O Profeta (Khalil Gibran)
- “...
E sempre foi verdade que o amor só conhece sua profundidade ao chegar a
hora da separação." - 12
- "Seus
filhos não são seus. São os filhos e as filhas do desejo da Vida por si
mesma. Chegam por meio de vocês, mas não de vocês. Embora estejam com
vocês, não lhes pertencem. Podem dar-lhes o amor, mas não os pensamentos,
pois eles têm pensamentos próprios. Podem abrigar-lhes o corpo, mas a
alma, não. Pois a alma deles mora na casa do amanhã, a qual não lhes é
possível visitar, nem sequer em sonhos. Podem esforçar-se por ser
semelhantes a eles, porém não busquem torná-los iguais a vocês. Pois a
vida não segue para trás, nem se retarda no ontem. O arqueiro mira o alvo
no caminho do infinito, e com Seu poder curva vocês para que ele possa
disparar Suas flechas rápidas e distantes. Que o ato de se curvarem sob a
mão do arqueiro seja pela alegria; pois, assim como Ele ama a flecha que
voa, também ama o arco que se mantém estável." - 27
- "A
terra produz frutos para vocês, dos quais não sofrerão privações se
souberem como encher as mãos. É na troca das dádivas da terra que hão de encontrar
abundância e hão de ser saciados. No entanto, a não ser que se faça com
amor e bondosa justiça, a troca só levará alguns à cobiça e outros à
fome." - 61
- "...
E se existe um déspota que gostariam de destronar, certifiquem-se primeiro
de que se destrua o trono dele, erigido dentro de vocês mesmos." - 76
- "A
dor é a ruptura da aparência que lhes enclausura a compreensão..." -
83
- "Ninguém
pode revelar-lhes nada além do que já se encontra semiadormecido no
despertar de seu conhecimento..." - 91
- "O
amigo é a resposta às suas necessidades. É o campo em que vocês semeiam
com amor e colhem com agradecimentos. E também sua mesa e sua lareira.
Pois vocês vão ao encontro dele com fome e procuram-no em busca de paz.
Quando o amigo lhes fala com franqueza, não receiem expressar o 'não' que
existe na mente de vocês nem lhe neguem o 'sim'. E quando ele se cala, o
coração de vocês não para de escutar o coração um do outro; pois na
amizade, mesmo sem palavras, todos os pensamentos, desejos e expectativas
ocorrem e são partilhados com espontânea alegria. Quando se separarem do
amigo, não sofram; porque o que vocês mais gostam nele talvez se revele com
mais clareza na ausência, como a montanha, que não pode ser vista da
planície por aquele enquanto a escala. E não permitam a existência de
nenhuma intenção na amizade, além da do aprofundamento do espírito. Pois o
amor que busca na amizade a revelação de seu próprio mistério não é amor,
nas uma rede lançada que só apanha o supérfluo. E deem o melhor que existe
em vocês ao amigo. Se ele tem de conhecê-los na maré baixa, também o
deixem conhecê-los na maré cheia. Pois que amigo é esse cuja companhia
vocês só procuram para matar o tempo? Sempre o procurem para partilhar o
tempo a ser vivido. Porque cabe ao amigo satisfazer-lhes a necessidade,
mas não lhes preencher o vazio. E na ternura da amizade, deixem que se
manifestem risos e prazeres partilhados. Pois no orvalho dessas pequenas
coisas, o coração encontra a manhã e se sente renovado." - 95 e 96
- "...
Na verdade, contudo, não falavam dela, mas de necessidades insatisfeitas.
E a beleza não é uma necessidade, e sim um êxtase. Não se trata de uma boca
sedenta nem de uma mão vazia estendida, mas, em vez disso, de um coração
ardente e uma alma encantada. Ela não é a imagem que gostariam de ver nem
a música que gostariam de ouvir, é uma imagem que vocês veem mesmo de
olhos fechados e uma música que escutam ainda que com os ouvidos tapados.
Não é a seiva que flui sob a casca enrugada nem tampouco uma asa presa a
uma garra. Em vez disso, porém, é um jardim eternamente em flor e uma multidão
de anjos em voo eterno." - 122
- "...
Avaliá-los pela ação mais ínfima de vocês é calcular a força do mar pela
fragilidade de sua espuma." - 133
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