domingo, 8 de junho de 2014

A Bela História do Pequeno Príncipe (Antoine de Saint-Exupéry)


·      "... é na vivência do deserto - as dunas, as nuves, o gelo ou as edificações - que se pode sentir a efetiva presença de si mesmo e dos seus no mundo." - 12
·      "Você é um verdadeiro mago da beleza e sabe fazer tanto bem aos outros... Vai lhes ensinar a amar a vida, apesar da grande dificuldade que tem em circular em meio à humanidade, que é uma verdadeira massa a ser modelada, e você gostaria que ela fosse mais pura, mais segura. (...) Aceito de bom grado a sua luta, no deserto, nos seus aviões,  coisa que nem sempre foi fácil, não é mesmo, meu amor, meu menino querido? Está vendo? O céu nos ama. Acho que você e eu somos um casal especial: filhos protegidos por Deus. Nem mesmo o mal causado pelo nosso temperamento louco e ardente nos matou. Então, meu querido, pense em tudo que tem a fazer, e quantas alegrias haverá para sua rosa, a sua rosa vaidosa, que dirá consigo mesma: 'Sou a rosa do rei, sou diferente de todas as outras, porque ele cuida de mim, me faz viver e me respira...' E vou lhe contar sobre as noites perigosas, as noites de esperança aguardando o meu rei... E vou renascer, e perfumarei tudo que está ao meu redor, para que fiquem sabendo que sou a verdadeira rosa sagrada, a linda rosa. Sua rosa..." - 32
·      "Pois o mais valente, num momento de cansaço, pode buscar o auxílio de um ombro onde apoiar a cabeça." - 37
·      "Com um sorriso, Saint-Exupéry se apoderou dos seres e dos locais. Estabelecia, com uns e com outros, relações súbitas e inesperadas, pois não possuia apenas o poder de encantar as crianças, mas também o de persuadir os adultos de que eles eram tão verdadeiros quantos os personagens dos contos de fadas. Saint-Exupéry nunca expulsou de si a infância. Os adultos só conhecem os seus semelhantes por meio de pedacinhos e fragmentos desconjuntados, mal-iluminados por uma luz duvidosa. A criança, porém, os vê sob uma luz absoluta. Para ela, todos têm a mesma evidência do Ogro ou da Bela Adormecida. Ela vive num universo de certeza. Saint-Exupéry possuía a arte de devolver aos homens essa certeza. Graças a ele, naquela noite, cada um conhecia a si mesmo, como se fosse o pequeno polegar." - 44
·      "Os adultos são incapazes de entender as coisas sozinhos, e é cansativo ter que ficar lhes explicando tudo, o tempo todo." - 84
·      "- Se alguém ama uma flor, de que só existe um exemplar, em milhões e milhões de estrelas, isso basta para fazê-lo feliz quando ele as contempla. Ele se diz: "Minha flor está em algum lugar..." Mas se o carneiro come a flor, é como se, para ele, todas as estrelas se extinguissem de repente! E isso não teria importância?" - 104
·      "- Não fui capaz de compreender coisa alguma. Deveria tê-la julgado por seus atos e não por suas palavras. Ele me perfumava e me alegrava. Não poderia nunca tê-la abandonado. Deveria ter percebido a ternura que havia por trás de suas tolas espertezas. As flores são tão contraditórias! Mas eu era ainda muito jovem para saber amá-la." - 107
·      "É preciso exigir, de cada um, apenas o que cada um pode dar - replicou o rei. - A autoridade se baseia, antes de tudo, na razão. Se ordenar a seu povo que se lance ao mar, ele se revoltará. Só tenho o direito de exigir obediência se minhas ordens forem razoáveis." - 114
·      "... É muito mais difícil julgar a si mesmo do que julgar os outros. Se você conseguir julgar a si mesmo, mostrará que é de fato um verdadeiro sábio." - 115
·      "- Às vezes penso que, se as estrelas brilham, é para que cada um possa um dia encontrar a sua..." - 134
·      "- Para mim, você é um menino igualzinho a cem mil outros meninos. E eu não preciso de você. E você tampouco precisa de mim. Não sou para você mais que uma raposa, igual a cem mil outras raposas. Mas, se você me cativar, passamos a ter necessidade um do outro. Você será para mim único no mundo e eu serei única no mundo para você..." - 142
·      "- Eis o meu segredo. É muito simples: a gente só vê bem quando vê com o coração. O essencial é invisível aos olhos." - 148
·      "Tornar-se único é, portanto, criar diferenças e distinguir coisas e seres da quantidade, do anonimato e dos 'números'. O indivíduo assinala, assim, o tempo da sua marca, dá relevo ao tempo vivido e atribui a si mesmo uma existência verdadeira. O aprendizado da amizade é uma espécie de coreografia que implica lentidão." - 181
·      "Para o autor do Pequeno Príncipe, o que conta na nossa existência é justamente se deixar guiar por essa parte inoxidável de nós mesmos, como uma joia preciosa dentro de um estojo que, em meio à agitação do mundo, fica dela protegida." - 192
·      "Ora, o que é a 'nobreza' senão a denominação daquilo que dura, que se conserva de geração em geração, independentemente da fraqueza de uns ou do heroísmo de outros? O que é a 'nobreza' senão, justamente, o fardo de um dever que vem de longe e que continua a existir, através de nós, depois de nós?" - 194
·      "O que é uma civilização... senão a preocupação em 'conservar uma única coisa por muito tempo'? O que é o espírito, senão essa preocupação em preservar, em manter os nossos vínculos? Senão essa fidelidade às tradições cuja substância tem menos importância que a obstinação em mantê-las? A menos que a sua substância, como a das civilizações, seja precisamente essa perseverança. As coisas, pouco importa se boas ou ruins, são decerto perecíveis, e as nossas forças não bastam para impedir a sua destruição. Mas a nossa fidelidade nos pertence..." - 195
·   "O Pequeno príncipe é Saint-Exupéry - a criança que ele foi e que continuou sendo a despeito dos adultos; é o filho que poderia ter tido e que sem dúvida  desejou; o jovem amigo que se deixa cativar e desaparece. É a sua infância  e a infância do mundo, provisões de doçura, encontradas e recuperadas no tão amado deserto." - 212

·  "Nenhum de nós vive exatamente no mesmo planeta. O mundo se desvela na experiência afetiva, e não estamos nele do mesmo modo quando vivenciamos a angústia ou a alegria, por exemplo. O nosso planeta é por certo esse local concreto chamado Terra, mas é muito mais aquele único planeta onde sempre habitamos, que fica na nossa imaginação e no nosso coração, povoado por todos aqueles que amamos, aqueles cujo rosto pode ter se apagado, mas cujo sorriso e cujas palavras permanecem. O planeta que importa é o que trazemos  em nós, o lugar onde descobrimos a beleza, o universal, a fragilidade e a força da vida, a tristeza, o desencanto, a insensatez, a alegria, o amor, a vida do sentido se construindo numa aproximação permanente..." - 215

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