Para os historiadores
as guerras terminam quando a divergência entre as nações é superada. No
entanto, esses conflitos deixam como legado devastações que podem durar anos a
fio, principalmente nas relações familiares daqueles que lutaram ou foram
perseguidos.
O impacto da Segunda Guerra nas relações familiares é um dos temas abordados no livro de memórias O Ar que Me Falta, escrito por Luiz Schwarcz e lançado pela editora Companhia das Letras.
Na obra, Luiz Schwarcz,
de família judia e fundador da editora Companhia das Letras, traz um relato
emocionante sobre sua própria história. Ao longo da jornada, veremos como a Segunda Guerra impactou na saúde do seu pai, os
conflitos culturais que desencadearam uma disputa interna na família, a criação
rígida que teve e algumas enfermidades da mãe; que terminaram o levando a um severo
quadro de Depressão - que o acompanha até hoje.
O livro de Schwarcz é
de leitura difícil, afinal ele traz muitos temas sensíveis. Ao longo de suas
páginas vamos sentindo o peso dos acontecimentos e captando toda a melancolia
que a obra passa. O escritor, ao longo de 13 capítulos e um epilogo, soube
destrinchar os elementos principais de sua jornada, e hora com metáforas e as
vezes com o sentimento literal das coisas, passa para o leitor toda a emoção de
tudo que viveu.
“Quem tem depressão vive apenas em função do momento. O julgamento é sempre absoluto e no presente... Ao tentar rememorar a pré-história da minha doença, penso agora na minha constante angústia infantil. Era um tempo permeado de medo e silêncio. No entanto, esses sentimentos vinham a seco, pareciam naturais, como se não houvesse motivo que os justificasse ou acompanhasse. Sem ter com quem me comparar, eu provavelmente achava que ter medo era parte intrínseca da existência, que todos sentiam o mesmo que eu.”
No mês em que muito se
fala e se conscientiza sobre a questão da saúde mental, a obra O Ar que Me
Falta, escrita com muita coragem e sensibilidade pelo Luiz Schwazrcz, nos
convida a revisitarmos a nossa própria história e buscar – através de ajuda
especializada e apoio dos amigos e familiares - nos reinventarmos, para que
assim possamos ressignificar nossos traumas e ter dias mais tranquilos e
relações mais saudáveis em nossas vidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário