segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Resenha | Bom dia, Sr. Mandela (Zelda La Grange)

 


Em parceria com Jagleyde Firmino Rodrigues Lima.

Na história da humanidade poucos líderes foram tão enaltecidos quanto Nelson Mandela. Dono de uma alma inquebravél e de uma grandeza capaz de perdoar seus carcereiros em prol de uma nação, saiu da prisão para se tornar presidente e unificar um país.

A unificação conseguida por Mandela foi possível graças a todo conhecimento que ele adquirido ao longo de sua trajetória, e também por ter ao seu lado uma equipe capaz e pronta para a árdua tarefa. Dentro dessa equipe, se destaca Zelda la Grange, a improvável auxiliar que conquistou a confiança de um dos maiores presidentes que o mundo já viu. A história dessa amizade é contada pela própria Grange no livro Bom dia, Sr. Mandela, trazido ao Brasil pela editora Novo Conceito.

Na obra, "Bom dia, Sr. Mandela", Zelda La Grange, apresenta um relato emocionante sobre como foi conviver ao lado do grande líder humanitário Nelson Mandela, enquanto secretária pessoal. Inicialmente tido como inimigo, o presidente terminou marcando a vida da autora, servindo como um professor que ensinou as mais valiosas lições. Para uma melhor compreensão dos fatos narrados, a autora dividiu o livro em 4(quatro) partes principais - “Se for bom não deixe morrer”; "O começo de uma nova aurora"; "Guardiã do homem mais famoso do mundo" e  " O que vem depois?"; além disso, ela apresenta um prólogo e agradecimentos (também valem a leitura).

No Prólogo, a autora prepara os leitores para o relato que virá a seguir. Ao trazer um breve histórico do panorama político que era a África do Sul nas décadas passadas e a intimidade de "neta" que ela construiu com Mandela, já é possível perceber a forte carga emocional que o livro trará.

A primeira parte da obra se chama "Se for bom não deixe morrer" e aborda acontecimentos ocorridos entre 1970 e 1994. Nele, Grange narra como foi sua infância e como o histórico familiar contribuiu para que ela fosse uma apoiadora do sistema de segregação racial, o Apartheid.

Os anos de 1994 a 1999 são abordados na segunda parte do livro, intitulada "O começo de uma nova aurora". Aqui a autora apresenta como foi o início de trabalho com Nelson Mandela na presidência, os desafios encontrados para formar um governo representativo e a deficiência de ter uma mão de obra qualificada, fruto de uma exclusão educacional no período do Apartheid. Outros pontos que merecem destaque foram à relação próxima que Mandela estabelecia com as pessoas a sua volta, a rotina simples adotada por ele e em como as coisas aconteciam de uma maneira muito veloz, o que constantemente demandava da equipe agilidade na tomada de decisões e necessidade de adaptação frente aos desafios que eram postos.

Em "Guardiã do homem mais famoso do mundo", período compreendido de 1999 a 2008, Grange relata os arranjos que a equipe sempre procurou fazer, ao longo das viagens e na rotina de trabalho, para dar mais conforto a Madiba, afinal ele sempre teve uma saúde frágil, muito por conta dos vinte e sete anos em que esteve preso - esses arranjos, em muitos momentos, eram um desafio muito grande por conta dos inúmeros países que era visitado e também pela imensa comoção que a presença de Mandela causava. Outro destaque trazido pela autora era sobre o planejamento das férias presidenciais e as relações que estabeleceu com alguns dos amigos do presidente - assim alguns a viam com desconfiança por ser branca, outros a respeitavam muito. A autora conta ainda como uma das maiores missões de sua vida, a frente do trabalho com Mandela, foi arrecadar fundos para celebrar o nonagésimo segundo aniversário do presidente - onde se recebia milhões de pessoas de todos os lugares. Essa campanha reflete o legado de Mandela, em promover a igualdade e sempre ajudar o próximo.


A última parte do livro, chamada O que vem depois
?, se passa nos derradeiros anos de vida de Mandela (2009-2013). Podemos ver que ao longo de toda sua vida, Nelson Mandela sempre foi um homem que buscou servir a humanidade com todas as suas forças, o que nem as limitações da idade o impediu de fazer. Nessa fase de despedida, aprendemos um pouco sobre como se deu a transição de governo e as honrarias que foram prestadas a um homem, que inegavelmente, entrou para a história como um dos maiores líderes que o mundo já viu.  

Em tempos em que os negros continuam sendo alvos de todo tipo de discriminação, e em muitos casos, de assassinatos de forma tão torpe e incompreensível; a obra Bom dia, Sr. Mandela cumpre com maestria o propósito de informar e fazer refletirmos sobre as mazelas de um sistema de segregação racial e fortalece a fé na humanidade, afinal quando temos bons líderes, é possível guiar a população no caminho de redenção e prosperidade.

...você fica melhor, sente-se melhor e vive melhor se acredita que nossa humanidade comum é mais importante do que nossas diferenças de interesses.

Curiosidade:



Zelda la Grange nasceu em 29 de outubro de 1970. Ela cresceu na áfrica do sul e fazia parte da população branca que apoiava o sistema de segregação racial.

"Quando se é criança é fácil acreditar que o ambiente é seguro. Talvez se eu tivesse sido oprimida, se não tivesse acesso a uma escola decente, uma casa adequada, eletricidade e água, pudesse ter feito perguntas diferentes, e meu cérebro teria se desenvolvido e se tornado mais inquisitivo sobre a injustiça quando eu era mais jovem..."

Com a queda do Apartheid, viria a se tornar uma das assistentes de confiança de Nelson Mandela, aprendendo a respeitar e a honrar o homem que sempre lhe disseram ser inimigo.

Como formação, ela possui um Diploma Nacional de 3 (três) anos na Universidade de Tecnologia de Tshwane. De 1994 a 1996, ela atuou como datilógrafa de Mary Mxadana, secretária executiva particular de Nelson Mandela, o recém-eleito presidente pós-apartheid da África do Sul. Em 1996, foi promovida a secretária particular assistente e, em 1999, foi novamente promovida a Secretária Particular do Gabinete do Presidente. Ela foi um membro fundador da Fundação Nelson Mandela que serviu como escritório pós-presidencial para Nelson Mandela.


sábado, 6 de fevereiro de 2021

Lidos | Janeiro 2021

Fala, galera! Hoje estou aqui para conversar com vocês sobre os livros que li em Janeiro. O objetivo do ano é sair da zona de conforto, e assim conhecer novos autores, lugares e gêneros. Dentro dessa proposta, dos cinco livros lidos, três foram minha primeira experiência com o autor/autora. Iniciei a jornada com uma história sensível de Suzy buscando dar sentido a uma tragédia que ocorreu em sua vida; visitei os porões da ditadura, através da memória de Caetano Veloso; reencontrei Malala, agora numa história adaptada para jovens leitores; me angustei com os animais em surto no mundo distópico de Zoo; e, continuei com o coração acelerado acompanhando Malorie e sua luta pela sobrevivência.

Confiram abaixo mais detalhes sobre os livros:

Suzy e as Águas-Vivas (Ali Benjamim, Verus)

- Sinopse:

Suzy Swanson está quase certa do real motivo da morte de Franny Jackson. Todos dizem que não há como ter certeza, que algumas coisas simplesmente acontecem. Mas Suzy sabe que deve haver uma explicação — uma explicação científica — para que Franny tenha se afogado.

Assombrada pela perda de sua ex-melhor amiga — e pelo momento final e terrível entre elas —, Suzy se refugia no mundo silencioso de sua imaginação. Convencida de que a morte de Franny foi causada pela ferroada de uma água-viva, ela cria um plano para provar a verdade, mesmo que isso signifique viajar ao outro lado do mundo... sozinha. Enquanto se prepara, Suzy descobre coisas surpreendentes sobre o universo — e encontra amor e esperança bem mais perto do que ela imaginava.

Este romance dolorosamente sensível explora o momento crucial na vida de cada um de nós, quando percebemos pela primeira vez que nem todas as histórias têm final feliz... mas que novas aventuras estão esperando para florescer, às vezes bem à nossa frente.

- Motivos para ler:

Suzy e as Águas-Vivas é um livro que merece ser lido, afinal ele traz temas relevantes - como luto, auto aceitação, transição da infância para a adolescência, bullying - que precisam ser discutidos. Além disso, é uma obra que possui uma escrita curiosa e tem potencial para despertar nos jovens leitores o interesse pela pesquisa científica.

- Curiosidade:

De acordo com o THR, a obra ganhará uma adaptação em breve para os cinemas, tendo como protagonista a queridíssima Millie Bobby Brown (da série Stranger Things), direção de Wanuri Kahiu  e com roteiro da estreante Molly Smith Metzler.

 

Nárciso em Férias (Caetano Veloso, Companhia das Letras)

- Sinopse:

Na madrugada do dia 27 de dezembro de 1968, duas semanas depois de o governo decretar o AI-5, Caetano Veloso e Gilberto Gil foram retirados dos apartamentos onde moravam, no centro de São Paulo, e levados em uma caminhonete ao Rio de Janeiro. Conduzidos por policiais à paisana, eles foram presos sem nenhuma justificativa.

Em Narciso em férias, Caetano Veloso relata o impacto brutal que os 54 dias vividos no cárcere deixariam em sua vida -- não apenas pela dimensão política, mas também pela perspectiva psicológica e artística.

- Motivos para ler:

Essa importante obra de Caetano Veloso nos apresenta aos horrores da ditadura militar. Importante convite para conhecermos um pouco mais sobre a história de nosso país e assim, evitarmos repetir hoje os mesmos erros do passado.

- Curiosidade:

Narciso em férias é o volume avulso do capítulo homônimo de sua outra obra, chamada Verdade tropical. Esta edição inclui uma seção com registros do processo aberto pela ditadura militar contra o cantor e compositor. Esses documentos ficaram guardados no Arquivo Nacional e seriam revelados ao artista pela primeira vez cinquenta anos mais tarde, em 2018.


Malala - Minha História em Defesa dos Direitos das Meninas (Malala Yousafzai, Seguinte)

- Sinopse:

Antes de se tornar uma ativista conhecida no mundo inteiro, Malala era apenas uma garota comum, que vivia com os pais e os irmãos no Paquistão. Quando a região tranquila onde morava foi dominada pelo Talibã, a música virou crime; as mulheres estavam proibidas de frequentar o mercado; e as meninas não deveriam ir à escola. Malala, que desde cedo aprendeu a lutar por aquilo que acreditava, arriscou a vida para defender o direito à educação.

- Motivos para ler:

Desde muito cedo, Malala Yousafzai mostrou que era uma jovem diferenciada. Lutando pelo direito à educação de jovens meninas, desafiou as atrocidades de seu país e mesmo tendo a vida ameaçada, continuou com sua mensagem de esperança. Para os jovens leitores servirá como inspiração e sensibilização para questões mundiais.

- Curiosidade:

Essa obra é uma adaptação para jovens leitores do livro da biografia Eu Sou Malala. Nessa nova roupagem Malala escreve com a co-autoria de Patricia McComirck


Zoo (James Patterson, Arqueiro)

- Sinopse:

Algo está acontecendo na natureza. Uma misteriosa doença começa a se espalhar pelo mundo. Inexplicavelmente, animais passam a caçar humanos e a matá-los de forma brutal. A princípio, parece ser algo que se dissemina apenas entre as criaturas selvagens, mas logo os bichos de estimação também mostram suas garras e as vítimas se multiplicam.

Apavorado, o jovem biólogo Jackson Oz assiste à escalada dos acontecimentos. Ele já prevê esse cenário alarmante há anos, mas sempre foi desacreditado por todos. Depois de quase morrer em uma implausível emboscada de leões em Botsuana, a gravidade da situação se mostra terrivelmente clara.

Com a ajuda da ecologista Chloe Tousignant, Oz inicia uma corrida contra o tempo para alertar os principais líderes mundiais, sem saber se as autoridades acreditarão em um fenômeno tão surreal. Mas, acima de tudo, é necessário descobrir o que está causando todos esses ataques, pois eles se tornam cada vez mais ferozes e orquestrados. Em breve não restará nenhum esconderijo para os humanos.

- Motivos para ler:

Zoo é um livro que possui uma importante mensagem para todos nós. Ele nos questiona que tipo de futuro deixaremos para as próximas gerações; critica os políticos, que estão mais preocupados em manter o próprio status do que o bem do povo; enaltece a importância da ciência, principalmente diante de situações de calamidade pública; e, acima de tudo, engrandece à nossa resiliência, clamando que a gente possa estar sempre refletindo sobre nossas ações, afim de que possamos deixar um legado voltado para o bem comum.

- Curiosidade:

Escrito por James Patterson com a co-autoria de Michael Ledwidge. A obra foi adaptada para uma série de televisão pela CBS, que ganhou três temporadas.


Malorie (Josh Malerman, Intrínseca)

- Sinopse:

Doze anos se passaram desde que Malorie e os filhos atravessaram o rio com vendas no rosto, mas tapar os olhos ainda é uma regra que não podem deixar de seguir. Eles sabem que apenas um vislumbre das criaturas pode levar pessoas comuns a uma violência indescritível. Ainda não há explicação. Nenhuma solução. Tudo o que Malorie pode fazer é sobreviver... e transmitir aos filhos sua determinação. Não se descuidem, diz a eles. Fiquem vendados. E NÃO ABRAM OS OLHOS. Quando eles tomam conhecimento de uma notícia que parecia impossível, Malorie se permite ter esperança pela primeira vez desde o início do surto. Há sobreviventes. Pessoas que ela considerava mortas, mas que talvez estejam vivas. Junto dessa informação, porém, ela acaba descobrindo coisas aterrorizantes: em lugares não tão distantes, alguns afirmam ter capturado as criaturas e feito experimentos. Invenções monstruosas e ideias extremamente perigosas. Além disso, circulam rumores de que as próprias criaturas se transformaram em algo ainda mais assustador. Malorie agora precisa fazer uma escolha angustiante: viver de acordo com as regras de sobrevivência que funcionaram tão bem até então, ou se aventurar na escuridão e buscar a esperança mais uma vez.

- Motivos para ler:

Malorie é um livro que se aproveita dos melhores momentos do seu antecessor para trazer uma história sólida e que se aprofunda na complexidade dos seus personagens principais. O mistério, a paranoia e a brutalidade continuam presentes, agora juntamente com a possibilidade de ter esperanças – elementos que vão agradar tantos aos fãs antigos, quanto àqueles que ainda não conheciam essa distopia do Malerman.

- Curiosidade:

Sequência da obra Caixa de Pássaros.