quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Citações | O Espadachim de Carvão (Affonso Solano)


 
  • "A distância entre nós e o que desejamos superar deve ser decidida por nós mesmos, e não somente pela natureza...” – 79
  • “... a curiosidade vence o medo de maneira mais eficaz que a bravura.” – 80
  • “... a tendência das pessoas inseguras é ferir ou afastar delas aquilo que não compreendem.” – 82
  • “... o segredo não resiste nos instrumentos, mas na técnica.” – 114
  • “A sabedoria não está em se domar o poder, mas na forma de se utilizá-lo.” - 163

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Resenha | A Casa Assombrada (John Boyne)

 


Entre o céu e a terra, existem mistérios que fogem à compreensão humana. Esses fenômenos inexplicáveis e que são sustentados pela fé foram explorados ao longo dos anos através de produções cinematográficas, literárias, entre outros.

Mostrando toda a sua grandeza como contador de histórias, John Boyne foge da sua zona de conforto e apresenta um enredo de dar calafrios aos seus leitores, no seu livro A Casa Assombrada.

Lançado no Brasil pela Companhia das Letras, a narrativa nos apresenta a jovem Eliza Caine, que após uma grande perda na vida, resolve aceitar um trabalho em outra cidade, a fim de recomeçar e deixar as lembranças triste para trás. Contudo, ela está prestes a descobrir que o mundo real pode ser tão (ou até mais) assustador que os livros que ela tanto ama.

“Somos todos animais sob nossas peles? Mascaramos nossos instintos com palavras bonitas, roupas e comportamento aceitável? Dizem que, se nos entregássemos aos nossos desejos verdadeiros, avançaríamos uns sobre os outros com uma sede de sangue sem precedentes, todos nós.”

A Casa Assombrada é uma leitura frenética. Seu ritmo um tanto cadenciado nas primeiras páginas, ficam longo para trás, abrindo espaço para uma sequência de mistério, investigação e ação - que envolve assassinatos, uma cidade interiorana que resiste a forasteiros e muitos pesadelos; que torna impossível parar de ler.

Ao longo da obra, Boyne mostra toda sua sagacidade, com personagens criados de forma rica em detalhes e que passam para o leitor todas as emoções dos acontecimentos narrados. Além disso, a ambientação do livro é um destaque a parte. A Inglaterra da era vitoriana já oferece um contexto tenebroso e que faz palpitar o coração dos leitores – seja na capital, suja e com uma neblina fantasmagórica; ou ainda no interior, com habitantes pouco acolhedores e com uma áurea misteriosa.

Depois de sucessos como O Menino do Pijama Listrado e O Garoto no Convés, John Boyne mostra toda a sua versatilidade como escritor e traz uma obra capaz de atrair atenção dos fãs mais fervorosos de Stephen King e presentear os desavisados com noites insones.


Citações | A Casa Assombrada (John Boyne)

  • "Somos todos animais sob nossas peles? Mascaramos nossos instintos com palavras bonitas, roupas e comportamento aceitável? Dizem que, se nos entregássemos aos nossos desejos verdadeiros, avançaríamos uns sobre os outros com uma sede de sangue sem precedentes, todos nós.” - 142

 

sábado, 11 de setembro de 2021

Resenha | O Ar Que Me Falta (Luiz Schwarcz)


Para os historiadores as guerras terminam quando a divergência entre as nações é superada. No entanto, esses conflitos deixam como legado devastações que podem durar anos a fio, principalmente nas relações familiares daqueles que lutaram ou foram perseguidos.

O impacto da Segunda Guerra nas relações familiares é um dos temas abordados no livro de memórias O Ar que Me Falta, escrito por Luiz Schwarcz e lançado pela editora Companhia das Letras.

Na obra, Luiz Schwarcz, de família judia e fundador da editora Companhia das Letras, traz um relato emocionante sobre sua própria história. Ao longo da jornada, veremos como a Segunda Guerra impactou na saúde do seu pai, os conflitos culturais que desencadearam uma disputa interna na família, a criação rígida que teve e algumas enfermidades da mãe; que terminaram o levando a um severo quadro de Depressão - que o acompanha até hoje.

O livro de Schwarcz é de leitura difícil, afinal ele traz muitos temas sensíveis. Ao longo de suas páginas vamos sentindo o peso dos acontecimentos e captando toda a melancolia que a obra passa. O escritor, ao longo de 13 capítulos e um epilogo, soube destrinchar os elementos principais de sua jornada, e hora com metáforas e as vezes com o sentimento literal das coisas, passa para o leitor toda a emoção de tudo que viveu.

“Quem tem depressão vive apenas em função do momento. O julgamento é sempre absoluto e no presente... Ao tentar rememorar a pré-história da minha doença, penso agora na minha constante angústia infantil. Era um tempo permeado de medo e silêncio. No entanto, esses sentimentos vinham a seco, pareciam naturais, como se não houvesse motivo que os justificasse ou acompanhasse. Sem ter com quem me comparar, eu provavelmente achava que ter medo era parte intrínseca da existência, que todos sentiam o mesmo que eu.”

No mês em que muito se fala e se conscientiza sobre a questão da saúde mental, a obra O Ar que Me Falta, escrita com muita coragem e sensibilidade pelo Luiz Schwazrcz, nos convida a revisitarmos a nossa própria história e buscar – através de ajuda especializada e apoio dos amigos e familiares - nos reinventarmos, para que assim possamos ressignificar nossos traumas e ter dias mais tranquilos e relações mais saudáveis em nossas vidas.


segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Resenha | Digna de Ser Amada (Amanda Souza)

 * Por Beatriz Barbosa


Amanda Souza é uma jovem psicóloga, de apenas 22 anos, que escreveu o livro Digna de Ser Amada, no qual aborda sua própria experiência a respeito de como trava o próprio corpo. A obra lançada pela editora Vecchio é uma leitura necessária e muito coerente. Nos leva a refletir como temos aprendido a lidar com as críticas e cobranças externas e como isso impacta na forma agressiva como nos relacionamos com nosso corpo e consequentemente nossa imagem.

“Enxergar a mim mesma de um modo tão negativo e inferior só reforçou meus pensamentos de inadequação, falta de valor e fracasso. Tornou-me ainda mais insegura, descrente de mim e cada vez mais dependente de balizas exteriores para assentar os autojulgamentos que fazia.”

A autora relata o quão difícil foi crescer em meio a comparações e palpites de como o corpo dela deveria ficar, o quanto não deveria engordar pois ficaria feia. Inúmeros comentários que a fazia se cobrar e ser cada vez mais exigente com o seu biótipo físico – desenvolvendo assim, transtornos e comportamentos nada saudáveis.

“Assim como muitas garotas, passei boa parte da adolescência/juventude contando calorias e me flagrando inúmeras vezes ajoelhada em frente à privada para vomitar a comida de propósito (...) É uma cena feia e triste, e os sentimentos conseguem ser ainda pior. Uma sensação de desgaste, cansaço, fracasso e ruína (...)”

Amanda ainda acrescenta de forma muito sincera e contundente que

“Eu morro de vergonha de assumir que sempre fui muito boa em me machucar. Não foram apenas vômitos provocados. Minha aversão a mim mesma, a maneira como eu fazia questão de me diminuir e inferiorizar e as crenças autodestrutivas me levaram a relacionamentos nocivos, automutilação, hábitos prejudiciais à saúde, comportamentos de riscos. Era uma tendência à auto agressividade descabida e imerecida (...)”

Durante as últimas décadas o padrão de beleza veio ganhando muita força. Com a nova era digital, com inúmeros efeitos modificadores de imagem, o teor de exigência por uma imagem perfeita vem ganhando cada vez mais espaço e as consequências são altíssimas. Contudo, na realidade não existe corpo padrão, não é possível exigir que em um universo com inúmeros formatos de corpo e rosto, um padrão seja seguido. Assim, cada vez menos preocupados com a saúde, vamos vendo mulheres e homens adoecendo na tentativa de se encaixar e na busca de viver no conforto do autojulgamento.

“O padrão de beleza, ao demarcar a magreza como ideal a ser seguido, faz com que uma quantidade imensa de pessoas fique automaticamente no time dos inadequados. Uma quantidade imensa de pessoas não compõe o esperado e geram lucros estratosféricos na tentativa de se fazer encaixar.”

A obra traz alguns trechos sobre as inúmeras dietas que a autora fazia, sem nenhum acompanhamento profissional, colocando em risco a própria saúde na tentativa de não engordar e/ou perder alguns quilos, mesmo não sendo “gorda” – tudo pela tentativa de atingir uma estrutura corporal que não a pertencia.  As consequências eram frustração, sofrimento, sentimento de fracasso, compulsão, baixa autoestima.

“Desafios alimentares se propagam aos montes na internet sugerindo que por 20 ou 30 dias se siga um cardápio e um projeto de exercício físicos e específicos. Então, ingenuamente nos torturamos com esse breve período, levando nosso corpo a um turbilhão de desajustes metabólicos e orgânicos, e, após o processo voltamos o nosso ritmo normal de funcionamento e ingestão alimentar. E engordamos tudo de novo.”

Começamos a partir desse ponto acreditar que existe alimentos milagrosos e demoníacos. Vivemos uma relação conturbada com a comida.

Já na busca por uma reabilitação e práticas mais saudáveis, a escritora menciona sobre o importante trabalho do nutricionista e o quanto esse profissional está cientificamente embasado para cuidar e tratar.

“Preciso ressaltar que o trabalho da nutrição é inegavelmente importante e as prescrições de dietas feitas a partir de embasamento cientifico são muito diferentes daquilo que vemos no Dr. Google, e que o acompanhamento profissional e responsável é, com certeza capaz de promover resultados satisfatórios, duradouros e transformadores na vida das pessoas por meio de prevenção, promoção e recuperação da saúde. Por isso todo meu respeito aos nutricionistas e seus honrosos trabalhos.”  

Assim como a Amanda Sousa que apesar de ter apenas 22 anos quando escreveu esse livro, de forma corajosa compartilha suas experiências conosco, também temos a necessidade de parar e refletir. Como estamos cuidado de nós nesse momento? Como está sendo a nossa relação com o corpo e a imagem? O caminho não é fácil, mas podemos buscar ajuda através de terapia, nutricionistas, livros sobre o assunto, entre outras ações; que nos tornarão pessoas mais conscientes e saudáveis. Nunca é tarde para voltar para casa.

“Me desculpe por tamanha dificuldade em me sentir satisfeita com seu formato, tamanho e dimensão. Desculpe ser tão agressiva. Tão violenta. Tão negligente. Desculpa te machucar tanto. Desculpa ter feito você cicatrizar feridas que causei de propósito. Desculpa te fazer vomitar comida(...) Quero muito voltar para casa.”


sábado, 4 de setembro de 2021

Resenha | A Vida Perfeita Não Existe (Daiane Garbin)

 * Por Beatriz Barbosa


A história de formação da sociedade humana sempre teve o "protagonismo" de homens "bem-intencionados" que apoiados pelos grupos de poder e dos que detinham a riqueza da época, ditaram costumes, modos e o ideal para a população; relegando às mulheres a um lugar de coadjuvantes - que apesar da resistência, ainda buscam romper com essas amarras. Hoje, esse modelo patriarcal de organização, ainda resiste e tem um importante aliado nas redes sociais. Muitos influenciadores digitais, na busca de likes e recursos, reforçam estereótipos, vendem padrões irreais e uma perfeição produzida pelos inúmeros filtros de aplicativos.

Sobre esse contexto das influências das redes sociais em nossas vidas, a autora Daiana Garbin nos convida à leitura do seu mais novo livro A Vida Perfeita não Existe. Lançado pela editora Sextante, a autora se abre para os leitores e através de um doloroso processo pessoal divide conosco sua jornada à procura de respostas. Com base em estudos, pesquisas, entrevistas com especialistas e depoimentos, ela traça um panorama da frustração que sentimos ao perseguir um tipo de felicidade irreal e mostra como encontrar coragem para adotar uma nova atitude em relação a vida.



A escritora faz uma abordagem sobre os nossos sentimentos mais intimidadores e as nossas dificuldades de lidar com eles. A leitura da obra se parece com uma conversa entre amigas, na qual alguém conta sobre um problema e o que foi feito para chegar nas condições atuais. Esse caminho é desnudado por relatos fortes e emocionantes, tanto da autora como também de alguns de seus leitores, o que nos provoca reconhecimento e compaixão.

Faz parte da natureza humana sentir medo, raiva, ciúmes. Por outro lado, tem sentimento que parece absurdo ser sentido e é um verdadeiro tabu se falar nisso - como a inveja. Em um dos seus relatos, Daiana reconhece que sente inveja desde a infância e o quanto ela sofreu com isso.

“Eu hesitei e depois comecei a chorar; não queria falar alto a palavra “inveja”. Eu não podia sentir aquilo afinal é um sentimento hostil, agressivo. Queria ser uma pessoa boa e, na minha cabeça, pessoas boas não sentem inveja. Mas acabei percebendo que o que sentir naquele momento foi, sim, inveja. Chorei muito, não conseguia me perdoar por algo tão terrível.”

Aprender a reconhecer os nossos sentimentos nos faz ter mais percepção sobre nós mesmos e a partir disso trabalharmos no nosso desenvolvimento. Contudo, para chegar a esse grau de evolução, precisamos rever os nossos condicionamentos, uma vez que desde muito novos, somos ensinados a reprimir os sentimentos ditos ruins e como consequência sentimos vergonha, culpa. Vergonha de ser quem somos, de não ser aceito, não ser amado, de não fazer parte de um grupo social ou de um padrão estético. Uma pessoa não nasce sentindo vergonha, ela é externa, aprendemos a senti-la.

“O que vai ditar as vergonhas que vão se manifestar é tudo aquilo que você aprendeu, ouviu e vivenciou desde a infância (...)”

Garbin se aprofunda nessa questão dos sentimentos que nos é incutido desde a infância, ao abordar sobre as vergonhas direcionadas ao corpo. Nos dias atuais é muito comum nos deparar com pessoas insatisfeitas com o corpo que possui. O corpo deixou de ser um templo sagrado, a nossa casa, o lugar que nós habitamos e virou um inimigo a ser combatido - virou alvo de ataques. Sentimentos de ódio, rejeição, raiva, culpa, vem ganhando espaço e com eles, a dificuldade em olhar o próprio corpo no espelho, características de um transtorno de imagem - no qual a pessoa tem dificuldades em enxergar a sua imagem real e não distorcida pela ideia do que seria perfeito.

“Em meus estudos e pesquisas, descobrir que a vergonha relacionada a imagem corporal é quase unanimidade entre as mulheres e muito presente nas inquietações dos homens. E que a vergonha da forma do corpo é, na verdade, vergonha de algo que aquele corpo viveu ou desejou.”

Existe muitos relatos fortes de mulheres que sentem vergonha do próprio corpo por uma série de motivos: por odiar ser “magra”, por odiar ser “gorda”, pela vergonha de fracassar, não ser boa namorada e nem boa filha... e uma forma de escape/ autopunição que encontram é através da mutilação, outras ficam anoréxicas ou obesas por nojo e culpa de terem sofrido abuso.  Esses fenômenos não se limitam a faixa etária e nem condições financeiras, o que evidencia que a raiz do problema está na forma como aprendemos a nos relacionar com o nosso corpo, com as nossas dores.

“Para lidar com um sofrimento, seja ele qual for, é preciso primeiro perder a vergonha de senti-lo e, ao invés disso, aceita-lo, dar-lhe acolhimento incondicional no lugar de querer fazê-lo desaparecer. Ele já está aqui, não vai sumir sozinho. Suas feridas mais profundas precisam ser reconhecidas, aceitas, tiradas das sombras, para que assim você possa suavizá-las”.

Outro tema abordado no livro é o sentimento de insuficiência. A autora, mesmo tendo sucesso profissional, se sentia incompleta e se enxergava sozinha, desolada, fracassada por coisas que ela não conquistou - como por não ter o corpo magro como desejou ou pelos caminhos profissionais que ela percorreu.

“Perdemos a capacidade de gostar de nós mesmas quando passamos a viver de um jeito perigoso: baseado na comparação, na competição, na inveja, na desqualificação dos outros, idealizando uma vida plena/perfeita e não aceitando que erros, fracassos e vazios são partes inevitáveis da vida.”

Quando comecei a ler esse livro eu não imaginava que Daiana teria tanta razão em dizer o quando esse livro iria incomodar. Passei anos na minha vida me sentindo insuficiente, incompleta e nada em mim bastava. Então eu busquei preencher vazios, sempre buscava ter minha mente ocupada e assim foi por anos. Quando entrei na faculdade eu me dediquei absurdamente, coloquei os estudos acima do meu bem-estar, eu queria alcançar um espaço, eu acreditava que assim eu me sentiria plena e completa. Mas nada disso ainda era bom o suficiente. Eu não me sentia feliz por muito tempo com algo que eu conquistasse, estava sempre presa naquilo que ainda não conquistei.

“Vivemos uma busca eterna por algo que nunca chega. A vida idealizada nunca chega. A felicidade idealizada nunca chega. O corpo idealizado nunca chega. O dinheiro idealizado nunca chega. Estamos perpetuamente angustiados deixando nossa vida passar.”

Daiana ressalta que a vida perfeita realmente não existe, nem para ela, nem para mim e muito menos para você. Somos humanos, temos emoções, sentimos dores, sofremos, coisas boas e ruins acontecem em nossa vida. Pessoas vão embora, outras chegam. Não temos como controlar os acontecimentos. Mas podemos identificar o que sentimos, reconhecer e cuidar com amor e carinho para suavizar.

“Viver de modo respeitoso é saber que posso contar comigo para enfrentar os desafios da vida. É me considerar uma aliada, uma amiga, e não minha pior inimiga. É saber que eu posso me acolher, me respeitar, me abraçar, sentir amor e carinho por mim mesma. É ter coragem e a responsabilidade de aceitar e admitir meus erros e defeitos, meu lado obscuro, e mudar, porque me amo e me respeito.”

Depois de muitas reflexões, relatos, trechos de livros que foram necessários na vida da escritora, ela nos convida a voltar para nossa casa. Nosso corpo estará ali conosco até o final da nossa vida. Mesmo que você não se sinta feliz por ele não ser como gostaria é necessário se olhar com respeito e cuidar da casa que te acolhe todos os dias.


Lidos | Julho e Agosto 2021

Fala, galera! Desculpem pelo sumiço. Em julho entrei de férias e logo em seguida fiquei sem computador, terminei não conseguindo indicar minhas leituras para vocês. Assim, nesse post estão as obras que li nos últimos dois meses.

Vamos a eles:

Árvores dos Desejos (Katherine Applegate, Intrínseca)

- Sinopse:

Red é um carvalho centenário que já viu de tudo um pouco em seus muitos anos de vida. Também é a árvore dos desejos do bairro, e todo ano, no dia 1° de maio, as pessoas amarram em seus galhos fitas ou tiras de tecido com os mais diversos pedidos, sonhos e anseios.

Não é da natureza das árvores se intrometer na vida dos humanos, por isso, Red sempre ouve tudo com muita atenção, em silêncio. Mas então, numa noite fria, o pedido sussurrado da solitária Samar faz Red perceber que talvez tenha chegado a hora de sua voz ser finalmente ouvida.

- Motivos para ler:

A obra é uma fábula moderna que fala sobre o poder da amizade e a empatia. Um livro capaz de aquecer até os mais gélidos dos corações e renovar a esperança de todos aqueles - otimistas - num mundo melhor e mais acolhedor.

- Curiosidade:

Árvore dos Desejos é a mais nova obra da autora Katherine Applegate, que teve seu livro O Grande Ivan, adaptado para as telonas.


Eu, Tituba: Bruxa Negra de Salem (Maryse Condé, Rosa dos Ventos)

- Sinopse:

Tituba, mulher negra, nascida em Barbados, no século XVII, renasce, três séculos depois. Torna-se outra vez real, pelas mãos da premiada escritora Maryse Condé. No início do livro, Maryse Condé anota: “Tituba e eu vivemos uma estreita intimidade durante um ano. Foi no correr de nossas intermináveis conversas que ela me disse essas coisas que ainda não havia confiado a ninguém.” Da mesma forma, quem lê Tituba poderá ouvi-la falar, do invisível, desestabilizando estruturas cristalizadas, mediando novas concepções de identidades e culturas e protegendo as pessoas insurgentes.

Aqui, essa personagem fascinante, é retirada do silêncio a que a historiografia lhe destinou. Filha de uma mulher negra escravizada, viveu cedo o terror de ver a mãe assassinada por se defender do estupro de um homem branco e de saber que o pai se matou por causa do mesmo homem branco. Cresceu sob os cuidados de uma mulher que tinha o poder da cura e que a iniciou nos mistérios. Adulta, apaixonou-se por John Indien e abdicou, por ele, da própria liberdade.

Uma das primeiras mulheres julgadas por praticar bruxaria nos tribunais de Salem, em 1692, Tituba fora escravizada e levada para a Nova Inglaterra pelo pastor Samuel Parris, que a denunciou. Mesmo protegida pelos espíritos, não pôde escapar das mentiras e acusações da histeria puritana daquela época.

- Motivos para ler:

A obra é um resgate histórico de um dos episódios mais tristes de nossa história, quando inúmeras mulheres foram perseguidas e condenadas por conta de supostas práticas de bruxaria.

Mais do que fazer justiça com a personagem de Tituba, que foi apagada da narrativa histórica. O livro é um relato forte e de forma bem direta nos convida a refletir sobre as injustiças e estruturas de poder que busca se manter até os dias atuais, as custas das minorias que são postas na condição de invisibilidade.

- Curiosidade:

Maryse Condé foi vencedora do New Academy Prize 2018 (Prêmio Nobel Alternativo).

 

Dragões de Éter: Estandartes de Névoa (Raphael Draccon, Melhoramentos)

- Sinopse:

Hoje é um dia especial para Nova Ether e para todos leitores e fãs que mantiveram seus Reis, Rainhas, Bruxas e Fadas vivos. Após 13 anos de espera, o desfecho da fantástica série Dragões de Éter ficou pronto.

Estandartes de Névoa traz todas as respostas para os questionamentos e dúvidas até então não resolvidos nos outros livros. Com desfecho surpreendente e inusitado, Raphael Draccon presenteia os leitores com tudo o que pediram e merecem saber sobre o destino de Maria Hanson, Axel Branford e Livith.

O Continente Nascente finalmente é trazido à tona na história, assim como os povos e perigos existentes nele. Também são reveladas a identidade da Virgem de Trigger – destinada a gerar o novo Merlim – e a ascensão do verdadeiro Pendragon!

O mundo de Nova Ether como se conhecia não existe mais. Não apenas mudou, como nunca mais será o mesmo! Chegou a hora de vivermos um último e emocionante sonho, escrito e pensado exclusivamente para você, leitor!

- Motivos para ler:

Depois de 13 anos desde o lançamento do terceiro volume da quadrilogia Dragões de Éter, Raphael Draccon presenteia os fãs com a conclusão de uma história incrível.

A leitura vale tanto pela nostalgia de podermos revisitar um mundo habitado por heróis e personagens que já amamos desde a infância, quanto pela escrita criativa e apaixonante, como só um verdadeiro contador de história é capaz de ter.

- Curiosidade:

Estandarte de Névoa é o quarto volume da quadrilogia Dragões de Éter.

Citações | Dragões de Éter: Estandartes de Névoa (Raphael Draccon)

 

  • "... os sonhos não são fragmentos de momentos. Isso seriam memórias. Os sonhos seriam uma experiência viva; uma experimentação imaginada com certa dificuldade no passado, vivida no presente daquele momento. Enquanto houvesse a vivência esse sonho existiria, antes ou depois de ela concretizada. Quando essa vivência não mais continuasse, ele teria se tornado apenas uma memória.” – 17 e 18
  • “Você já imaginou ... se cada pessoa que sofre uma perda, se cada ser humano neste planeta que passa por uma provação que considera injusta aos seus olhos resolvesse canalizar ódio na direção de algo ou de alguém?” – 58
  • “Aquele ainda era um mundo onde pessoas inocentes pagavam e pessoas culpadas se inocentavam, ao menos até que as inocentes abandonassem a pureza e as culpadas passassem a temê-las.” – 121
  • “Amor é dar de si. Paixão é querer para si.” – 146
  • “... em um céu de um milhão de estrelas, quem se importa se mais uma luz se apagar?” – 151
  • “Existem coisas que podemos ter, mas não podemos manter.” – 192
  • “Todos guardamos o melhor e o pior do mundo dentro de nós. E passamos a vida tentando descobrir o que é real e o que não é dentro de nós.” – 294
  • “No fim das contas, sabe por que a decepção dói tanto? Porque ela nunca vem de um inimigo.” – 299
  • “...uma grama de atitude vale mais que uma tonelada de promessas.” – 390
  • “... quando as correntes caem, os acorrentados descobrem sua força, e aqui estamos, destruindo sem dificuldades todas as ideias de força e superioridade de sua sociedade.” – 407
  • “... a dor purifica mais rápido. Mas o amor purifica mais forte.” – 424
  • “... é mais fácil treinar um homem para chegar ao poder do que treiná-lo para saber o que fazer com o poder.” – 426