de comunicação incentivam mentiras e disseminam o ódio através das redes sociais; também é um chamado para que nos unirmos à luta por nossa liberdade. Afinal, o que você está disposto a sacrificar pela verdade?

“Só porque os outros cedem não significa que você também tenha que ceder. Só porque outros se calam não significa que você também tenha que se calar.”
 

Citações | Como Enfrentar um Ditador – A Luta Pelo Nosso Futuro (Maria Ressa)

  • “Estou aqui para me submeter, com alegria, à mais alta penalidade que pode ser infligida a mim, porque a não cooperação com o mal é um dever tanto quanto a cooperação com o bem.” (Gandhi) – 8
  • “Como decidir por que lutar? Às vezes, a escolha não é nossa. Encontramos a razão de nossa luta em decorrência de todas as escolhas que fizemos até aquele ponto. Com sorte, não demoramos a entender que cada decisão que tomamos responde à pergunta com a qual todos nos defrontamos: como dar sentido à nossa vida? Um propósito não é algo que se encontre a cada esquina ou que se peça de presente. Nós o construímos por meio das escolhas que fazemos, dos compromissos que assumimos, das pessoas que amamos, dos valores que prezamos.” – 27
  • “Quando assumimos um risco, precisamos acreditar que alguém virá em nosso auxílio; e, quando for a nossa vez, estaremos prontos para ajudar outra pessoa. É melhor encarar nosso medo do que fugir dele, porque fugir não vai fazer o medo desaparecer. Quando a gente encara o medo, tem a chance de vencê-lo. Foi assim que comecei a definir a coragem.” – 39
  • “O lar é uma questão de raízes emocionais: a cultura, a comida, os valores implícitos, o calor da familiaridade. Você pertence àquele lugar. O lar tem rituais próprios que marcam o decurso do tempo e lhe conferem sentido.” – 55
  • “Quando estamos vulneráveis, criamos os vínculos mais fortes e as possibilidades mais inspiradoras.” – 67
  • “A que ponto somos honestos conosco mesmos?” – 79
  • “... as decisões mais difíceis são aquelas que a própria pessoa deve comunicar. Se você não tiver coragem de dar a notícia às pessoas afetadas pela sua decisão, então pense duas vezes.” – 113
  • “Só porque os outros cedem não significa que você também tenha que ceder. Só porque outros se calam não significa que você também tenha que se calar.” – 219
  • “A luta do homem contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento.” (Kundera) – 317
  • “A gente encontra significado escolhendo onde passar nosso precioso tempo. O que você vai se lembrar são as pessoas cuja vida você tocou e aquelas que mudaram a sua vida.” - 326


Resenha | Até Os Ossos (Camille De Angelis)

 Por Marina Lamim

🚨A obra a seguir pode conter gatilhos - práticas de canibalismo

Maren e sua mãe estão sempre mudando às pressas de cidade, sem se despedir de ninguém e com apenas o essencial na mochila. E o motivo é bastante peculiar: Maren come, literalmente, pessoas.

Ao encontrar a filha com um pedaço de osso, pertencente à sua babá, na boca e o restante ao lado no chão, Janelle percebeu que a vida de ambas não seria fácil.

No entanto, logo após completar dezesseis anos de vida, Maren acorda e vê que a mãe a abandonou. E esse é o ponto de partida da história. Maren não conhece seu pai e ao se ver sozinha, resolve ir em busca de conhecer sua história.

"Não sou mais capaz de proteger você, Maren. Não quando eu devia estar protegendo o resto do mundo de você."

Não conhecia esse livro e confesso que o que me atraiu nele foi a capa. A Suma caprichou na beleza da arte e a diagramação perfeita. 

A escrita da autora é bem fluida e me prendeu desde a primeira página. No entanto, algo no livro me incomodou, julgo ser a tradução. Não conheço o trabalho da tradutora Jana Bianchi, tampouco li na versão original. Mas notei uma brasilidade em algumas falas de um personagem do sul do país, como por exemplo, o uso de gírias "guria" e "piá", que me causou estranheza, uma vez que a história se passa nos EUA e não no Brasil.

O início da história me prendeu demais, mas achei que a narrativa se perdeu do meio para o final. Achei algumas pontas soltas e sem explicação ou conclusão, o que também me causou incomodo.

Vi que saiu uma adaptação cinematográfica baseada no livro, tendo como protagonistas Taylor Russell e Thimothée Chalamet e fiquei curiosa para assistir.

Até os Ossos é um livro original, que se utiliza do terror para abordar temas como amadurecimento, empoderamento e sexualidade. Contudo, mesmo considerando um bom livro pra quem busca um passatempo, para mim está longe de ser uma leitura memorável.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Resenha | Árvore Inexplicável (Carol Chiovatto)

 Por Marina Lamim

SINOPSE:

Diana está terminando o curso de história na USP e mal vê a hora de deixar para trás a rotina cansativa entre Guarulhos, a cidade onde mora, e São Paulo, onde estuda, trabalha e encontra os amigos. Desde jovem, a universitária testemunha fenômenos peculiares que só ela enxerga: breves aparições de uma névoa colorida, próximas a determinadas árvores. Certa noite, diante do quiosque de salgados da faculdade, ela vê uma ocorrência e percebe que não foi a única a presenciar o estranho fenômeno. Quando seus amigos mais próximos revelam segredos que jamais poderia imaginar, Diana descobre que suas visões fazem parte de um ecossistema complexo, alvo de conspirações e jogos de interesse. Agora, ela terá de lutar para proteger espécies ameaçadas – e garantir a segurança daqueles que ama.

RESENHA:

Desde criança Diana enxerga "ocorrências", que aparentemente somente ela enxerga. São névoas coloridas sempre ao redor de uma teia da aranha-fio-de-ouro.

Estudante do último período de História, na USP, um dia ela enxerga esse fenômeno em uma árvore do campus da universidade, mas dessa vez ela observa que outro rapaz também o enxerga.

Esse rapaz é Miguel, irmão do Tiago, melhor amigo de Diana.

Ela resolve o questionar sobre ele ter enxergado também, porém o mesmo nega, fazendo com que ela comece a duvidar de sua sanidade mental.

"Árvore Inexplicável" é uma fantasia urbana que se passa em São Paulo, entre o ano de 2019 e 2020, bem no início da Pandemia do Covid-19 e que chega as livrarias pela Editora Suma, selo da Companhia das Letras.

O que eu mais gostei na história foi essa ambientação atual e a maneira como a escritora, Carol Chiovatto relatou de maneira fidedigna o que estava acontecendo no país à época: hospitais lotados, mortes, quarentena, uso de máscara, incerteza sobre vacina e o descaso do governo com a ciência.

Além de abordar sobre crimes ambientais, correlacionado com corrupção de políticos e o agronegócio.

Achei superinteressantes essas abordagens feitas pela autora, e ler sobre problemas que ocorrem no Brasil trouxe uma boa imersão na história.

Para quem gosta de fantasia com toques de mistério e muita ação, é um prato cheio.

Confesso que não é um gênero que eu curto muito, então as partes do livro com mais ação foram as que eu menos gostei.

No geral, foi uma leitura que eu gostei de ter feito e, principalmente, de ter conhecido a escrita de mais uma autora nacional.




quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Resenha | Carrie Soto está de volta (Taylor Jenkins Reid)

 Por Marina Lamim

Quando a Taylor Jenkins Reid lançou o seu arrasa quarteirões Daisy Jones & The Six, muitos se perguntaram se ela era uma estrela em ascensão ou autora de um único sucesso. Tais questionamentos logo foram respondidos com o maravilhoso Os sete maridos de Evelyn Hugo e assim, a Reid colocou em definitivo seu nome do hall dos grandes escritores.

Demonstrando, mais uma vez, sua versatilidade como escritora, agora ela chega com o Carrie Soto está de volta, em mais uma parceria com a editora Paralela, Selo da Companhia das Letras.

 

Carrie Soto foi uma tenista profissional com recordes invejáveis, chegando a ficar na 1ª posição do ranking mundial por semanas. Mas agora, aposentada, ela está diante de outra jogadora capaz de alcançar seu nível a ponto de desbancá-la. Essa realidade mexe tanto com ela (e principalmente com o seu ego) que decide, aos 37 anos,  retornar às quadras.


Carrie, órfã de mãe desde cedo, é filha de Javier Soto, um famoso tenista argentino que, por conta de lesões no joelho, se viu obrigado a parar de jogar. Obstinado a fazer de sua filha a melhor tenista do mundo, Javier passa a treiná-la desde criança.

 

Como resultado, a vida toda de Carrie foi focada no esporte e, com o apoio do pai, virou também o seu objetivo de vida: Ser a número um do mundo. Mas, do que ela teria que abrir mão pra realizar esse sonho? E no final, será que todo o caminho realmente valeu a pena?

 

"Você diz que dedicou sua vida ao tênis, mas voltou da aposentadoria para ganhar, não para jogar. Foi por isso que ficou todo mundo puto com a sua volta. Você não tem coração".

 De todos os livros que eu li da Taylor, esse sem dúvidas passou longe de ser meu preferido. A escrita, como sempre, impecável, mas a arrogância da personagem principal, a meu ver sem necessidade, me fez me afastou do prazer da leitura. A narrativa, por vezes, achei lenta e repetitiva, com muitas descrições técnicas sobre o esporte em si, o tênis – o que por um lado é bom, pois eu tinha conhecimento zero sobre, mas chegou uma hora que ficou cansativo.

 

Enfim, demorei a engatar na história, mas o final foi bom, o que se mostrou ser acertada a insistência em lê-lo até o fim.


Resenha | Heartstopper - Volumes 1 ao 4 (Alice Oseman)

 Por Marina Lamim

O que faz de uma obra um best-seller?

A forma de se comunicar com os leitores a ponto de fazer com que eles falem sobre isso por muito tempo? O fato de tratar de temas contemporâneos e por isso causar um clamor pela sua relevância? Apresentar personagens marcantes, a ponto dos leitores se apaixonarem e torná-los reais? Tudo isso está presente na HQ Heartstopper, uma coletânea de quatro volumes (até o momento), que chega ao Brasil pela Seguinte,selo da Companhia das Letras.

Com uma história apaixonante e muito bem escrita pela Alice Oseman, vamos conhecer Charlie e todos os dilemas de lidar com a própria sexualidade, em um ambiente difícil como o colegial. Nesse caminho, vamos nos emocionar ao nos depararmos com temas como a amizade, relacionamentos homoafetivos, respeito, representatividade, entre outros assuntos que atraem jovens e adultos.

 Heartstopper Vol. 1 - Dois Garotos, Um Encontro

Charlie é estudante do 1° ano e é gay. Quando contou isso para alguns amigos, logo a escola toda ficou sabendo, e como consequência ele começou a sofrer bullyng.

Nick Nelson, do 2° ano, é atleta do time de Rúgbi e também estuda na mesma escola, o colégio Truham para rapazes.

Charlie e Nick começam uma amizade, de maneira despretensiosa, onde vemos muita sintonia e conexão entre os dois desse o início!

Acompanhamos a paixão nascer entre ambos ao longo das páginas, inclusive a descoberta de Nick ao se ver apaixonado por um menino:

Eu gosto de meninas, mas agora gosto de um menino???? 

E é impossível conter o sorriso durante a leitura 

Uma leitura leve, gostosa, que faz o coração ficar quentinha e em uma edição lindíssima que só a Editora Seguinte, do grupo Companhia das Letras, seria capaz de nos proporcionar!

 

Heartstopper Vol. 2 - Minha Pessoa Favorita


No Vol. 2 de Heartstopper acompanhamos a descoberta de Nick sobre a bissexualidade, num momento em que ele se encontra confuso sobre sua sexualidade:

"Ser bissexual significa que você sente atração por mais de um gênero, não apenas por mulheres ou apenas por homens" 

Um livro que eu achei totalmente necessário e que aborda um assunto muito importante de uma maneira leve.

Nick finalmente se identificou como bissexual e se assumiu para a mãe, com isso percebemos o quão é importante ter uma rede de apoio nesses momentos.

 

 


Heartstopper Vol. 3 - Um Passo Adiante

"Existe essa ideia de que, se você não é hetéro, você TEM que contar pra toda a sua família e seus amigos imediatamente, tipo, como se você devesse isso a eles. Mas não. Você não tem que fazer nada até se sentir pronto".

De fato, as pessoas esperam que quem faz parte da comunidade LGBTQIA+ em algum momento "tem" que sair do armário (eu odeio essa expressão, mas é a que consta nos livros) e se assumir.

E o Nick está nesse dilema. Ele e Charlie estão namorando e querem contar para os amigos, mas não sabem como. Porém, Charlie está com receio do Nick passar por todo o bullyng que ele passou.

Durante uma excursão da escola à Paris, Nick acaba assumindo para um grupo de alunos sobre o namoro dos dois, e se sente muito bem com isso!

Poder ser quem é e sem precisar se esconder é libertador e deveria poder ser normal e não um tabu. Afinal, amor é amor!

A cada volume de Heartstopper eu me apaixono mais e mais pela história e pelas edições da @editoraseguinte  Heartstopper vol. 3

 

Heartstopper Vol. 4 - De Mãos Dadas

Ao longo da viagem à Paris, Nick começou a observar que Charlie apresenta algum "problema" em relação à comida. Ele nota que Charlie não come direito, come muito pouco ou às vezes não come nada.

De uma forma certeira, Alice nos apresenta sobre um problema de saúde mental muito comum, mas pouco discutido: anorexia. 

"Ele precisa de ajuda de um médico ou terapeuta... alguém que entenda se transtornos alimentares e como tratar isso. O amor não pode curar um transtorno mental" 

Charlie está sofrendo com transtornos mentais e com todo o apoio de Nick, ele consegue conversar com os pais e ir em busca de ajuda médica!

A mãe de Nick foi essencial nessa jornada, conversando e o auxiliando sobre como poderia ajudar Charlie a buscar ajuda.

Um tempo internado num Hospital Psiquiátrico foi essencial para que Charlie entendesse melhor sobre seu transtorno e ver o quão importante é buscar ajuda e ter uma rede de apoio!

Heartstopper foi meu primeiro contato com a escritora Alice Oseman e está sendo uma delícia acompanhar! O tipo de história que eu quero que meus futuros filhos leiam.

E já quero os outros volumeeeeeees!!!


Resenha | Bom dia, Verônica (Ilana Casoy e Raphael Montes)

 Por Camila Moura

Sinopse:

Verônica Torres trabalha no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa, da Polícia Civil em São Paulo. É secretária de Carvana, um delegado pouco confiável, e filha de um respeitado policial, que teve um fim trágico e não totalmente esclarecido.
Verônica está afastada de qualquer tipo de investigação, mas, ao presenciar o suicídio de uma mulher em seu trabalho, a fragilidade da vítima e as estranhas circunstâncias que a levaram à delegacia a colocam na trilha de um abusador com requintes de crueldade. Quando recebe uma ligação anônima de uma mulher desesperada, ela seguirá as pistas de uma série de crimes ainda mais sombrios. Janete é uma dona de casa devotada, que obedece Brandão, seu marido, pelo absoluto terror que nutre por ele. Policial militar, ele está acima do bem e do mal e pratica crimes sexuais de extrema violência e sadismo, em que ela é obrigada a participar – primeiro, aliciando mulheres; depois, acompanhando o desenrolar de suas mortes. As vidas de Verônica e Janete se entrecruzam e as levam aos limites da violência e da loucura. Ao narrar suas histórias, Ilana Casoy e Raphael Montes criam um thriller sem paralelos na literatura policial brasileira, com uma trama complexa – e uma investigadora inesquecível.

Resenha:

Essa é a segunda experiência literária que tenho com algo escrito por Raphael Montes, já tinha lido Jantar Secreto e não consigo dizer qual dos dois gostei mais. A participação de Ilana Casoy deu um tom único para essa obra.

O livro Bom dia, Verônica, ganha uma nova roupagem pela editora Companhia das Letras e conta a história de Verônica Torres, uma secretaria do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa, ela é filha de um ex-policial que teve a honra destruída de uma forma não totalmente esclarecida, que acabou obscurecendo a vida de todos ao redor, inclusive a de Verônica.

Em um dia normal de trabalho, a vida de Verônica cruza com uma série de crimes macabros e seu o chefe sendo um policial a beira da aposentadoria, que não está mais nem aí para nada, ignora o seu pedido para fazer uma investigação e então Verônica precisa investigar tudo por baixo dos panos e enfrentar os seus maiores fantasmas. 

“Deitei a cabeça no volante, chorando, como não chorava havia anos. Lembrei-me de Marta encolhida, indefesa, ao lado da máquina pifada; de sua boca horrorosa, tomada pela infecção; de seus olhos assustados, e da sensação que eu mesma já tive de ser desacreditada, ignorada. Ser invisível era uma realidade para muita gente. Marta sabia disso. A ferida, o golpe, o exame, a lenda. Então me lembrei da frase… da frase que ela disse antes de se jogar pela janela. Tudo fazia sentido.”

 Esse livro é uma obra forte, repleta de gatilhos. Leia se você tiver estômago, mas quando começar, você só irá parar quando terminar.


quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Resenha | Eu beijei Shara Wheeler (Casey McQuiston)

 Por Camila Moura

Normalmente um grande livro é aquele que conversa com seus leitores. Que faz com que eles reflitam e se sintam parte de algo maior e a autora Casey McQuiston, que cumprindo isso a risca, a trazer para seus fãs livros sensíveis e que trata da diversidade de uma maneira respeitosa e inclusiva.

Mostrando acerto em continuar com a parceria com a autora, a Seguinte, selo da Companhia das Letras, traz para o Brasil o livro Eu beijei Shara Wheeler, uma obra que apresenta mistério, romance, dramas e personagens apaixonantes.

Chloe Green vive em uma cidade ultraconservadora chamada False Beach, um verdadeiro pesadelo para uma bissexual filha de duas mães, por isso, o sonho da vida dela é finalizar o ensino médio sendo a melhor da escola Willowgrove, ir embora e nunca mais olhar para trás.

Seu único obstáculo é Shara Wheeler, a filha do pastor e diretor da escola, a pessoa mais popular da cidade. Todos amam Shara. Porém, quando falta um pouco mais de um mês para a formatura, Shara simplesmente desaparece e Chloe quer vencê-la olhando nos olhos dela, e assim, começa a busca por Shara.

“Mas, quando ela chegou à porta, Shara tinha sumido, e quando a presidente do grêmio estudantil, Brooklyn Bennett, subiu ao palco para coroar Shara como a rainha do baile, ela ainda estava desaparecida. Ninguém a viu sair, e ninguém a viu desde então, mas seu jeep branco não está na garagem da família Wheeler.”

Antes de desaparecer, Shara beijou três pessoas e deixou bilhetes espalhados pela cidade com pistas indicando onde ela estava e cabe a essas três pessoas totalmente diferentes se juntarem para encontrá-la. Mas e se no meio dessa busca eles descobrem que a Shara não é quem mostra ser e eles não são tão diferentes assim?

Esse livro é uma verdadeira aula sobre a comunidade LGBTQIA+ nos mostrando várias representações e também o impacto que a igreja e a comunidade ultraconservadora tem na formação homofóbica de uma sociedade.

“Seu cérebro às vezes tem dificuldade de entender isso - a ideia de que para a maioria das pessoas daqui, as coisas que ela escuta na aula de Bíblia são reais. Quem ela seria se não tivesse sido criada por duas mães e um pequeno exército de californianos gays de meia idade? E se Willowgrove sempre tivesse sido seu mundo, e as pessoas responsáveis por ele, que deixavam as portas das salas de aula abertas para ela e faziam piadas com ela como se a vissem como uma pessoa, lhe falassem de maneira gentil, mas firme que ela era errada? Que havia algo dentro dela - mesmo que não conseguisse dar um nome - que precisava ser consertado?”


Resenha | Última Parada (Casey McQuiston)

 Por Camila Moura

Sinopse:

Aos vinte e três anos, August Landry tem uma visão bastante cética sobre a vida. Quando se muda para Nova York e passa a dividir apartamento com as pessoas mais excêntricas ― e encantadoras ― que já conheceu, tudo o que quer é construir um futuro sólido e sem surpresas, diferente da vida que teve ao lado da mãe.
Até que Jane aparece. No vagão do metrô, em um dia que tinha tudo para ser um fracasso, August dá de cara com uma garota de jaqueta de couro e jeans rasgado sorrindo para ela. As duas passam a se encontrar o tempo todo e logo se envolvem, mas há um pequeno detalhe: Jane pertence, na verdade, aos anos 1970 e está perdida no tempo ― mais especificamente naquela linha de metrô, de onde nunca consegue sair.
August fará de tudo para ajudá-la, mas para isso terá que confrontar o próprio passado ― e, de uma vez por todas, começar a acreditar que o impossível às vezes pode se tornar realidade.

Resenha:

Casey McQuiston atraiu a atenção internacional e ganhou uma legião de fãs na época do lançamento do seu Vermelho, Branco e Sangue Azul, história que emocionou e fez muita gente suspirar.

Agora, com seu novo lançamento, que chega através da Companhia dasLetras, pelo Selo Seguinte, Última Parada, McQuiston entrega uma obra que mistura romance, suspense e grandes decisões, que não decepcionará seus fãs.

E se o amor da sua vida estivesse presa em um metrô? E se o amor da vida pertencesse a outra época?

É nesse dilema que a August se encontra, aos 23 anos ela se acha a pessoa mais cética do mundo e se acha incapaz de amar e também de ser amada. Devido a problemas familiares, ela resolve se mudar para Nova York para ficar longe de um ambiente que não faz bem para ela.

Na nova cidade, ela divide um apartamento com as pessoas com excêntricas encantadoras do mundo e também acaba conhecendo a Jane, que coloca em questionamento tudo o que a August pensava saber sobre a vida, o universo e o amor.

Mas como nada na vida é perfeito, August descobre que Jane é uma pessoa dos anos 70 que por algum motivo desconhecido, ficou presa na linha Q do metrô de Nova York e com isso, a August não medirá esforços para ajudar Jane, mesmo que isso signifique nunca mais vê-la.

Em Última Parada, a Casey Mcquiston nos oferece a mistura perfeita entre romance no metrô, viagem no tempo, cultura queer e muito amor.


Resenha | Para o Lobo (Hannah Whitten)

 Por Camila Moura

SINOPSE:

O reino de Valleyda não via o nascimento de uma Segunda Filha há cem anos – até a Rainha dar à luz Redarys, ou Red, irmã mais nova de Neverah. Seu propósito de vida é um só: o sacrifício. Ao completar vinte anos, Red se entregará ao temido Lobo em Wilderwood – a floresta que faz fronteira com seu lar –, para cumprir o pacto selado há quatro séculos e garantir a segurança não só de Valleyda, mas também de todos os demais reinos.
Carregando o fardo de um poder que não consegue controlar, Red sempre soube de seu destino e está quase aliviada por cumpri-lo: na floresta, ela não pode machucar aqueles que ama. No entanto, apesar do que dizem as lendas, o Lobo é apenas um homem, não um monstro. E os poderes de Red são um chamado, não uma maldição. Enquanto descobre a verdade por trás dos mitos, a Segunda Filha precisará aprender a controlar sua magia antes que as sombras tomem conta de seu mundo.

Aviso de conteúdo sensível: este livro contém cenas de magia com descrições de automutilação.

RESENHA:

Red nasceu com o seu destino traçado, ela nasceu para o lodo.

          “A primeira filha é para o trono.

A segunda filha é para o lobo.

E os lobos são para Wilderwood”

Como uma segunda filha, ela foi preparada para seguir o seu destino e quando chegasse o momento, Red deveria ir para Wilderwood e ser do lobo.

Tudo isso aconteceu por conta de um pacto que os reis fizeram, eles pediram abrigo nas regiões de Wilderwood e em troca ofereceram tudo o que tinham para a floresta. Wilderwood aceitou o pacto e em troca “Toda segunda filha e todo lobo que vivessem depois deveriam aderir ao pacto e ao chamado e à marca.”

Sempre que Valleyda enviava uma segunda filha, o reino tinha esperança de ser suficiente para fazer os reis voltarem. Será a Red o suficiente para quebrar o pacto e liberar os reis? Isso será capaz de manter a floresta sob controle? São perguntas que ninguém sabe responder, mas é dever da segunda filha tentar.

Quando chega o momento de Red ir cumprir o seu destino, ela acaba descobrindo que possui uma magia capaz de controlar a floresta. O lobo afirma que é a primeira vez que uma segunda filha possui essa magia. Será a salvação ou será a sua perdição?

Para o Lobo, lançamento da Companhia das Letras, através do Selo Suma, foi uma leitura que me surpreendeu, ela nos mostra que toda história possui mais de um lado e nem sempre o lado mais conhecido é o verdadeiro.

Resenha | Uma Rosa Só (Muriel Barbery)

 Por Marina Lamim


Muriel Barbery é escritora de romances e professora de filosofia. Confesso que não conhecia a autora até ver o lançamento do livro Uma só rosa, da Companhia das Letras, e solicitá-lo para a editora.

Pela falta de familiaridade com a escrita da autora, senti certa dificuldade em pegar o ritmo. Barbery tem uma escrita muito poética e, como não poderia ser diferente, filosófica.

No romance Uma só rosa, conhecemos Rose, uma botânica de quarenta anos que mora em Paris. Órfã de mãe, Rose não chegou a conhecer o pai, até que recebe a informação de que precisa viajar até o Japão para a leitura do testamento dele. 

Em Paris, Rose vive uma vida preta e branca. E ao chegar no Japão, mais precisamente em Kyöto, ela passa a enxergar a beleza e as cores das flores. Paul, um rapaz que trabalhou com o pai de Rose durante anos, é o responsável por recepcioná-la e por apresentar um itinerário, o qual deve seguir antes de, por fim, ouvir sobre o testamento.

"Se não estamos prontos para sofrer, não estamos prontos para viver."

Uma história sobre luto, amargura, rancor, descobrimento e perdão. Muriel nos guia por sentimentos numa escrita que, confesso, senti que deve ser feito em doses homeopáticas.

Não se deixe enganar pelas 166 páginas, pois apesar de ser um livro curto, é carregado de emoções.

"O que ele pode me dar agora? O que a ausência e a morte podem dar? Dinheiro? Desculpas? Mesas laqueadas?"

Como humanos, somos movidos por sentimentos e o poder de mudá-los. E para quem busca uma leitura marcante, eu super indico!


quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Citações | Um Mais Um (Jojo Moyes)

 


  • “- As escolhas que você fizer agora vão determinar o resto de sua vida... quando se critica demais alguém, a pessoa, com o tempo, para de dar ouvidos ao que é sensato.” – 150
  • “Quando a pessoa dá duro para chegar a um lugar, é muito bom mostrar aos outros de onde ela é.” - 317

domingo, 22 de janeiro de 2023

Resenha | O Exercício da Incerteza (Drauzio Varella)

 Por Camila Moura

Sinopse:

A medicina não é uma ciência exata. Seu exercício está sujeito a fatores imprevisíveis que variam de paciente a paciente – tendo sempre a finitude humana no horizonte. Essa parcela do imponderável é matéria para o relato de Drauzio Varella, oncologista que se tornou nacionalmente conhecido como um dos primeiros médicos a fazer uso dos canais de comunicação de massa para propagar informações sobre saúde e conscientizar sobre bons hábitos. O autor narra com sensibilidade e franqueza episódios de sua vida a partir do fio da medicina. Por sua prosa fluida, acompanhamos momentos críticos, como a pandemia do HIV e a epidemia de tuberculose nos presídios em que atendia voluntariamente, e outros celebrados, como a bem-sucedida campanha de combate ao uso de drogas injetáveis no Carandiru, que capitaneou. Estas memórias ultrapassam o registro biográfico ao fazer uma reflexão sobre a prática médica, que figura nestas páginas como arte que exige humildade, estudo, empatia e habilidade para atravessar os reveses do acaso.

Resenha:

Drauzio Varella é formado em medicina pela USP, conhecido por seu trabalho na comunicação médica, é autor de inúmeros livros, entre eles o Estação Carandiru, que ganhou o prêmio Jabuti de não ficção.

No seu novo livro, O exercício da incerteza, lançado pela Companhia das Letras, ele traz relatos e memórias da sua vida pessoal e profissional, que vão desde a sua infância até a pandemia de Covid 19.

Nesse livro é possível conhecer mais sobre a vida do Drauzio para além da medicina, mas também conhecemos o trabalho como voluntário dos presídios de São Paulo, como professor e pesquisador.

Em um dos trechos falando sobre a sua infância, conhecemos mais sobre os seus pais e sobre a doença que levou a sua mãe desse plano.

“Eu nunca havia contado essa história - nem para as minhas filhas, nem para minha mulher, nem para minha irmã, que assistira à mesma cena. Que força arrebatadora tem a literatura, capaz de nos fazer revelar experiências tão pessoais, mantidas em segredo por mais de cinquenta anos.” Relata o Drauzio sobre a perda prematura da sua mãe.

Além disso, passamos por períodos críticos da história do Brasil e do mundo, tudo isso relatado sobre o olhar sensível de um médico e ser humano que estava presente na ditadura, na epidemia de HIV, nas pesquisas oncológicas e na pandemia da covid 19.

Sem dúvidas esse livro é uma viagem histórica de uma perspectiva médica, mas com uma linguagem de compreensão universal, uma leitura que todos deveriam fazer.


Resenha | Malibu Renasce (Taylor Jenkins Reid)

 Por Marina Lamim

Sinopse:

Malibu, agosto de 1983. É o dia da festa anual de Nina Riva, e todos anseiam pelo cair da noite e por toda a emoção que ela promete trazer.
A pessoa menos interessada no evento é Nina, que nunca gostou de ser o centro das atenções e acabou de ter o fim do relacionamento com um tenista profissional totalmente explorado pela mídia. Talvez Hud também esteja tenso, pois precisa admitir para o irmão algo que tem mantido em segredo por tempo demais, e parece que esse é o momento. Jay está contando os minutos, pois não vê a hora de encontrar uma menina que não sai de sua cabeça. E Kit também tem seus segredos – e convidado – especiais.
Até a meia-noite, a festa estará completamente fora de controle. O álcool vai fluir, a música vai tocar e segredos acumulados ao longo de gerações vão voltar para assombrar todos – até as primeiras horas do dia, quando a primeira faísca surgir e a mansão Riva for totalmente consumida pelas chamas.

Resenha:


O mundo da literatura nos reserva muitas surpresas. Seja por histórias incríveis, ou acontecimentos grandiosos e ainda por autores, que se mostram fantásticos e atraem uma legião de fãs. Um caso que merece destaque é a Taylor Jenkins Reid, que desde o lançamento do seu Daisy Jones, vem causando um grande rebuliço a cada novo livro que chega nas prateleiras.

Meu primeiro contato com a escrita da Taylor foi com a edição da @taglivros de Os Sete Maridos de Evelyn Hugo e desde então vem se tornando uma das minhas escritoras favoritas!

É impressionante a capacidade que ela tem de desenvolver personagens reais, vívidos e marcantes.

Em Malibu Renasce, trazido para o Brasil pela Editora Companhia das Letras, através do Selo Paralela; a gente acompanha a vida e o crescimento dos 4 filhos - Nina, Jay, Hud e Kit - de um famoso astro de Rock, Mick Riva. Mick foi um dos maridos de Evelyn - outra coisa fantástica que a Taylor faz, cria um universo onde os personagens circulam em diversos livros.

Após a morte precoce da mãe e o abandono do pai, Nina, a mais velha, se vê na obrigação de cuidar dos irmãos mais novos.

"Tarine deu um gole em seu vinho e disse: Acho que você nunca passou um dia na sua vida vivendo só para você".

Uma vida baseada em abdicar de desejos próprios e aceitar o "destino" como a única vida existente.

"Finalmente havia oxigênio suficiente dentro dela para um incêndio começar".

A narrativa intercala o passado e o presente e é um livro para quem gosta de uma boa fofoca (haha é sério), de dramas familiares e de desenvolvimento de personagens.

Malibu Renasce garantiu lugar entre os meus favoritos da Taylor!