quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Resenha | Procurando Jane (Heather Marshall)

Ao longo da formação das sociedades, muitos tabus foram sendo criados como formas estratégicas de um grupo prevalecer sobre o outro. Um grande exemplo dessas práticas é o patriarcalismo, que colocou os homens no lugar de poder e de tomada de decisão, relegando as mulheres a uma suposta submissão.

Mesmo com tantas violências às quais as mulheres sofrem, elas sempre ofereceram resistência a esta forma posta e graças a inúmeros sacrifícios e uma grande luta, foram conquistando direitos e se tornando protagonistas da própria história.

É neste contexto de dicotomia entre homens x mulheres e os grandes tabus da sociedade, que a Companhia dasLetras, através do Selo Paralela, lança no Brasil, o livro Procurando Jane, da autora Heather Marshall.

Na obra citada, acompanhamos a história de três mulheres – Evelyn, Nancy e Angela, em diferentes momentos do tempo, que graças a uma carta extraviada, tem suas vidas interligadas para sempre. Nossas protagonistas vão nos trazer em primeira mão acontecimentos históricos, a exemplo da luta pela legalização do aborto no Canadá.

O livro da Marshall tem como tema central a maternidade, o melhor e o pior dela. Para desenvolver esse tema com maestria, a autora fez uma rica pesquisa histórica e apresenta a luta pela legalização do aborto no Canadá, fala sobre adoção, as casas de amparo maternal; o que faz com que a história tenha ainda mais credibilidade e fique carregada de emoções.

A escrita da Marshall é muito rica e delicada. Ela soube construir personagens com inúmeras camadas, fieis aos seus propósitos e reais, nos quais entregam toda a carga emocional que a cena exige. Ainda é possível ver uma mistura de gêneros narrativos – drama, suspense, ação, romance... o livro entrega muito além do que promete.

Procurando Jane é uma obra corajosa, necessária e muito emocional. Ela cumpre seu papel de entreter os leitores, mas principalmente, nos desperta para temas urgentes e que merecem serem discutidos com o cuidado necessário, sem fundamentalismos e nem extremismo, como temos visto atualmente. 

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