A Bela História do Pequeno Príncipe (Antoine de Saint-Exupéry)
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"...
é na vivência do deserto - as dunas, as nuves, o gelo ou as edificações - que
se pode sentir a efetiva presença de si mesmo e dos seus no mundo." - 12
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"Você
é um verdadeiro mago da beleza e sabe fazer tanto bem aos outros... Vai lhes
ensinar a amar a vida, apesar da grande dificuldade que tem em circular em meio
à humanidade, que é uma verdadeira massa a ser modelada, e você gostaria que
ela fosse mais pura, mais segura. (...) Aceito de bom grado a sua luta, no
deserto, nos seus aviões, coisa que nem
sempre foi fácil, não é mesmo, meu amor, meu menino querido?
Está vendo? O céu nos ama. Acho que você e eu somos um casal especial: filhos
protegidos por Deus. Nem mesmo o mal causado pelo nosso temperamento louco e
ardente nos matou. Então, meu querido, pense em tudo que tem a fazer, e quantas
alegrias haverá para sua rosa, a sua rosa vaidosa, que dirá consigo mesma: 'Sou
a rosa do rei, sou diferente de todas as outras, porque ele cuida de mim, me
faz viver e me respira...' E vou lhe contar sobre as noites perigosas, as
noites de esperança aguardando o meu rei... E vou renascer, e perfumarei tudo
que está ao meu redor, para que fiquem sabendo que sou a verdadeira rosa
sagrada, a linda rosa. Sua rosa..." - 32
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"Pois o mais valente, num momento de
cansaço, pode buscar o auxílio de um ombro onde apoiar a cabeça." - 37
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"Com um sorriso, Saint-Exupéry se
apoderou dos seres e dos locais. Estabelecia, com uns e com outros, relações
súbitas e inesperadas, pois não possuia apenas o poder de encantar as crianças,
mas também o de persuadir os adultos de que eles eram tão verdadeiros quantos
os personagens dos contos de fadas. Saint-Exupéry nunca expulsou de si a
infância. Os adultos só conhecem os seus semelhantes por meio de pedacinhos e
fragmentos desconjuntados, mal-iluminados por uma luz duvidosa. A criança,
porém, os vê sob uma luz absoluta. Para ela, todos têm a mesma evidência do
Ogro ou da Bela Adormecida. Ela vive num universo de certeza. Saint-Exupéry
possuía a arte de devolver aos homens essa certeza. Graças a ele, naquela
noite, cada um conhecia a si mesmo, como se fosse o pequeno polegar." - 44
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"Os adultos são incapazes de entender as
coisas sozinhos, e é cansativo ter que ficar lhes explicando tudo, o tempo todo."
- 84
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"- Se alguém ama uma flor, de que só
existe um exemplar, em milhões e milhões de estrelas, isso basta para fazê-lo
feliz quando ele as contempla. Ele se diz: "Minha flor está em algum
lugar..." Mas se o carneiro come a flor, é como se, para ele, todas as
estrelas se extinguissem de repente! E isso não teria importância?" - 104
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"- Não fui capaz de compreender coisa
alguma. Deveria tê-la julgado por seus atos e não por suas palavras. Ele me
perfumava e me alegrava. Não poderia nunca tê-la abandonado. Deveria ter
percebido a ternura que havia por trás de suas tolas espertezas. As flores são
tão contraditórias! Mas eu era ainda muito jovem para saber amá-la." - 107
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"É preciso exigir, de cada um, apenas o
que cada um pode dar - replicou o rei. - A autoridade se baseia, antes de tudo,
na razão. Se ordenar a seu povo que se lance ao mar, ele se revoltará. Só tenho
o direito de exigir obediência se minhas ordens forem razoáveis." - 114
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"... É muito mais difícil julgar a si
mesmo do que julgar os outros. Se você conseguir julgar a si mesmo, mostrará
que é de fato um verdadeiro sábio." - 115
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"- Às vezes penso que, se as estrelas
brilham, é para que cada um possa um dia encontrar a sua..." - 134
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"- Para mim, você é um menino igualzinho
a cem mil outros meninos. E eu não preciso de você. E você tampouco precisa de
mim. Não sou para você mais que uma raposa, igual a cem mil outras raposas.
Mas, se você me cativar, passamos a ter necessidade um do outro. Você será para
mim único no mundo e eu serei única no mundo para você..." - 142
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"- Eis o meu segredo. É muito simples: a
gente só vê bem quando vê com o coração. O essencial é invisível aos
olhos." - 148
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"Tornar-se único é, portanto, criar
diferenças e distinguir coisas e seres da quantidade, do anonimato e dos 'números'.
O indivíduo assinala, assim, o tempo da sua marca, dá relevo ao tempo vivido e
atribui a si mesmo uma existência verdadeira. O aprendizado da amizade é uma
espécie de coreografia que implica lentidão." - 181
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"Para o autor do Pequeno Príncipe, o que
conta na nossa existência é justamente se deixar guiar por essa parte
inoxidável de nós mesmos, como uma joia preciosa dentro de um estojo que, em
meio à agitação do mundo, fica dela protegida." - 192
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"Ora, o que é a 'nobreza' senão a
denominação daquilo que dura, que se conserva de geração em geração,
independentemente da fraqueza de uns ou do heroísmo de outros? O que é a
'nobreza' senão, justamente, o fardo de um dever que vem de longe e que
continua a existir, através de nós, depois de nós?" - 194
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"O que é uma civilização... senão a
preocupação em 'conservar uma única coisa por muito tempo'? O que é o espírito,
senão essa preocupação em preservar, em manter os nossos vínculos? Senão essa
fidelidade às tradições cuja substância tem menos importância que a obstinação
em mantê-las? A menos que a sua substância, como a das civilizações, seja
precisamente essa perseverança. As coisas, pouco importa se boas ou ruins, são
decerto perecíveis, e as nossas forças não bastam para impedir a sua
destruição. Mas a nossa fidelidade nos pertence..." - 195
· "O Pequeno príncipe é Saint-Exupéry - a
criança que ele foi e que continuou sendo a despeito dos adultos; é o filho que
poderia ter tido e que sem dúvida
desejou; o jovem amigo que se deixa cativar e desaparece. É a sua infância e a infância do mundo, provisões de doçura,
encontradas e recuperadas no tão amado deserto." - 212
· "Nenhum de nós vive exatamente no mesmo
planeta. O mundo se desvela na experiência afetiva, e não estamos nele do mesmo
modo quando vivenciamos a angústia ou a alegria, por exemplo. O nosso planeta é
por certo esse local concreto chamado Terra, mas é muito mais aquele único
planeta onde sempre habitamos, que fica na nossa imaginação e no nosso coração,
povoado por todos aqueles que amamos, aqueles cujo rosto pode ter se apagado,
mas cujo sorriso e cujas palavras permanecem. O planeta que importa é o que
trazemos em nós, o lugar onde
descobrimos a beleza, o universal, a fragilidade e a força da vida, a tristeza,
o desencanto, a insensatez, a alegria, o amor, a vida do sentido se construindo
numa aproximação permanente..." - 215
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