domingo, 23 de abril de 2023

Resenha | Os Abismos (Pilar Quintana)

 


Os Abismos, da escritora Pilar Quintana, chegou ao Brasil pelo extinto projeto da editora Intrínseca, o Intrínsecos. Narra a história de uma família pelos olhos de Cláudia, uma criança por volta de 8 anos de idade. Na jornada de sua família, Cláudia nos faz refletir sobre como as tragédias familiares afetam os adultos e criam ciclos viciosos; ao deixar a lupa voltada para a mãe, ela nos mostra como a depressão corrói as relações; e como a pequena Cláudia tem inúmeras referências  de mulheres, ela nos mostra como essas personagens foram sucumbindo ao peso das escolhas - muitas vezes feita por outros - e foram se tornando sombras do que eram e abraçando a solidão.

A escolha por uma narradora criança, não é algo inédito no mundo ficcional, seja na literatura ou no cinema, temos muitos exemplos de obras assim: Belfast, Jojo Rabbit, O Jardim Secreto, Anne Globes, entre outros. Tal escolha se mostrou muito acertada, pois permite que os leitores criem uma rápida identificação com a personagem e embarque nessa grande montanha emocional que a história percorre. Contudo, para os menos sensíveis, pode ser motivo de afastamento, considerando que a narrativa não fica linear e nem possui a reflexão necessária para um maior aprofundamento.

A leitura do Os Abismos é dinâmica e com passagens fortes, despertando no leitor uma vontade de abraçar as Cláudias da história - mãe e filha, e assim aliviar o fardo que elas carregam.

Pilar Quintana é uma escritora que sabe captar a sensibilidade do mundo em suas histórias. Em Os Abismos ela vai nos convidar a refletir sobre nossas próprias relações familiares e nos fazer o questionamento de quais bagagens herdamos dos nossos pais e como elas impactam nos adultos que somos?


Resenha | O Que Sobra (Príncipe Harry)

 *Por Camila Moura

Sinopse:

Esta foi uma das imagens mais tocantes do século XX: dois jovens, dois príncipes, caminhando atrás do caixão da mãe, enquanto o mundo acompanhava os eventos com tristeza ― e horror. Conforme Diana, a Princesa de Gales, era sepultada, bilhões de pessoas se perguntavam como se sentiam, e o que pensavam, os príncipes ― e como a vida deles iria se desenrolar a partir daquele momento.
Para Harry, esta é enfim a sua história. Com uma honestidade total e incontornável, O que sobra é um marco editorial, cheio de inspiração, revelações, introspecção e sabedoria, conquistada com muito esforço, no que diz respeito ao eterno poder do amor sobre a perda.

Resenha:

Lançado no Brasil pela editora Objetiva, selo da Companhia das Letras, O Que Sobra é um relato de vida comovente que começa com a perda da mãe e vai até a perda da sua avó, a Rainha Elizabeth. É possível observar que mesmo sendo cercado de luxos e status, a vida do príncipe Harry foi marcada também de perdas e abdicações. 

Durante o livro conhecemos mais do príncipe, da sua vivência no exército, da sua relação conturbada com a imprensa e com a sua família… e o quanto o peso da coroa afetou sua saúde mental e seus relacionamentos amorosos, com amigos, mas acima de tudo, com a sua família.

“De repente, minha energia evaporou. Olhei para Willy, olhei de verdade, talvez pela primeira vez desde que éramos meninos. Absorvi tudo: seu olhar bravo tão familiar, que sempre foi o normal em suas interações comigo; sua calvície alarmante, mais avançada que a minha; sua famosa semelhança com a mamãe, que vinha se dissipando com o passar do tempo. Com a idade. Em certos aspectos, ele era meu espelho, em outros, meu oposto. Meu adorado irmão, meu arqui-inimigo, como isso tinha acontecido?”

          Apesar de conter trechos polêmicos, esse livro foi uma leitura cansativa e repetitiva, pois na maior parte o autor revida os ataques que sofreu da imprensa ao longo da sua vida. Outro ponto que vale ressaltar é que os acontecimentos, em sua maioria, não datados, deixa o leitor um pouco perdido ao longo da leitura.