A história da formação das sociedades humanas, sempre foi marcada pela violência e por imposição de um grupo sobre outro, características de relações marcadas pela busca de controle e de poder. Entre os grupos que, historicamente, sofrem com todo tipo de agressão e lutam para terem seus direitos assegurados estão as mulheres.
As mulheres, em variados
momentos da história, quase sempre tiveram seus direitos e vontades negadas e
por viverem numa sociedade patriarcal, na qual o machismo se faz presente, eram
vistas como simples mercadorias/ enfeites.
Ainda hoje, apesar de todos os
avanços, continua sendo comum vermos crimes contra as mulheres – assassinatos,
violências sexuais, abusos psicológicos, entre outros. É neste contexto que a
autora Adriana Negreiros, lança o seu livro A Vida Nunca Mais Será a Mesma,
pela editora Objetiva.
A autora mostra grande coragem
ao revisitar um dos momentos mais trágicos de sua vida, quando sofreu um
estupro, e a partir disso discute os avanços legislativos/judiciários do
combate a violência contra as mulheres no Brasil e no mundo. Também vale
destacar a sensibilidade da escritora em dar voz a outras mulheres que também
sofreram com uma série de violências, o que contribui para tornar o livro ainda
mais enriquecedor e importante no trato da temática.
Em um estupro, quando a mulher é submissa e faz tudo o que o estuprador manda, na verdade ela está lutando com ferocidade. Porque sabe, de forma intuitiva, que lutar contra o pavor, o nojo, a dor e a humilhação é talvez a única maneira de escapar da morte, e o medo de morrer se impõe a todos os outros. Não lutar corporalmente e, em vez disso, ceder, ser até simpática e cordial com o bandido pode parecer um comportamento covarde e complacente, mas no fundo é um ato de valentia.
A leitura da obra A Vida Nunca
Mais Será a Mesma é muito difícil, pelos inúmeros gatilhos e pela brutalidade
de alguns relatos, o que provoca no leitor um sentimento de revolta, repulsa e
pesar. É possível perceber o importante trabalho jornalístico feito pela
autora, que além de apontar dados estatísticos sobre a questão da violência no
Brasil e destacar os avanços que os grupos que lutam contra a violência à
mulher têm conseguido no âmbito jurídico – uma destas conquistas foi a criação
das Delegacias para Mulheres, em 1985.
Também consegue dar voz a algumas sobreviventes desses crimes, mostrando
a importância e o protagonismos delas nessas conquistas e no resgate de novas
vítimas.
A violência contra a mulher
continua sendo um grave problema da sociedade, com índices altíssimos de feminicídio
– termo usado pela primeira vez em 1976, durante o Tribunal Internacional de
Crimes contra as mulheres, pela socióloga Diana Russel. Assim, a literatura se
torna uma importante aliada para o combate desse problema, pois é através da
informação que a população poderá se conscientizar e buscar apoio cada vez mais
cedo – seja de segurança, ou psicológico.
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