Por Beatriz Barbosa
A obra de Matt Haig, Razões para
continuar vivo, da editora Intrínseca, conta sua própria história de luta contra depressão e como
reaprendeu a viver. Logo no início ele já traz uma frase que nos deixa
impactados.
“Mas, no fim das contas, é preciso mais coragem para viver do que para se matar.”
Confesso que minha curiosidade
por esse livro se deu justamente por essa frase. O autor relata que chegou
próximo a cometer suicídio e o que realmente era mais difícil no ponto de vista
dele, foi escolher se manter vivo, cercado de sentimentos desconhecidos e de
difícil compreensão.
Haig confessa o quanto se sentia
dependente de Andrea (a mulher que ele dedica esse livro) sua esposa, apenas
perto dela ele se sentia melhor e seguro.
O objetivo desse livro é alcançar
pessoas que sofrem de ansiedade e depressão, ajudar a compreenderem que não são
os únicos a passarem por essa tempestade, apesar de difícil entendimento, esses
sentimentos também são vividos por outras pessoas e sim, vale a pena lutar pela
vida, por mais difícil que seja.
“Quando estamos deprimidos ou ansiosos, incapazes de sair de casa, ou do sofá, ou de pensar em qualquer outra coisa que não seja depressão, tudo pode ser insuportavelmente difícil. Mas os dias ruins têm gradações. Não são todos igualmente ruins. E os piores, apesar de terríveis de suportar, são úteis mais tarde. Eles são arquivados. Um arquivo de dias ruins (...).”
O autor relata que gastou muito
tempo buscando parecer uma pessoa normal, o que dificulta que os outros
percebam quando alguém está passando por essa doença. Antes a depressão era
conhecida como melancolia e os números de relatos eram menores do que hoje. Mas,
Haig acredita que hoje as pessoas se tornaram mais abertas a relatar que é
depressivo e por isso o número tem crescido assustadoramente.
A obra apresenta alguns dados da
Organização Mundial da Saúde acerca desse grave problema de saúde pública. No
reino Unido o suicídio é a principal causa de morte entre os homens com menos
de 35 anos. Os índices de suicídio variam de acordo com o país. Na Groenlândia
uma pessoa tem a probabilidade 27 vezes maior de se matar em comparação a quem
vive na Grécia. Anualmente no Reino Unido um milhão de pessoas se matam. A
tentativa de suicídio entre os britânicos varia entre dez e vinte milhões
anualmente. Em todo o mundo os homens tem 3 vezes mais chances de cometer
suicídio em comparação as mulheres. Porém as mulheres tem o dobro de chances de
desenvolver uma grave crise de depressão se comparado ao sexo masculino. Mas os
dados apontam que as mulheres buscam bem mais ajuda quando se trata de saúde
mental.
Matt diz 10 razões para continuar
vivo, a última me fez transbordar e lembrar que existe um mundo a minha espera
e que não podemos desistir de viver.
“Um dia você vai sentir uma alegria equivalente a essa dor. Vai derramar lágrimas de euforia ouvindo Beach Boy, observar um rosto de bebê adormecido nos seus braços, fazer grandes amizades, saborear comidas deliciosas que nunca experimentou contemplar a paisagem de um lugar bem alto sem pensar na possibilidade de morrer na queda. Existem livros que você ainda não leu que vão enriquecê-lo, filmes que verá enquanto come sacos gigantes de pipoca, e você vai dançar, rir, fazer sexo e sair para correr à beira do rio e conversar noite adentro e rir até chorar. A vida está esperando você. Você pode está preso aqui por algum tempo, mas o mundo não vai a lugar nenhum. Aguente firme aí se puder. A vida sempre vale a pena”.
A depressão tem uma
característica muito dolorosa, fazer a pessoa se sentir sozinha é o seu
principal sintoma. Matt traz uma lista de pessoas que não são anônimas e mesmo
famosas e cercadas de pessoas lutaram/luta contra a doença, mas não desistiram
de fazer coisas maravilhosas, entre elas estão a Princesa Diana (conhecida como
a princesa do povo), Robbie Williams, Catherine Zeta-Jones, Izaac Newton, Jim
Carey, Angelina Jolie, Anne Hathaway são alguns dos nomes da lista. Reforçando
que não basta fama e dinheiro, simplesmente qualquer pessoa pode ter depressão.
A depressão pode ser uma guerra
intensa. Um fogo invisível, uma panela de pressão. Um demônio interno. Uma
prisão. Uma ausência. Sombria, desesperada e solitária. A depressão também é...
Menor que você.
“Sempre, ela é menor que você, mesmo quando parece enorme. Funciona dentro de você, não é você que funciona dentro dela. Pode ser uma nuvem negra passando pelo céu, mas já que a metáfora é está você é o céu. Você chegou antes. E a nuvem não pode existir sem o céu, mas o céu pode existir sem a nuvem”.
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