Anos após sua morte, o legado de Zumbi e de tantos outros que lutaram contra a escravidão continuam mais vivo do que nunca, afinal o racismo tem estado cada vez mais presente nas relações humanas.
falar sobre racismo no Brasil é, sobretudo, fazer um debate estrutural. É fundamental trazer a perspectiva histórica e começar pela relação entre escravidão e racismo, mapeando suas consequências. Deve-se pensar como esse sistema vem beneficiando economicamente por toda história a população branca, ao passo que a negra, tratada como mercadoria, não teve acesso a direitos básicos e à distribuição de riquezas.
Visando mudar esse quadro criminoso e de inúmeras injustiças existe um coletivo de pensadores e militantes negros, que lutam incansavelmente contra esse mal, sendo a Djamila Ribeiro, uma dessas vozes.
Djamila Ribeiro em sua obra intitulada Pequeno Manual Antirracista, lançada pela Editora Companhia das Letras, aponta o racismo como um sistema de opressão que nega direitos, e vai além ao argumentar que a ação antirracista é urgente, diária e que deve ser travada por todas e todos.O conceito de lugar de fala discute justamente o locus social, isto é, de que ponto as pessoas partem para pensar e existir no mundo, de acordo com as suas experiências em comum.
Assim se reconhecer como racista é um primeiro
passo para que possamos mudar. Por mais "amigos negros que tenhamos",
em algum momento nós terminamos contribuindo para que o preconceito exista -
seja através da omissão, ou até mesmo reproduzindo alguma fala ou atitude,
fruto de uma educação que sempre teve como alicerce os objetivos e a visão de
um grupo dominante.
O privilégio social resulta no privilégio epistêmico, que deve ser confrontado para que a história não seja contada apenas pelo ponto de vista do poder. É danoso que, numa sociedade, as pessoas não conheçam a história dos povos que a construíram.
Diante disso, a obra da Djamila Ribeiro se
torna algo essencial para quem ainda não sabe como mudar de atitude. Pois, no
seu Pequeno Manual, a autora apresenta 10 lições que instrui, através de uma
linguagem firme, contudo acolhedora, e serve como um convite para conhecermos a
causa e um caminho para quem quer fazer parte da luta antirracista. A leitura é muito fluída e rápida, muito por conta da linguagem acessível
com que a autora utiliza. Djamila também é muito feliz, em trazer ao longo de
todo o livro, referências de autores negros e dados estatísticos que embasam o
que está sendo dito.
Pequeno Manual Antirracista nos convida, a todo
momento, a refletirmos sobre a sociedade em que vivemos e sobre as nossas ações
do cotidiano, através de subtemas como: negritude, branquitude, apropriação
cultural, sexualização. Concluída a leitura, nos daremos conta que recebemos
como presente, um caminho, que não pretende ser finalístico - como a própria
autora informa -, mas sim, algo sugestivo que passa por atitudes que nos farão
crescer como cidadãos e, principalmente, seres humanos.
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