“Penso que seres humanos devem ter fé ou procurar uma fé, do contrário nossa vida é vazia. Viver e não saber por que os grous voam, por que as crianças nascem, por que há estrelas no céu... Você precisa saber por que está vivo, ou então nada faz sentido, tudo está apenas sendo levado pelo vento.” – 07
“Memórias são imortais. São imperecíveis e precisas. Têm o poder de dar alegria e perspectiva em tempos difíceis. Ou podem sufocar. Definir você de uma maneira que tem mais a ver com a percepção limitada das pessoas do que com a verdade.” – 16
“Apanhar o tempo todo faz você começar a sentir que está errado. Não que você fez algo errado, mas sim que é errado. Faz você ficar com muita raiva do seu agressor, aquele de quem você tem medo demais para enfrentar, então confronta o alvo mais fácil. Com esses, você pode. Até que seu coração se cansa...” – 59
“Perdoar é desistir de toda a esperança de um passado diferente. Dizem que a terapia bem-sucedida é quando você vive a grande descoberta de que seus pais fizeram o melhor que puderam com o que tinham disponível.” - 212
quarta-feira, 2 de novembro de 2022
Citações | Em Busca de Mim (Viola Davis)
domingo, 16 de outubro de 2022
Citações | O Passeador de Livros (Carsten Henn)
“Dizem que os livros encontram seus leitores, mas às vezes é preciso que alguém lhes indique o caminho.” – 9
“- Cada dia mais pessoas estão lendo menos. No entanto, existem pessoas dentro das páginas. É como se cada livro contivesse um coração que só começa a bater quando é lido, porque nosso coração o impulsiona.” – 44
“- O caminho mais longo às vezes é melhor do que um curto.” – 78
“... as crianças têm esse poder de nos fazer enxergar quão velho somos, mas, talvez, elas também nos mostrem justamente quanto algo em nós sempre permanecerá jovem.” – 79
“- A diferença entre um romance com final feliz e um sem final feliz é apenas o ponto em que se para de contar a história.” – 95
“Quando não pensamos nas consequências, nas brigas que virão, nas feridas que carregaremos, ir embora é muito fácil. Basta dar um passo após outro para sair de uma casa, e também de um casamento.” – 170
“A fé é um exercício que demanda muito esforço diário, posto que a vida real tende sempre a contradizê-la.” - 172
sábado, 23 de julho de 2022
Citações | O Homem mais feliz do Mundo (Eddie Jaku)
“... a maior coisa que você fará é ser amado por outra pessoa... Sem amizade, um ser humano está perdido. Um amigo é alguém que lembra a você de se sentir vivo... Basta um amigo para que o mundo ganhe um novo sentido. Um bom amigo pode ser seu mundo inteiro.” – 96
“... é dever dos afortunados ajudar aqueles que estão sofrendo, e dar é melhor do que receber. Sempre há milagres no mundo, mesmo quando tudo parece perdido. E, quando não há milagres, você pode fazê-los acontecer. Com um simples ato de bondade, você pode tirar uma pessoa do desespero, e isso pode salvar a vida dela. E esse é o maior milagre de todos.” - 162
quarta-feira, 20 de julho de 2022
Resenha | A Biblioteca da Meia-Noite (Matt Haig)
Por Camila Moura
Existe um universo de possibilidades sobre os rumos que a nossa vida pode tomar, cada escolha muda o nosso futuro, e é exatamente essa visão que o autor Matt Haig nos apresenta no livro A biblioteca da meia-noite.
“- Entre a vida e a morte, há uma biblioteca – disse ela – E, dentro dessa biblioteca, as prateleiras não tem fim. Cada livro oferece uma oportunidade de experimentar outra vida que você poderia ter vivido. De ver como as coisas seriam se tivesse feito outras escolhas.... Você teria feito algo diferente, se houvesse a chance de desfazer tudo do que se arrepende?”
A personagem principal, Nora Seed está infeliz com o rumo que a sua vida tomou e ela acaba tendo a chance de visitar outras perspectivas da sua vida e sabe o que acontece? Não vou dar esse spoiler! Mas ela acaba percebendo que em nenhuma vida ela é 100% feliz, afinal, isso é impossível. Nossa vida é feita de altos e baixos.
“Uma pessoa é como uma cidade. Não se pode deixar que algumas áreas menos aprazíveis provoquem uma repulsa generalizada pelo todo. Pode ser que haja algumas partes das quais você não goste, umas ruas e bairros e perigosos, mas as coisas boas fazem o todo valer a pena”
Em cada vida que ela experimentou, tinha algo que acabava deixando ela infeliz. O que estava errado, afinal? Esse livro me fez perceber que precisamos ser felizes sem nos importamos com os “E se.…” da vida, pois no final sempre haverá altos e baixos e precisamos aproveitar o aqui e agora. Se algo acabar dando errado, levanta e tenta de novo. Sem dúvidas esse livro me fez valorizar mais a minha vida e não pensar que todas as nossas decisões são para sempre. Eu posso mudar o meu curso de faculdade, decidi mudar o rumo da minha vida e tudo bem. Nunca é tarde.
“Quer dizer, as coisas seriam bem mais fáceis se a gente entendesse que não existe um certo modo de viver que nos torne imunes à tristeza. E que a tristeza é parte intrínseca do tecido da felicidade. Não dá para ter uma sem a outra. Obviamente, elas vêm em diferentes graus e doses. Mas não há uma vida sequer em que a pessoa possa existir num estado permanente de felicidade absoluta. E imaginar que existe uma vida assim só acrescenta mais infelicidade a nossa vida”
domingo, 15 de maio de 2022
Resenha | Carrie (Stephen King)
Por Camila Moura
A leitura de Carrie foi a minha primeira experiência lendo Stephen King, além de ter sido o livro de estreia do mestre do terror
E confesso para vocês que foi
diferente de todos os autores que eu já tinha lido.
Uma particularidade que chamou
muita minha atenção foi a forma que o livro foi escrito.
Ele vai alternando entre
narrativa, depoimentos e recortes de reportagens que falam sobre a trágica
noite do baile.
Isso torna a história muito real
e vai nos dando arrepios.
E como eu nunca tinha visto o
filme, foi tudo muito novo e fantástico.
Amei conhecer a jovem Carrie que
tem poderes telecinéticos e passou a vida sofrendo bullying dos colegas de escola,
vizinhos e represálias da mãe fanática religiosa.
“Sua mente tinha...tinha... ela procurou uma palavra. Tinha se flexionado. Não era bem isso, mas era quase. Houve uma curvatura mental curiosa, quase como um cotovelo não aguentando sustentar um haltere. Também não era bem isso, mas era a única coisa que ela conseguia pensar. Um cotovelo sem força. Um músculo fraco”
E isso tudo resultou na grande
tragédia...
“Havia o sistema de sprinklers. Ela podia ligá-lo, e com facilidade. Ela riu de novo e se levantou, foi andando descalça na direção das portas do saguão. Ligar o sistema de sprinklers e fechar todas as portas. Olhar dentro e deixar que eles vissem olhando para dentro, vendo e rindo enquanto a água destruía os vestidos e penteados e tirasse o brilho dos sapatos. Ela só lamentava que não tinha como ser sangue”
Além de nos deixar de cabelo em
pé, nos faz pensar sobre o impacto que comentários possam ter na vida de alguém
e o que tinha tudo para ser apenas uma “brincadeira” resultou em mortes e
praticamente destruiu uma cidade.
Recomendo muito a leitura.
Citações | Crenshaw (Katherine Applegate)
"Ás vezes isso é tudo que a gente realmente precisa: de um amigo.” – 127
“...o que mais me incomodava era que eu não podia consertar nada. Não podia controlar nada. Era como dirigir um carrinho de bate-bate sem direção. Ficavam batendo em mim toda hora, e eu só podia ficar sentado e segurar firme.” - 178
sábado, 30 de abril de 2022
Resenha | Fahrenheit 451 (Ray Bradbury)
O mundo em que vivemos é de difícil compreensão. Nele existem uma gama de vontades que se sobrepõe a coletividade, trazendo instabilidade e a perca de rumo pelas pessoas.
“Se não quiser um homem politicamente infeliz, não lhe dê os dois lados de uma questão para resolver; dê-lhe apenas um. Melhor ainda, não lhe dê nenhum. Deixe que ele se esqueça de que há uma coisa como a guerra. Se o governo é ineficiente, despótico e ávido por impostos, melhor que ele seja tudo isso do que as pessoas se preocuparem com isso. Promova concursos em que vençam as pessoas que se lembrarem da letra das canções mais populares ou dos nomes das capitais dos estados... Encha as pessoas com dados incombustíveis, entupa-as tanto com fatos que elas se sintam empanzinadas, mas absolutamente brilhantes quanto as informações. Assim, elas imaginarão que estão pensando, terão uma sensação de movimento sem sair do lugar. E ficarão felizes, porque fatos dessa ordem não mudam. Não as coloque em terreno movediço, como filosofia ou sociologia, com que comparar suas experiências. Aí reside a melancolia.”
Dentro desse contexto de
anestesia da vida e a falta de propósito num mundo marcado pelo consumo e perda
das relações sociais, eis que temos o livro Fahrenheit 451, no qual Ray
Bradbury já nos alertava sobre os riscos dos caminhos que estávamos seguindo.
Publicado originalmente em
1953, em plena Guerra Fria, e redescoberto mais recentemente graças ao
relançamento pela editora Biblioteca Azul, a obra é uma crítica aos regimes
políticos opressores do século XX e um alerta sobre as transformações sociais
capitaneadas pela televisão.
Na trama somos apresentados a
Montag, bombeiro responsável por queimar livros. Sua rotina é insignificante –
atuando no trabalho de forma mecânica e com uma relação distante com a esposa e
colegas de trabalho; ele tem a vida mudada, graças ao encontro com a jovem
Clarisse, que em um breve diálogo, planta a semente que o fará questionar toda
a forma de viver e as regras impostas na sociedade em que mora.
A leitura do Fahrenheit 451
não é muito fluída, por conta de uma linguagem um tanto filosófica e cheia de
simbolismos, que exige muitas pausas para reflexão. Também é um livro rico de
significados e que traz um retrato do mundo em que vivemos com uma precisão
assustadora, o que nos convidará a olhar para a nossa própria vida e nos
questionar se estamos felizes com os caminhos que escolhemos e se as nossas
relações de fato são assertivas.
A ambientação da história é
simples, mas muito impactante. A ousadia em propor um mundo no qual bombeiros
são responsáveis por atear fogo em livros é de uma ruptura, que por si só,
releva o quando esse mundo está doente e clama por socorro.
“Era um prazer especial ver as coisas serem devoradas, ver as coisas serem enegrecidas e alteradas. Empunhando o bocal de bronze, a grande víbora cuspindo seu querosene peçonhento sobre o mundo, o sangue latejava em sua cabeça e suas mãos eram as de um prodigioso maestro regendo todas as sinfonias de chamas e labaredas para derrubar os farrapos e as ruínas da história. Na cabeça impassível, o capacete simbólico com o número 451 e, nos olhos, a chama laranja antecipando o que viria a seguir, ele acionou o acendedor e a casa saltou numa fogueira faminta que manchou de vermelho, amarelo e negro o céu do crepúsculo.”
Os personagens também cumprem com
louvor os seus papeis; seja o Montag, o funcionário modelo, que age sem pensar;
o Beatty, o chefe que acredita ter todas as respostas, quando é apenas uma peça
numa engrenagem muito maior; Mildred, a esposa consumista e que se anestesia em
futilidades; e por fim Clarisse e Granger, a dicotomia do passado e do
presente, os jovens que questionam e os velhos que tem a sabedoria de entender
o tempo de cada um.
Fahrenheit 451 é uma obra
atemporal e necessária, por nos revelar a verdade do nosso tempo e nos convidar
a refletirmos sobre nosso modo de viver. Um livro que mostra a importância do
passado, para construirmos um presente e almejarmos um futuro com mais
propósito e significado. Uma obra para ser revisitada em muitos momentos, pois
guarda em suas páginas ensinamentos fundamentais que são impossíveis de serem
aprendidos em uma única leitura.
“Dizem que sou antissocial. Não me misturo. É tão estranho. Na verdade, eu sou muito social. Tudo depende do que você entende por social, não é? Social para mim significa conversar com você sobre coisas como esta... Ou falar sobre o quanto o mundo é estranho. É agradável estar com as pessoas. Mas não vejo o que há de social em juntar um grupo de pessoas e depois não deixá-las falar, você não acha? Isso para mim não é nada social... Deixam a gente tão atormentada ao final do dia que não podemos fazer nada além de ir para a cama ou a um parque de diversões para importunar os outros, quebrar vidros ou destruir carros... Acho que sou tudo o que dizem... Não tenho amigos. Isso é o bastante para provar que sou anormal. Mas todos que conheço estão gritando ou dançando por aí como loucos ou batendo uns nos outros. Você já notou como as pessoas se machucam entre si hoje em dia?”
Citações | Fahrenheit 451 (Ray Bradbury)
"Como o rosto dela se parecia também como um espelho! Impossível. Pois quantas pessoas seriam capazes de refletir a luz de uma outra? As pessoas quase sempre eram archotes, que ardiam até se extinguir. Quantas pessoas existiam cujos rostos eram capazes de captar e devolver a expressão de outra, seus pensamentos e receios mais íntimos?” – 29
“Existe gente demais... Somos bilhões e isso é excessivo. Ninguém conhece ninguém. Estranhos entram em nossa casa e nos violentam. Estranhos chegam e arrancam nosso coração. Estranhos chegam e nos tiram o sangue.” – 35
“Ninguém tem mais tempo para ninguém.” – 43
“Dizem que sou antissocial. Não me misturo. É tão estranho. Na verdade, eu sou muito social. Tudo depende do que você entende por social, não é? Social para mim significa conversar com você sobre coisas como esta... Ou falar sobre o quanto o mundo é estranho. É agradável estar com as pessoas. Mas não vejo o que há de social em juntar um grupo de pessoas e depois não deixá-las falar, você não acha? Isso para mim não é nada social... Deixam a gente tão atormentada ao final do dia que não podemos fazer nada além de ir para a cama ou a um parque de diversões para importunar os outros, quebrar vidros ou destruir carros... Acho que sou tudo o que dizem... Não tenho amigos. Isso é o bastante para provar que sou anormal. Mas todos que conheço estão gritando ou dançando por aí como loucos ou batendo uns nos outros. Você já notou como as pessoas se machucam entre si hoje em dia?” – 49 e 50
“Não precisamos que nos deixem em paz. Precisamos realmente ser incomodados de vez em quando. Quanto tempo faz que você não é realmente incomodada? Por alguma coisa importante, por alguma coisa real?” – 74
“Se não quiser um homem politicamente infeliz, não lhe dê os dois lados de uma questão para resolver; dê-lhe apenas um. Melhor ainda, não lhe dê nenhum. Deixe que ele se esqueça de que há uma coisa como a guerra. Se o governo é ineficiente, despótico e ávido por impostos, melhor que ele seja tudo isso do que as pessoas se preocuparem com isso. Promova concursos em que vençam as pessoas que se lembrarem da letra das canções mais populares ou dos nomes das capitais dos estados... Encha as pessoas com dados incombustíveis, entupa-as tanto com fatos que elas se sintam empanzinadas, mas absolutamente brilhantes quanto as informações. Assim, elas imaginarão que estão pensando, terão uma sensação de movimento sem sair do lugar. E ficarão felizes, porque fatos dessa ordem não mudam. Não as coloque em terreno movediço, como filosofia ou sociologia, com que comparar suas experiências. Aí reside a melancolia.” – 84
“Os que não constroem precisam queimar.” – 115
“...não se pode obrigar as pessoas a escutarem. Elas precisam se aproximar, cada uma no seu momento, perguntando-se o que aconteceu e por que o mundo explodiu sob seus pés. Isso não irá demorar muito.” – 186
Resenha | Querido Ex (Juan Jullian)
Por Camila Moura
Em um mundo com inúmeras
transformações como o nosso e com temáticas que por muito tempo foram
consideradas verdadeiros tabus, a literatura ainda é um importante instrumento
para nos proporcionar as reflexões necessárias para a nossa compreensão de
mundo.
Com uma narrativa fluída e
sensível, a editora Galera nos brinda com o livro Querido Ex, escrito pelo Juan
Jullian. A obra conta a história de um jovem, que vê seu ex namorado virar a
maior subcelebridade do Brasil e tenta superar o término da relação escrevendo
cartas para o maldito ex, o que lhe proporciona um melhor entendimento de tudo
que viveu.
O autor usou sua
sensibilidade e vivência para construir um personagem forte, carregado de
traumas e uma bagagem emocional surpreendente, mas que acima de tudo é gente
como a gente. Isso causa uma proximidade com o leitor e vamos sofrendo junto.
Sabe aquele romance que no
final nos deixa com o coração quentinho? Esse não é o tipo de “Querido Ex”. No
final, o nosso coração fica apertado e se perguntando o motivo de existir tanta
crueldade no mundo, e por isso, a obra é uma leitura tão necessária. É uma experiência literária única que nos faz
rir, chorar e refletir, tudo sempre carregado de MUITAS referências incríveis.
Além de tudo, o livro nos
deixa uma grande lição: Homofobia não é piada e mata mais do que podemos
mensurar.
Espero que esse livro alcance
cada vez mais pessoas, para que todos possam conhecer e se deliciar com essa
obra, mas acima de tudo, espero que por onde passe esse livro possa deixar
ensinamentos.
domingo, 17 de abril de 2022
Resenha | Um Salto Para o Amor (Aione Simões)
Por Marina Lamim
Nunca fui de ler muito
romance, sempre achei o gênero meio clichê. Mas nada como um dia após o outro para
irmos revendo e mudando os conceitos.
Parte dessa mudança, devo
muito a Aione Simões, que através do livro Um Salto para o Amor, lançado pela Editora
Harlequin Books, nos apresenta a Lily, uma mulher de quase 30 anos, gorda e que
está apostando todas as fichas no negócio próprio, uma loja de roupas para
todes, a Frida. Eu, por experiência própria, já saí de várias lojas frustrada
por não encontrar roupas que me servissem. Não tenho corpo padrão, estou acima
do peso que eu gostaria, mas esse "problema" não é meu, é da pressão
que a gente vive da sociedade em corpos considerados "perfeitos".
Felizmente vemos uma pequena melhora nesse sentido, mas o caminho ainda é longo
e por isso que a representatividade é muito importante.
Conhecer a Lily foi uma grata
surpresa. Aione nos presenteou com uma personagem 100% real, com qualidades,
defeitos, medos, traumas, sonhos, decepções, inseguranças e muita
representatividade.
"E, por mais triste que seja pensar que meu crescimento poderia ter sido menos turbulento se eu tivesse me sentido mais representada pela mídia, se eu tivesse mais referências e apoio além da minha família, é bom saber que as coisas estão mudando."
Uma personagem tão real com
uma carga emocional grande, resultado de experiências vividas ao longo da vida!
Gente como a gente. Uma história com amizades, amores, redescobertas, amor-próprio,
família!
Sério, está me faltando
palavras para falar sobre essa leitura! Só digo uma coisa: leiam e valorizem
uma escritora nacional.
"Eu cresci sentindo isso. Era como se não importasse as notas que eu tirasse, como se não importasse que eu fosse uma boa amiga, que eu fosse divertida... No final, tudo se resumia ao meu peso, como se eu não fosse alguém de verdade enquanto não emagrecesse."
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022
Resenha | Cinzas na Neve (Ruta Sepetys)
Quando o inverno chega, o que
escondemos sob a neve?
Guerras, roubos, assassinatos,
genocídios, esperanças, resiliência, empatia... Na história temos inúmeros
acontecimentos capazes de mostrar o pior e o melhor da humanidade.
Em 1939, o mundo acompanhava
horrorizado os desdobramentos da Segunda Guerra e o extermínio dos judeus dos
parte dos nazistas. O que pouca gente sabe/comenta, em especial aqui no
Ocidente, é que nos países bálticos – Estônia, Letônia e Lituânia, milhões de
pessoas foram raptadas e transportadas a força para os Gulags russos, numa
empreitada orquestrada pela União Soviética de Stalin e que culminou em pelo
menos 20 milhões de mortos.
Para trazer à tona parte desta
história triste e horripilante, a escritora Rita Sepetys, após um intenso
trabalho investigativo que envolveu psicólogos, historiadores, funcionários do
governo, sobreviventes dos Gulags, entre os quais estão muitos parentes; nos
presenteia com o livro Cinzas na Neve, lançado pela editora Arqueiro. Nele
somos apresentados a Lina Vilkas, uma jovem de 15 anos que narra a história de
deportação de sua família - da Lituânia para os Gulags soviéticos, na Sibéria.
O livro é dividido em 3
blocos. Na primeira parte, conhecemos Lina e sua família. Filha do reitor da
universidade, Lina tinha uma vida confortável na Lituânia, com muitos sonhos e
projetos em vista. Ainda nessa parte do livro, acompanhamos os primeiros passos
da deportação, no qual muitos professores, médicos e advogados, foram taxados
de ladrões e prostitutas para justificar o injustificável, sendo sequestradas e
despachadas em trens, com condições piores do que animais. Já na parte
seguinte, a maior da obra, Lina e sua família, se estabelece nos campos de
trabalhos forçados, nos quais passam a conviver com a fome, doenças, mortes e
outras variedades de violências. Aqui, também vemos a resiliência e a bondade,
como elementos chaves para manter as esperanças e a própria identidade, além de
ser o impulso da sobrevivência. Por fim,
vimos Lina lutando pela sobrevivência no Gulag da Sibéria, em temperaturas
extremas e em condições cada vez mais adversas, agora com uma fome inumada e
perdas que marcarão para sempre a sua vida.
A escrita de Rita Sepetys é
ágil e muito fidedigna, o que releva o cuidado minucioso de seu trabalho de
pesquisa. O fato de ter tido parentes sobreviventes dos campos da Sibéria,
contribui para que seu texto tenha coração e envolva os leitores numa gama de emoções
que vai variando na medida que os personagens entram em cena. A leitura também
nos permite adquirir conhecimentos geográficos de uma região pouco abordada na
literatura Ocidental; históricos, já que quase nunca se fala da perseguição
russa aos povos bálticos na Segunda Guerra e, ainda, faz justiça as milhões de
vítimas do regime soviético, que tiveram sonhos interrompidos e vidas ceifadas
por simplesmente não compactuarem com uma ideologia estranha aos seus costumes
e valores.
Cinzas na Neve é um livro
poderoso e emocionante sobre um dos acontecimentos mais tristes da humanidade,
no qual pudemos acompanhar o melhor e o pior dos homens. É, também, uma obra
importantíssima pelo seu caráter informativo, em especial, por vermos o
surgimento e o fortalecimento dos extremistas em várias partes do planeta, e
que precisamos estar vigilantes e combater a todo momento. E acima de tudo, um
livro que nos faz refletir sobre como reagimos as mazelas do mundo e que
respostas deixaremos para a geração futura.
“Há guerras feitas de bombardeios. Para os povos bálticos, essa guerra foi feita de crenças. Em 1991, após 50 anos de uma ocupação brutal, os três países reconquistaram sua independência, com paz e dignidade. Eles escolheram a esperança em vez do ódio e mostraram ao mundo que, mesmo na mais escura das noites, existe luz. Por favor, pesquisem a respeito. Contem a alguém. Esses três minúsculos países nos ensinaram que o amor é a mais poderosa das armas. Pode ser o amor por um amigo, por um país, por Deus, ou até mesmo pelo inimigo – o amor nos revela a natureza realmente milagrosa do espírito humano.”
- Curiosidades:
O livro foi lançado inicialmente com o título A Vida em Tons de Cinza e teve uma adaptação para os cinemas.
sábado, 12 de fevereiro de 2022
Citações | Recursão (Blake Crouch)
"...faz parte da vida encarar nossos fracassos, e às vezes esses fracassos são as pessoas que um dia amamos.” – 20
“...talvez haja um motivo para nossas lembranças serem armazenadas com um ar nebuloso e desfocado. Talvez a abstração que as reveste sirva como um anestésico, um amortecedor que nos protege da agonia do tempo e de tudo que ele rouba e apaga de nossa vida.” – 87
“Aos lugares que deixam mais saudade são aqueles em que nunca tivemos.” – 101
“Aquele que controla o passado controla o futuro. Aquele que controla o presente controla o passado.” - 190
terça-feira, 25 de janeiro de 2022
Resenha | Lula Biografia Volume 1 (Fernando Morais)
Na história da política
brasileira, poucos personagens têm uma trajetória tão destacada quanto Luiz Inácio
Lula da Silva. Seja como líder sindical, Deputado Estadual ou Presidente da
República, ele sempre demonstrou que tinha talento e sensibilidade para assumir
tal empreitada – seja pela sua capacidade de mobilização ou pela preocupação
com o povo brasileiro.
A preocupação de Lula com o povo,
fez com que ele liderasse ações/políticas sociais que nem sempre foram bem-vista
por uma parte da grande mídia e nem por alguns setores da sociedade que
concentram a maior parte da receita do país. Desta forma, Lula foi perseguido e
preso, em dois momentos distintos da história – durante a Ditadura Militar e
mais recente, na Operação Lava Jato.
“Sou um construtor de sonhos... Sonhei que era possível governar esse país envolvendo milhões e milhões de pessoas pobres na economia, nas universidades, criando milhões e milhões de empregos nesse país. Eu sonhei que era possível diminuir a mortalidade infantil levando leite, feijão e arroz para que as crianças pudessem comer todo dia. Eu sonhei que era possível pegar os estudantes da periferia e colocar nas melhores universidades deste país. Para que a gente não tenha juiz e procurador só da elite. Daqui a pouco nós vamos ter juízes e procuradores nascidos na favela de Heliópolis, nascidos em Itaquera, nascidos na periferia. Vamos ter muita gente dos Sem Terra, do MTST, da CUT formada. Esse crime eu cometi.”
São partes desses acontecimentos
compreendidos entre seus primeiros passos como liderança sindical até sua absolvição
na Operação Lava Jato, que são retratados no primeiro volume da sua biografia,
chamada Lula, escrito por Fernando Morais e lançado pela editora Companhia das
Letras.
A obra tem uma escrita simples e
mostra os bastidores de acontecimentos marcantes para a história do país, como
a implementação do novo sindicalismo no Brasil, a deflagração da greve no ABC
Paulista na década de 1970/80, a atuação dos militares na época da Ditadura, a redemocratização
do Brasil, a criação do PT, da CUT e mais recentemente os desdobramentos da
Operação Lava Jato - tais fatos mostra como Lula tem sido uma figura destacada
como agente e símbolo de transformações nacionais, nos últimos cinquenta anos.
Seja pela sua escrita objetiva ou pela riqueza das fotos apresentadas no livro, Fernando Morais nos coloca como leitores participantes de fatos históricos e que por motivos diversos terminaram ficando como desconhecidos pelo grande público. Assim, durante toda a leitura, a sensação que temos é de estarmos fazendo uma grande viagem pela história de nosso país e através das reflexões proporcionadas, vamos ressignificando conhecimentos enraizados e tendo a possibilidade de compreendermos a formação política do povo brasileiro e como as interferências externas contribuem para a manutenção de um sistema que tão maltrata os brasileiros.
Lula: Biografia Volume 1, de Fernando Morais, cumpre seu papel ao ser mais uma voz a narrar e analisar fatos históricos e com isso permitir que novas compreensões surjam e através delas, nasçam novas ideias que serão preponderantes para as transformações que o país precisa. A obra é relevante, ainda, por mostrar o magnetismo que existe em torno de Lula – seja ele para o bem ou para o mal – o que ajuda a explicar um pouco da idolatraria que o coloca como um dos melhores (se não o melhor) Presidente que o Brasil já teve e um forte candidato nas eleições de 2022.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2022
Resenha | A Cidade de Vapor: Contos Reunidos (Carlos Ruiz Zafón)
"Ficamos ali de mãos dadas, vendo uma avalanche avassaladora de nuvens carmesins cobrir o céu, e chorei, finalmente me sentindo feliz."
Um dos desejos mais profundos da humanidade é
alcançar a imortalidade. Ainda nos parece impossível levar nosso corpo físico a
posteridade, mas através dos nossos feitos deixamos um legado que ficará para
sempre.
Em 2021 choramos a morte de um dos maiores
escritores de nosso tempo, o Carlos Ruiz Zafón, que nos devolveu o prazer de
nos perdermos em uma boa história de mistério e ação. Após livros como a
quadrilogia do Cemitério dos livros esquecidos, Marina, Luzes de Setembro,
entre outros... Eis que fomos presenteados com A Cidade de Vapor - Contos
reunidos, obra que sintetiza todos seus contos já publicados.
Lançado pela Suma, A Cidade de Vapor é como um baú de tesouro, no qual a cada abertura de suas páginas, somos imediatamente transportados para uma áurea de mistério e horror das ruas de Barcelona, por meio de 11 contos - que foram publicados originalmente em momentos e lugares variados pelo autor.
Ler Zafón é ter calafrios, palpitações e se emocionar muito com personagens memoráveis e tragédias que nos remete ao próprio inferno na Terra. A Cidade de Vapor nos brinda com um passeio por temas, lugares e personagens que aprendemos amar na quadrilogia do O Cemitério dos livros Esquecidos. Em cada um dos contos, vemos como a perda da inocência frente a realidade, por vezes cruel, se torna um dos assuntos centrais de sua escrita. Assim como elementos fantásticos que beira o sobrenatural, servem para trazer à realidade, promessas de uma vida de riquezas e amores proibidos, que diluem as dores da vida.
“... um homem deve caminhar enquanto ainda tem pernas, falar enquanto ainda tem voz e sonhar enquanto ainda conserva a inocência, porque, mais cedo ou mais tarde, não poderá mais ficar em pé, não terá mais fôlego e não perseguirá sonho algum além da noite eterna do esquecimento.”A Cidade de Vapor é um tributo e um agradecimento a Carlos Ruiz Zafón, que ressignificou o que é ser escritor e deixa órfãos, tão comuns em suas histórias, milhões de leitores que (re)descobriram a paixão pela leitura nas ruas amaldiçoadas de Barcelona.
Citações | A Cidade de Vapor - Contos Reunidos (Carlos Ruiz Zafón)
"A queda dos justos é sempre obra daqueles que mais lhe devem. Não traímos quem quer nos afundar, e sim quem nos estende a mão.” – 52
“... um homem deve caminhar enquanto ainda tem pernas, falar enquanto ainda tem voz e sonhar enquanto ainda conserva a inocência, porque, mais cedo ou mais tarde, não poderá mais ficar em pé, não terá mais fôlego e não perseguirá sonho algum além da noite eterna do esquecimento.” – 89
“As aparências nem sempre enganam, mas quase sempre atordoam.” - 102
domingo, 2 de janeiro de 2022
Lidos | Dezembro 2021
Fala, pessoal! Feliz ano novo para todos vocês. Antes de iniciar as novas leituras do ano, trago para vocês minhas últimas leituras de 2021. E já vou adiantando que foram excelentes.
Vamos a elas:
As
Desolações do Recanto do Demônio (Ransom Riggs, Intrínseca)
- Sinopse:
No sexto e último livro da
série, As desolações do Recanto do Demônio, Jacob e Noor estão de volta ao
lugar onde tudo começou: a casa de seu avô. Os dois não fazem ideia de como
escaparam da fenda de V. e foram parar na Flórida, mas de uma coisa têm certeza:
Caul ressuscitou do mundo dos mortos. Após fugirem de um etéreo sedento por
sangue, eles vão ao encontro da srta. Peregrine e dos amigos no Recanto do
Demônio. O lugar tem sido assolado por pragas inimagináveis, desolações na
forma de chuvas de cinzas, sangue e ossos, uma demonstração assustadora da
força do exército maldito que Caul, mais perigoso do que nunca, vem reunindo
para destruir de vez os peculiares. O apocalipse se aproxima, e só os sete
peculiares citados na profecia podem impedi-lo. O problema é que, além de Noor,
não se sabe quem são os outros seis e muito menos onde encontrá-los. Agora, os
peculiares e as ymbrynes precisam correr contra o tempo, decifrar pistas
enigmáticas e garantir que a menina chegue em segurança a um lugar misterioso,
onde se reunirá com os outros escolhidos. Na conclusão épica e emocionante da
série O lar da srta. Peregrine para crianças peculiares, o futuro está em
risco, e Jacob e seus amigos precisarão se unir para atravessar uma das fendas
temporais mais sombrias da história e enfrentar o poder avassalador de seu
maior inimigo.
- Motivos para ler:
O desfecho da série O lar da
Sta. Peregrine é repleto de ação e de suspense. Praticamente todas as pontas
soltas são resolvidas e além de vermos o quanto nossos protagonistas
amadureceram, as lições e os sentimentos que unem esse grupo tão diversificado,
deixa um grande exemplo para todos nós – leitores no mundo real.
Cartas
Para Minha Vó (Djamila Ribeiro, Companhia das Letras)
- Sinopse:
No mais pessoal e delicado de
seus livros, a filósofa Djamila Ribeiro revisita sua infância e adolescência
para discutir temas como ancestralidade negra e os desafios de criar filhos
numa sociedade racista. O relato se dá na forma de cartas a sua saudosa avó
Antônia – carinhosa e amorosa, conhecedora de ervas curativas e benzedeira
muito requisitada.
A cumplicidade que sempre houve entre avó e neta é o que permite que a autora rememore episódios difíceis, como a perda do pai e da mãe, as agressões que sofreu como mulher negra no Brasil e os desafios para integrar a vida acadêmica. Djamila também fala de relacionamentos amorosos e experiências profissionais, das músicas, das leituras e das amizades que a acompanharam em sua construção pessoal – e da percepção paulatina de que a memória das lutas e das conquistas das pessoas negras que vieram antes de nós é a força que nos permite seguir adiante.
- Motivos para ler:
Cartas para minha vó é um
convite para entrarmos na vida de uma das pessoas mais notáveis da atual
geração. Com uma escrita emotiva e sensível, a Djamila nos mostra como sua
criação já tinha elementos do feminismo e do antirracismo. É uma biografia muito
importante que nos serve como guia nesse mundo tão plural e ainda desigual,
quanto o nosso.