"A distância entre nós e o que desejamos superar deve ser decidida por nós mesmos, e não somente pela natureza...” – 79
“... a curiosidade vence o medo de maneira mais eficaz que a bravura.” – 80
“... a tendência das pessoas inseguras é ferir ou afastar delas aquilo que não compreendem.” – 82
“... o segredo não resiste nos instrumentos, mas na técnica.” – 114
“A sabedoria não está em se domar o poder, mas na forma de se utilizá-lo.” - 163
quarta-feira, 29 de setembro de 2021
Citações | O Espadachim de Carvão (Affonso Solano)
segunda-feira, 20 de setembro de 2021
Resenha | A Casa Assombrada (John Boyne)
Entre o céu e a terra, existem
mistérios que fogem à compreensão humana. Esses fenômenos inexplicáveis e que
são sustentados pela fé foram explorados ao longo dos anos através de produções
cinematográficas, literárias, entre outros.
Mostrando toda a sua grandeza
como contador de histórias, John Boyne foge da sua zona de conforto e apresenta
um enredo de dar calafrios aos seus leitores, no seu livro A Casa Assombrada.
Lançado no Brasil pela Companhia
das Letras, a narrativa nos apresenta a jovem Eliza Caine, que após uma grande
perda na vida, resolve aceitar um trabalho em outra cidade, a fim de recomeçar e
deixar as lembranças triste para trás. Contudo, ela está prestes a descobrir
que o mundo real pode ser tão (ou até mais) assustador que os livros que ela
tanto ama.
“Somos todos animais sob nossas peles? Mascaramos nossos instintos com palavras bonitas, roupas e comportamento aceitável? Dizem que, se nos entregássemos aos nossos desejos verdadeiros, avançaríamos uns sobre os outros com uma sede de sangue sem precedentes, todos nós.”
A Casa Assombrada é uma leitura
frenética. Seu ritmo um tanto cadenciado nas primeiras páginas, ficam longo
para trás, abrindo espaço para uma sequência de mistério, investigação e ação -
que envolve assassinatos, uma cidade interiorana que resiste a forasteiros e
muitos pesadelos; que torna impossível parar de ler.
Ao longo da obra, Boyne mostra
toda sua sagacidade, com personagens criados de forma rica em detalhes e que
passam para o leitor todas as emoções dos acontecimentos narrados. Além disso,
a ambientação do livro é um destaque a parte. A Inglaterra da era vitoriana já
oferece um contexto tenebroso e que faz palpitar o coração dos leitores – seja na
capital, suja e com uma neblina fantasmagórica; ou ainda no interior, com
habitantes pouco acolhedores e com uma áurea misteriosa.
Depois de sucessos como O Menino
do Pijama Listrado e O Garoto no Convés, John Boyne mostra toda a sua
versatilidade como escritor e traz uma obra capaz de atrair atenção dos fãs
mais fervorosos de Stephen King e presentear os desavisados com noites insones.
Citações | A Casa Assombrada (John Boyne)
"Somos todos animais sob nossas peles? Mascaramos nossos instintos com palavras bonitas, roupas e comportamento aceitável? Dizem que, se nos entregássemos aos nossos desejos verdadeiros, avançaríamos uns sobre os outros com uma sede de sangue sem precedentes, todos nós.” - 142
sábado, 11 de setembro de 2021
Resenha | O Ar Que Me Falta (Luiz Schwarcz)
Para os historiadores
as guerras terminam quando a divergência entre as nações é superada. No
entanto, esses conflitos deixam como legado devastações que podem durar anos a
fio, principalmente nas relações familiares daqueles que lutaram ou foram
perseguidos.
O impacto da Segunda Guerra nas relações familiares é um dos temas abordados no livro de memórias O Ar que Me Falta, escrito por Luiz Schwarcz e lançado pela editora Companhia das Letras.
Na obra, Luiz Schwarcz,
de família judia e fundador da editora Companhia das Letras, traz um relato
emocionante sobre sua própria história. Ao longo da jornada, veremos como a Segunda Guerra impactou na saúde do seu pai, os
conflitos culturais que desencadearam uma disputa interna na família, a criação
rígida que teve e algumas enfermidades da mãe; que terminaram o levando a um severo
quadro de Depressão - que o acompanha até hoje.
O livro de Schwarcz é
de leitura difícil, afinal ele traz muitos temas sensíveis. Ao longo de suas
páginas vamos sentindo o peso dos acontecimentos e captando toda a melancolia
que a obra passa. O escritor, ao longo de 13 capítulos e um epilogo, soube
destrinchar os elementos principais de sua jornada, e hora com metáforas e as
vezes com o sentimento literal das coisas, passa para o leitor toda a emoção de
tudo que viveu.
“Quem tem depressão vive apenas em função do momento. O julgamento é sempre absoluto e no presente... Ao tentar rememorar a pré-história da minha doença, penso agora na minha constante angústia infantil. Era um tempo permeado de medo e silêncio. No entanto, esses sentimentos vinham a seco, pareciam naturais, como se não houvesse motivo que os justificasse ou acompanhasse. Sem ter com quem me comparar, eu provavelmente achava que ter medo era parte intrínseca da existência, que todos sentiam o mesmo que eu.”
No mês em que muito se
fala e se conscientiza sobre a questão da saúde mental, a obra O Ar que Me
Falta, escrita com muita coragem e sensibilidade pelo Luiz Schwazrcz, nos
convida a revisitarmos a nossa própria história e buscar – através de ajuda
especializada e apoio dos amigos e familiares - nos reinventarmos, para que
assim possamos ressignificar nossos traumas e ter dias mais tranquilos e
relações mais saudáveis em nossas vidas.
segunda-feira, 6 de setembro de 2021
Resenha | Digna de Ser Amada (Amanda Souza)
* Por Beatriz Barbosa
Amanda Souza é uma jovem
psicóloga, de apenas 22 anos, que escreveu o livro Digna de Ser Amada, no qual
aborda sua própria experiência a respeito de como trava o próprio corpo. A obra
lançada pela editora Vecchio é uma leitura necessária e muito coerente. Nos
leva a refletir como temos aprendido a lidar com as críticas e cobranças
externas e como isso impacta na forma agressiva como nos relacionamos com nosso
corpo e consequentemente nossa imagem.
“Enxergar a mim mesma de um modo tão negativo e inferior só reforçou meus pensamentos de inadequação, falta de valor e fracasso. Tornou-me ainda mais insegura, descrente de mim e cada vez mais dependente de balizas exteriores para assentar os autojulgamentos que fazia.”
A autora relata o quão difícil
foi crescer em meio a comparações e palpites de como o corpo dela deveria
ficar, o quanto não deveria engordar pois ficaria feia. Inúmeros comentários
que a fazia se cobrar e ser cada vez mais exigente com o seu biótipo físico –
desenvolvendo assim, transtornos e comportamentos nada saudáveis.
“Assim como muitas garotas, passei boa parte da adolescência/juventude contando calorias e me flagrando inúmeras vezes ajoelhada em frente à privada para vomitar a comida de propósito (...) É uma cena feia e triste, e os sentimentos conseguem ser ainda pior. Uma sensação de desgaste, cansaço, fracasso e ruína (...)”
Amanda ainda acrescenta de forma
muito sincera e contundente que
“Eu morro de vergonha de assumir que sempre fui muito boa em me machucar. Não foram apenas vômitos provocados. Minha aversão a mim mesma, a maneira como eu fazia questão de me diminuir e inferiorizar e as crenças autodestrutivas me levaram a relacionamentos nocivos, automutilação, hábitos prejudiciais à saúde, comportamentos de riscos. Era uma tendência à auto agressividade descabida e imerecida (...)”
Durante as últimas décadas o
padrão de beleza veio ganhando muita força. Com a nova era digital, com
inúmeros efeitos modificadores de imagem, o teor de exigência por uma imagem
perfeita vem ganhando cada vez mais espaço e as consequências são altíssimas. Contudo,
na realidade não existe corpo padrão, não é possível exigir que em um universo
com inúmeros formatos de corpo e rosto, um padrão seja seguido. Assim, cada vez
menos preocupados com a saúde, vamos vendo mulheres e homens adoecendo na
tentativa de se encaixar e na busca de viver no conforto do autojulgamento.
“O padrão de beleza, ao demarcar a magreza como ideal a ser seguido, faz com que uma quantidade imensa de pessoas fique automaticamente no time dos inadequados. Uma quantidade imensa de pessoas não compõe o esperado e geram lucros estratosféricos na tentativa de se fazer encaixar.”
A obra traz alguns trechos sobre
as inúmeras dietas que a autora fazia, sem nenhum acompanhamento profissional,
colocando em risco a própria saúde na tentativa de não engordar e/ou perder
alguns quilos, mesmo não sendo “gorda” – tudo pela tentativa de atingir uma
estrutura corporal que não a pertencia.
As consequências eram frustração, sofrimento, sentimento de fracasso, compulsão,
baixa autoestima.
“Desafios alimentares se propagam aos montes na internet sugerindo que por 20 ou 30 dias se siga um cardápio e um projeto de exercício físicos e específicos. Então, ingenuamente nos torturamos com esse breve período, levando nosso corpo a um turbilhão de desajustes metabólicos e orgânicos, e, após o processo voltamos o nosso ritmo normal de funcionamento e ingestão alimentar. E engordamos tudo de novo.”
Começamos a partir desse ponto
acreditar que existe alimentos milagrosos e demoníacos. Vivemos uma relação
conturbada com a comida.
Já na busca por uma reabilitação
e práticas mais saudáveis, a escritora menciona sobre o importante trabalho do
nutricionista e o quanto esse profissional está cientificamente embasado para
cuidar e tratar.
“Preciso ressaltar que o trabalho da nutrição é inegavelmente importante e as prescrições de dietas feitas a partir de embasamento cientifico são muito diferentes daquilo que vemos no Dr. Google, e que o acompanhamento profissional e responsável é, com certeza capaz de promover resultados satisfatórios, duradouros e transformadores na vida das pessoas por meio de prevenção, promoção e recuperação da saúde. Por isso todo meu respeito aos nutricionistas e seus honrosos trabalhos.”
Assim como a Amanda Sousa que apesar
de ter apenas 22 anos quando escreveu esse livro, de forma corajosa compartilha
suas experiências conosco, também temos a necessidade de parar e refletir. Como
estamos cuidado de nós nesse momento? Como está sendo a nossa relação com o corpo
e a imagem? O caminho não é fácil, mas podemos buscar ajuda através de terapia,
nutricionistas, livros sobre o assunto, entre outras ações; que nos tornarão
pessoas mais conscientes e saudáveis. Nunca é tarde para voltar para casa.
“Me desculpe por tamanha dificuldade em me sentir satisfeita com seu formato, tamanho e dimensão. Desculpe ser tão agressiva. Tão violenta. Tão negligente. Desculpa te machucar tanto. Desculpa ter feito você cicatrizar feridas que causei de propósito. Desculpa te fazer vomitar comida(...) Quero muito voltar para casa.”
sábado, 4 de setembro de 2021
Resenha | A Vida Perfeita Não Existe (Daiane Garbin)
* Por Beatriz Barbosa
A história de formação da sociedade humana sempre teve o "protagonismo" de homens "bem-intencionados" que apoiados pelos grupos de poder e dos que detinham a riqueza da época, ditaram costumes, modos e o ideal para a população; relegando às mulheres a um lugar de coadjuvantes - que apesar da resistência, ainda buscam romper com essas amarras. Hoje, esse modelo patriarcal de organização, ainda resiste e tem um importante aliado nas redes sociais. Muitos influenciadores digitais, na busca de likes e recursos, reforçam estereótipos, vendem padrões irreais e uma perfeição produzida pelos inúmeros filtros de aplicativos.
Sobre esse contexto das influências
das redes sociais em nossas vidas, a autora Daiana Garbin nos convida à leitura
do seu mais novo livro A Vida Perfeita não Existe. Lançado pela editora Sextante,
a autora se abre para os leitores e através de um doloroso processo pessoal
divide conosco sua jornada à procura de respostas. Com base em estudos,
pesquisas, entrevistas com especialistas e depoimentos, ela traça um panorama
da frustração que sentimos ao perseguir um tipo de felicidade irreal e mostra
como encontrar coragem para adotar uma nova atitude em relação a vida.
A escritora faz uma abordagem
sobre os nossos sentimentos mais intimidadores e as nossas dificuldades de
lidar com eles. A leitura da obra se parece com uma conversa entre amigas, na
qual alguém conta sobre um problema e o que foi feito para chegar nas condições
atuais. Esse caminho é desnudado por relatos fortes e emocionantes, tanto da
autora como também de alguns de seus leitores, o que nos provoca reconhecimento
e compaixão.
Faz parte da natureza humana
sentir medo, raiva, ciúmes. Por outro lado, tem sentimento que parece absurdo
ser sentido e é um verdadeiro tabu se falar nisso - como a inveja. Em um dos
seus relatos, Daiana reconhece que sente inveja desde a infância e o quanto ela
sofreu com isso.
“Eu hesitei e depois comecei a chorar; não queria falar alto a palavra “inveja”. Eu não podia sentir aquilo afinal é um sentimento hostil, agressivo. Queria ser uma pessoa boa e, na minha cabeça, pessoas boas não sentem inveja. Mas acabei percebendo que o que sentir naquele momento foi, sim, inveja. Chorei muito, não conseguia me perdoar por algo tão terrível.”
Aprender a reconhecer os nossos
sentimentos nos faz ter mais percepção sobre nós mesmos e a partir disso trabalharmos
no nosso desenvolvimento. Contudo, para chegar a esse grau de evolução,
precisamos rever os nossos condicionamentos, uma vez que desde muito novos, somos
ensinados a reprimir os sentimentos ditos ruins e como consequência sentimos
vergonha, culpa. Vergonha de ser quem somos, de não ser aceito, não ser amado,
de não fazer parte de um grupo social ou de um padrão estético. Uma pessoa não
nasce sentindo vergonha, ela é externa, aprendemos a senti-la.
“O que vai ditar as vergonhas que vão se manifestar é tudo aquilo que você aprendeu, ouviu e vivenciou desde a infância (...)”
Garbin se aprofunda nessa
questão dos sentimentos que nos é incutido desde a infância, ao abordar sobre
as vergonhas direcionadas ao corpo. Nos dias atuais é muito comum nos deparar
com pessoas insatisfeitas com o corpo que possui. O corpo deixou de ser um
templo sagrado, a nossa casa, o lugar que nós habitamos e virou um inimigo a
ser combatido - virou alvo de ataques. Sentimentos de ódio, rejeição, raiva,
culpa, vem ganhando espaço e com eles, a dificuldade em olhar o próprio corpo
no espelho, características de um transtorno de imagem - no qual a pessoa tem
dificuldades em enxergar a sua imagem real e não distorcida pela ideia do que
seria perfeito.
“Em meus estudos e pesquisas, descobrir que a vergonha relacionada a imagem corporal é quase unanimidade entre as mulheres e muito presente nas inquietações dos homens. E que a vergonha da forma do corpo é, na verdade, vergonha de algo que aquele corpo viveu ou desejou.”
Existe muitos relatos fortes
de mulheres que sentem vergonha do próprio corpo por uma série de motivos: por
odiar ser “magra”, por odiar ser “gorda”, pela vergonha de fracassar, não ser
boa namorada e nem boa filha... e uma forma de escape/ autopunição que
encontram é através da mutilação, outras ficam anoréxicas ou obesas por nojo e
culpa de terem sofrido abuso. Esses
fenômenos não se limitam a faixa etária e nem condições financeiras, o que
evidencia que a raiz do problema está na forma como aprendemos a nos relacionar
com o nosso corpo, com as nossas dores.
“Para lidar com um sofrimento, seja ele qual for, é preciso primeiro perder a vergonha de senti-lo e, ao invés disso, aceita-lo, dar-lhe acolhimento incondicional no lugar de querer fazê-lo desaparecer. Ele já está aqui, não vai sumir sozinho. Suas feridas mais profundas precisam ser reconhecidas, aceitas, tiradas das sombras, para que assim você possa suavizá-las”.
Outro tema abordado no livro é
o sentimento de insuficiência. A autora, mesmo tendo sucesso profissional, se
sentia incompleta e se enxergava sozinha, desolada, fracassada por coisas que
ela não conquistou - como por não ter o corpo magro como desejou ou pelos caminhos
profissionais que ela percorreu.
“Perdemos a capacidade de gostar de nós mesmas quando passamos a viver de um jeito perigoso: baseado na comparação, na competição, na inveja, na desqualificação dos outros, idealizando uma vida plena/perfeita e não aceitando que erros, fracassos e vazios são partes inevitáveis da vida.”
Quando comecei a ler esse
livro eu não imaginava que Daiana teria tanta razão em dizer o quando esse
livro iria incomodar. Passei anos na minha vida me sentindo insuficiente,
incompleta e nada em mim bastava. Então eu busquei preencher vazios, sempre
buscava ter minha mente ocupada e assim foi por anos. Quando entrei na
faculdade eu me dediquei absurdamente, coloquei os estudos acima do meu bem-estar,
eu queria alcançar um espaço, eu acreditava que assim eu me sentiria plena e
completa. Mas nada disso ainda era bom o suficiente. Eu não me sentia feliz por
muito tempo com algo que eu conquistasse, estava sempre presa naquilo que ainda
não conquistei.
“Vivemos uma busca eterna por algo que nunca chega. A vida idealizada nunca chega. A felicidade idealizada nunca chega. O corpo idealizado nunca chega. O dinheiro idealizado nunca chega. Estamos perpetuamente angustiados deixando nossa vida passar.”
Daiana ressalta que a vida
perfeita realmente não existe, nem para ela, nem para mim e muito menos para você.
Somos humanos, temos emoções, sentimos dores, sofremos, coisas boas e ruins
acontecem em nossa vida. Pessoas vão embora, outras chegam. Não temos como
controlar os acontecimentos. Mas podemos identificar o que sentimos, reconhecer
e cuidar com amor e carinho para suavizar.
“Viver de modo respeitoso é saber que posso contar comigo para enfrentar os desafios da vida. É me considerar uma aliada, uma amiga, e não minha pior inimiga. É saber que eu posso me acolher, me respeitar, me abraçar, sentir amor e carinho por mim mesma. É ter coragem e a responsabilidade de aceitar e admitir meus erros e defeitos, meu lado obscuro, e mudar, porque me amo e me respeito.”
Depois de muitas reflexões,
relatos, trechos de livros que foram necessários na vida da escritora, ela nos
convida a voltar para nossa casa. Nosso corpo estará ali conosco até o final da
nossa vida. Mesmo que você não se sinta feliz por ele não ser como gostaria é
necessário se olhar com respeito e cuidar da casa que te acolhe todos os dias.
Lidos | Julho e Agosto 2021
Fala, galera! Desculpem pelo sumiço. Em julho entrei de férias e logo em seguida fiquei sem computador, terminei não conseguindo indicar minhas leituras para vocês. Assim, nesse post estão as obras que li nos últimos dois meses.
Vamos a eles:
Árvores
dos Desejos (Katherine Applegate, Intrínseca)
- Sinopse:
Red é um carvalho centenário
que já viu de tudo um pouco em seus muitos anos de vida. Também é a árvore dos
desejos do bairro, e todo ano, no dia 1° de maio, as pessoas amarram em seus
galhos fitas ou tiras de tecido com os mais diversos pedidos, sonhos e anseios.
Não é da natureza das árvores
se intrometer na vida dos humanos, por isso, Red sempre ouve tudo com muita
atenção, em silêncio. Mas então, numa noite fria, o pedido sussurrado da
solitária Samar faz Red perceber que talvez tenha chegado a hora de sua voz ser
finalmente ouvida.
- Motivos para ler:
A obra é uma fábula moderna que
fala sobre o poder da amizade e a empatia. Um livro capaz de aquecer até os
mais gélidos dos corações e renovar a esperança de todos aqueles - otimistas -
num mundo melhor e mais acolhedor.
- Curiosidade:
Árvore dos Desejos é a mais
nova obra da autora Katherine Applegate, que teve seu livro O Grande Ivan,
adaptado para as telonas.
Eu, Tituba: Bruxa Negra de Salem (Maryse Condé, Rosa dos Ventos)
- Sinopse:
Tituba, mulher negra, nascida
em Barbados, no século XVII, renasce, três séculos depois. Torna-se outra vez
real, pelas mãos da premiada escritora Maryse Condé. No início do livro, Maryse
Condé anota: “Tituba e eu vivemos uma estreita intimidade durante um ano. Foi
no correr de nossas intermináveis conversas que ela me disse essas coisas que
ainda não havia confiado a ninguém.” Da mesma forma, quem lê Tituba poderá
ouvi-la falar, do invisível, desestabilizando estruturas cristalizadas,
mediando novas concepções de identidades e culturas e protegendo as pessoas
insurgentes.
Aqui, essa personagem
fascinante, é retirada do silêncio a que a historiografia lhe destinou. Filha
de uma mulher negra escravizada, viveu cedo o terror de ver a mãe assassinada
por se defender do estupro de um homem branco e de saber que o pai se matou por
causa do mesmo homem branco. Cresceu sob os cuidados de uma mulher que tinha o
poder da cura e que a iniciou nos mistérios. Adulta, apaixonou-se por John
Indien e abdicou, por ele, da própria liberdade.
Uma das primeiras mulheres julgadas
por praticar bruxaria nos tribunais de Salem, em 1692, Tituba fora escravizada
e levada para a Nova Inglaterra pelo pastor Samuel Parris, que a denunciou.
Mesmo protegida pelos espíritos, não pôde escapar das mentiras e acusações da
histeria puritana daquela época.
- Motivos para ler:
A obra é um resgate histórico
de um dos episódios mais tristes de nossa história, quando inúmeras mulheres
foram perseguidas e condenadas por conta de supostas práticas de bruxaria.
Mais do que fazer justiça com
a personagem de Tituba, que foi apagada da narrativa histórica. O livro é um
relato forte e de forma bem direta nos convida a refletir sobre as injustiças e
estruturas de poder que busca se manter até os dias atuais, as custas das
minorias que são postas na condição de invisibilidade.
- Curiosidade:
Maryse Condé foi vencedora do
New Academy Prize 2018 (Prêmio Nobel Alternativo).
Dragões
de Éter: Estandartes de Névoa (Raphael Draccon, Melhoramentos)
- Sinopse:
Hoje é um dia especial para
Nova Ether e para todos leitores e fãs que mantiveram seus Reis, Rainhas,
Bruxas e Fadas vivos. Após 13 anos de espera, o desfecho da fantástica série
Dragões de Éter ficou pronto.
Estandartes de Névoa traz
todas as respostas para os questionamentos e dúvidas até então não resolvidos
nos outros livros. Com desfecho surpreendente e inusitado, Raphael Draccon
presenteia os leitores com tudo o que pediram e merecem saber sobre o destino
de Maria Hanson, Axel Branford e Livith.
O Continente Nascente
finalmente é trazido à tona na história, assim como os povos e perigos
existentes nele. Também são reveladas a identidade da Virgem de Trigger –
destinada a gerar o novo Merlim – e a ascensão do verdadeiro Pendragon!
O mundo de Nova Ether como se
conhecia não existe mais. Não apenas mudou, como nunca mais será o mesmo!
Chegou a hora de vivermos um último e emocionante sonho, escrito e pensado
exclusivamente para você, leitor!
- Motivos para ler:
Depois de 13 anos desde o
lançamento do terceiro volume da quadrilogia Dragões de Éter, Raphael Draccon
presenteia os fãs com a conclusão de uma história incrível.
A leitura vale tanto pela
nostalgia de podermos revisitar um mundo habitado por heróis e personagens que
já amamos desde a infância, quanto pela escrita criativa e apaixonante, como só
um verdadeiro contador de história é capaz de ter.
- Curiosidade:
Estandarte de Névoa é o quarto
volume da quadrilogia Dragões de Éter.
Citações | Dragões de Éter: Estandartes de Névoa (Raphael Draccon)
"... os sonhos não são fragmentos de momentos. Isso seriam memórias. Os sonhos seriam uma experiência viva; uma experimentação imaginada com certa dificuldade no passado, vivida no presente daquele momento. Enquanto houvesse a vivência esse sonho existiria, antes ou depois de ela concretizada. Quando essa vivência não mais continuasse, ele teria se tornado apenas uma memória.” – 17 e 18
“Você já imaginou ... se cada pessoa que sofre uma perda, se cada ser humano neste planeta que passa por uma provação que considera injusta aos seus olhos resolvesse canalizar ódio na direção de algo ou de alguém?” – 58
“Aquele ainda era um mundo onde pessoas inocentes pagavam e pessoas culpadas se inocentavam, ao menos até que as inocentes abandonassem a pureza e as culpadas passassem a temê-las.” – 121
“Amor é dar de si. Paixão é querer para si.” – 146
“... em um céu de um milhão de estrelas, quem se importa se mais uma luz se apagar?” – 151
“Existem coisas que podemos ter, mas não podemos manter.” – 192
“Todos guardamos o melhor e o pior do mundo dentro de nós. E passamos a vida tentando descobrir o que é real e o que não é dentro de nós.” – 294
“No fim das contas, sabe por que a decepção dói tanto? Porque ela nunca vem de um inimigo.” – 299
“...uma grama de atitude vale mais que uma tonelada de promessas.” – 390
“... quando as correntes caem, os acorrentados descobrem sua força, e aqui estamos, destruindo sem dificuldades todas as ideias de força e superioridade de sua sociedade.” – 407
“... a dor purifica mais rápido. Mas o amor purifica mais forte.” – 424
“... é mais fácil treinar um homem para chegar ao poder do que treiná-lo para saber o que fazer com o poder.” – 426