Existiu entre nós um sociólogo polonês chamado Zygmunt Bauman. Segundo ele, vivemos em uma sociedade líquida, onde temos cada vez mais dificuldades em nos conectarmos e termos relações duradouras. Muito dessa liquidez de Bauman é motivada pela forma como passamos a lidar com o tempo, ou para ser mais preciso, com a falta dele. Assim, em nossa "eterna" pressa para chegarmos em algum lugar, vamos aos poucos nos anestesiando e terminamos enchendo o nosso interior de coisas não ditas ou de tarefas por fazer.
A frustração daquilo que se perde se junta ao que nunca
chegou.
É nesse contexto de perdição e isolamento, que vez ou outra
surgem autores que buscam na poesia uma forma de fugir do lugar comum e lançar
ao mundo reflexões que dizem, PAREM! CALMA!
A poesia, enquanto forma de arte, precede o texto
escrito. As formas mais antigas de poesia foram recitadas ou cantadas, como
forma de relembrar a história oral, a genealogia e a lei. Sendo assim, a poesia
é, em sua essência, uma arte verbal.
O cronista Wendell Almeida mergulha no dia a dia para através
da sua obra Y(iN): Crônicas do Caos Cotidiano, lançada de forma independente,
tentar trazer um pouco de luz nesse estilo de vida que tanto nos cobra e nos
impacta. No livro em si, o jovem autor, já demonstra toda sua desenvoltura e
criatividade com as palavras, ao fazer do Sumário, um campo fértil para a
poesia. Além disso, ao longo de 3 capítulos/partes - vazio, não ação
contemplação; ele se utiliza da própria trajetória e de alguns encontros, para
fazer uma reflexão crua e antiromantica do nosso modo de viver.
Ler as páginas de Y(in) é navegar pelo caos. O autor a todo
momento nos tira da nossa zona de conforto, seja pelas provocações, ou ainda
desnudando nossas atitudes que demonstram como estamos anestesiados para o
outro. Talvez por conta desse desconforto é recomendado que a leitura seja
feita por etapas, para que se tenha tempo de se apropriar do que está sendo
dito.
Y(in): Crônicas do Caos Cotidiano é um relato corajoso de
alguém que vê que a magia da vida está se perdendo. É um daqueles livros
necessários, pois nos propicia uma pausa para que possamos refazer nossos
passos e dar algum equilibrio ao caos em que vivemos.
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