Marina (Carlos Ruiz Zafón)
· "Só
as pessoas que têm algum lugar para ir podem desaparecer". - Pág. 07
· "...
De lá, tínhamos uma boa visão do solitário cemitério...Está enganado. Aqui estão as lembranças de
centenas de pessoas, sua vidas, seus sentimentos, suas ilusões, sua ausência,
os sonhos que nunca conseguiram realizar, as decepções, os enganos e os amores
não correspondidos que envenenaram suas vidas... Tudo isso está aqui, preso
para sempre." - Págs. 24 e 25
· "-
Deve ter percebido que não temos eletricidade, Óscar. Na verdade, nós não damos
muito crédito aos avanços da ciência moderna. Afinal de contas, que tipo de
ciência é essa, capaz de colocar um homem na lua, mas incapaz de colocar um
pedaço de pão na mesa de cada ser humano?
- Acho que o problema não está na ciência, mas naqueles que decidem como
empregá-la - sugeri." - Pág. 34
· "-
Poderia pintar mil anos - murmurou Salvat em seu leito de morte - e não mudaria
um milímetro da barbárie, da ignorância e da bestialidade dos homens. A beleza
é um sopro contra o vento da realidade, Gérman. Minha arte não tem sentido. Não
serve para nada..." - Pág. 45
· "-
Às vezes, as coisas mais reais só acontecem na imaginação, Óscar - disse ela. -
A gente só se lembra do que nunca aconteceu." - Pág. 68
·
"Naquela noite, Mijail disse que a vida
concede a cada um de nós apenas alguns raros momentos de pura felicidade. Às
vezes são apenas dias ou semanas. Às vezes anos. Tudo depende da sorte de cada
um. A lembrança desses momentos nos acompanha para sempre e se transforma num
país da memória ao qual tentamos regressar pelo resto de nossas vidas, sem
conseguir. Para mim, tais instantes estão enterrados para sempre naquela
primeira noite, passeando pela cidade..." - Pág. 144
· "A mesquinhez dos homens é um pavio em
busca da chama" - Pág. 150
· "...
Nosso corpo começa a se destruir desde que nasce. Somos frágeis. Criaturas
passageiras. Tudo o que resta de nós são nossas ações, o bem e o mal que
fazemos a nossos semelhantes." - Pág. 154
· "Naquelas
semanas, aprendi que é possível viver de esperanças e nada mais." - Pág.
182
· "Meu
amigo Óscar é um desses príncipes sem reino que andam por aí esperando que você
o beije para se transformar em sapo. Entende tudo ao contrário, acho que é por
isso que gosto tanto dele: as pessoas que acham que entendem tudo direito
acabam fazendo tudo às avessas, e isso, vindo de alguém que vive metendo os pés
pelas mãos, é muita coisa. Ele olha para mim e pensa que não estou vendo.
Imagina que vou evaporar se ele me tocar e que, se não me tocar, quem vai
evaporar é ele. Óscar me colocou num pedestal tão alto que não sabe mais como
subir. Acha que meus lábios são a porta do paraíso, mas não sabe que estão
envenenados. Sou tão covarde que, para não perdê-lo, não digo nada. Finjo que
não estou notando e que vou mesmo evaporar... Meu amigo Óscar é
desses príncipes que deveriam se manter afastados dos contos de fada e de
princesas que guardam. Não sabe que é o príncipe azul quem tem de beijar a bela
adormecida para que ela desperte de seu sono eterno, mas isso acontece porque
Óscar não sabe que todos os contos são mentiras, embora nem todas as mentiras
são contos. Os príncipes não são encantados e as adormecidas, embora belas,
nunca despertam de seu sono. É o melhor amigo que tive na vida e se algum dia
eu der de cara com Merlin, vou agradecer por ter colocado Óscar em meu
caminho." - Pág. 183
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