domingo, 27 de setembro de 2020

Resenha | Nevernight - A Sombra do Corvo (Jay Kristoff)


 
Os livros que amamos nos amam de volta. E assim como nós marcamos a nossa posição nas páginas, as páginas deixam marcas em nós.

Vingança, sangue e um rastro de mortes. Esses são os ingredientes que ditam a guerra entre a luz e a escuridão, na trama do livro Nevernight - A Sombra do Corvo, do autor Jay Kristoff.


Primeiro volume da trilogia Crônicas da Quasinoite, Nevernight - A Sombra do Corvo chega ao Brasil pela editora Plataforma 21. Na história somos apresentados a Mia Corvere, uma jovem que ainda criança viu sua família ser brutalmente assassinada pelo Cônsul Scaeva, em decorrência de uma insurreição, que pretendia por fim a arbitrariedade da República e seus adoradores do Deus Aa (senhor da Luz). Agora, ela quer vingança e as sombras que a habitam estão com fome, mas para alcançar sucesso na sua empreitada nossa jovem precisará descobrir os mistérios da Igreja Vermelha e se tornar uma Lâmina, fiel seguidora de Niah - a Deusa da Noite.

Escuta-me, Niah. Escuta-me, Mãe. Esta carne, o teu banquete. Este sangue, o teu vinho. Esta vida, este fim, minha oferta a ti.
Caro leitor, aqui vai um conselho, se vocês não querem ser atraídos para uma trama na qual as Sombras são protagonistas, as Luzes vilãs; e ainda, repleta de traição, roubos, luxúria e mortes... muitas mortes, não abra esse livro. Pois, já nas primeiras folhas o sangue escorrerá e será impossível largar esse livro alucinante e com personagens misteriosos e ricamente construídos.

Jay Kristoff bebe de fontes inspiradas na idade média e da expansão romana para criar uma distopia onde ninguém está a salvo. A cidade e o sistema político já estão postos, isso incomoda um pouco, pois nos deixa com muitas perguntas sem respostas nesse primeiro volume. Os personagens em si, são uma atração a parte, afinal mesmo que a gente não conheça suas motivações a fundo; sabemos o necessário para nos apegarmos e elegermos os nossos favoritos. As 603 páginas são dividas em três partes e ainda assim, são devoradas em um único fôlego, graças a uma trama repleta de ação e que nos reserva grandes surpresas, capazes de nos deixar de queixo caído e com um ódio mortal, dignos de um verdadeiro Lâmina.

Se você não consegue ferir quem te fere, às vezes serve ferir qualquer um.

Chama atenção na edição da obra, a baixa qualidade das páginas. Apesar da capa ser incrível e ter um bom acabamento, as folhas são finas, o que faz com que os textos de uma se sobressaiam na outra. Também tem um erro ou outro de ortografia, mas nada que atrapalhe a leitura.

Kristoff criou um universo inteiramente novo e incrível, capaz de gerar inúmeras histórias e ainda assim, ser como se fosse nossa primeira visita a ele. A brutalidade da história de Nevernight agradará em cheio aqueles que buscam sangue, mas também chamará atenção dos fãs da idade média e dos amantes de Talkien. 

Marcas de escravo. Tatuagens. Cicatrizes. A sua aparência não muda quem você é por dentro. Eles podem te dar um rosto novo, mas não podem te dar um coração novo. Não importa o que tirem de você, eles só podem tirar se você deixar. Essa é a verdadeira força ... Esse é o verdadeiro poder.

Citações | Nevernight - A Sombra do Corvo (Jay Kristoff)



  • "Um traidor é só um patriota que está do lado errado da vitória." - 158
  • "Se você não consegue ferir quem te fere, às vezes serve ferir qualquer um." - 300
  • "Os livros que amamos nos amam de volta. E assim como nós marcamos a nossa posição nas páginas, as páginas deixam marcas em nós." - 348
  • "Marcas de escravo. Tatuagens. Cicatrizes. A sua aparência não muda quem você é por dentro. Eles podem te dar um rosto novo, mas não podem te dar um coração novo. Não importa o que tirem de você, eles só podem tirar se você deixar. Essa é a verdadeira força ... Esse é o verdadeiro poder." - 407

 

domingo, 20 de setembro de 2020

Resenha | O Verão em que Salvei o Mundo em 65 Dias (Michele Weber Hurwitz)


Não importa o que você sabe, importa o que você acredita. Não dá para desistir, para não tentar.

O mundo em que vivemos está um caos. Pandemia; queimadas; todo tipo de violência; preços orbitantes dos alimentos; e o distanciamento, que deveria ser social para nos proteger, é cada vez mais pessoal – o que gera ansiedade e nos coloca em profunda depressão, num sentimento de solidão que cresce a todo momento.

Diante desse cenário, que mais parece coisa de ficção científica, urge a necessidade de sermos salvos; de que nossos heróis do cinema/quadrinhos se materializem e resolvam todos os problemas. Mas, e se os verdadeiros heróis fossem pessoas anônimas? Pessoas que fazem pequenas boas ações com a esperança de que isso contagie os outros e assim crie uma rede de solidariedade.

e se as coisas ruins não forem tão óbvias? Se forem apenas parte do que está ao nosso redor, mas não conseguíssemos enxergar direito. E se forem nós mesmos? Tipo, o jeito que agimos ou deixamos de agir? … E se a solução for simplesmente o bem? Pequenas coisas simples e boas, coisas que ninguém percebe, tão comuns que se tornam extraordinárias. E se pessoas comuns pudessem ser heróis?

É tendo essa ideia em mente que a autora Michele Weber Hurwitz, nos presenteia com o livro O Verão Em Que Salvei O Mundo em 65 Dias, da editora Rocco Jovens Leitores.

Na trama conhecemos Nina Ross, uma jovem de 13 anos, que está de luto pela perda da avó, a única pessoa que a entendia, e que se sente sozinha, já que seus pais e irmão vivem trabalhando. E também, seus únicos amigos estão bem diferentes do que eram. Certo dia, nossa jovem protagonista resolve ajudar sua vizinha e daí nasce um projeto de verão que mudará para sempre a vida de todos os moradores do bairro. 

Almas antigas … podem não ser as pessoas mais alegres e despreocupadas que existem, mas têm uma chama no coração que fica acesa por um bom tempo.

A obra de Hurwitz é aquele tipo de leitura que a cada página vai aquecendo nosso coração. As dificuldades relatadas no livro são críveis e os personagens causam empatia logo de cara, o que faz com que o leitor tenha uma rápida identificação com a obra. Muitos momentos nos provocam reflexões e entre lições e conselhos sobre temas como amizade, luto, propósito, confiança, responsabilidade e amadurecimento; a pergunta que fica é: apenas com boas ações podemos fazer a diferença no mundo?

O Verão Em Que Salvei O Mundo em 65 Dias, tem uma capa lindíssima e vai fisgar todos àqueles que gostam de ter um colorido como diferencial na estante. Além disso, é uma obra mais necessária do que nunca e nos serve como um convite para refletirmos sobre nossas atitudes e nos inspirar a sermos a mudança que queremos ver no mundo.

Há tantas estrelas em um céu limpo quanto há sonhos em nossos corações.

Citações | O Verão em que Salvei o Mundo em 65 Dias (Michele Weber Hurwitz)

 


  • "Almas antigas ... podem não ser as pessoas mais alegres e despreocupadas que existem, mas têm uma chama no coração que fica acesa por um bom tempo." - 100
  • "... e se as coisas ruins não forem tão óbvias? Se forem apenas parte do que está ao nosso redor, mas não conseguíssemos enxergar direito. E se forem nós mesmos? Tipo, o jeito que agimos ou deixamos de agir? ... E se a solução for simplesmente o bem? Pequenas coisas simples e boas, coisas que ninguém percebe, tão comuns que se tornam extraordinárias. E se pessoas comuns pudessem ser heróis?" - 137
  • "Não importa o que você sabe, importa o que você acredita. Não dá para desistir, para não tentar." - 181
  • "Quando decidimos fazer algo e sabemos que é a coisa certa, não devemos deixar ninguém nos convencer do contrário." - 208
  • "Há tantas estrelas em um céu limpo quanto há sonhos em nossos corações." - 270