quarta-feira, 2 de abril de 2014

Cidades de Papel (John Green)


·      "Na minha opinião, todo mundo tem seu milagre. Por exemplo, muito provavelmente eu nunca vou ser atingido por um raio, nem ganhar um Prêmio Nobel, nem virar ditador de uma pequena ilha no Pacífico, nem ter um câncer terminal de ouvido, nem sofrer combustão espontânea. Mas, se você levar em conta todos os eventos improváveis, é possível que pelo menos um deles vá acontecer a cada um de nós. Eu poderia ter presenciado uma chuva de sapos. Poderia ter pisado em Marte. Poderia ter sido engolido por uma baleia. Poderia ter me casado com a rainha da Inglaterra ou sobrevivido meses à deriva no mar. Mas meu milagre foi diferente. Meu milagre foi o seguinte: de todas as casas em todos os condados em toda a Flórida, eu era vizinho de Margo Roth Spiegelman." - 11
·      "... antes de fazer sentido, as coisas precisam ser ouvidas." - 225
·      "- Quanto mais eu trabalho, mais percebo que os seres humanos carecem de bons espelhos. É muito difícil para qualquer um mostrar a nós como somos de fato, e é muito difícil para nós mostrarmos aos outros o que sentimos." - 227
·      "... você ouvia as pessoas para enxergá-las, e ouvia todas as coisas horríveis e todas as coisas maravilhosas que elas faziam consigo e com os outros, mas, no final das contas, ouvir faz com que se exponha muito mais do que as pessoas a quem se estava tentando escutar." - 246
·      "É muito difícil ir embora - até você ir embora de fato e então ir embora se torna simplesmente a coisa mais fácil do mundo." - 262
·      "... ir embora é uma sensação boa e pura apenas quando você abandona uma coisa importante, algo que tinha um significado. Arrancando a vida pela raiz. Mas só se pode fazer isso quando sua vida já criou raízes." - 267
·      "Que coisa mais traiçoeira é acreditar que uma pessoa é mais do que uma pessoa." - 337
·      "Porque é o máximo ser uma ideia que agrada a todos. Mas eu nunca poderia ser aquela ideia para mim, não totalmente. E Agloe é um lugar onde uma criação de papel se tornou real. Um ponto no mapa que se tornou de verdade, mais do que as pessoas que o criaram jamais poderiam imaginar. Pensei que talvez a garota de papel também pudesse se tornar uma garota de verdade aqui. E parecia um jeito de dizer àquela garota que se preocupava com popularidade e roupas e tudo o mais: Você vai para as cidades de papel. E nunca mais vai voltar." - 349
·      "- Quando pensava na morte dele, o que, diga-se de passagem, não aconteceu tantas vezes assim, eu sempre pensava da forma que você tinha descrito, como se os fios dentro dele tivessem se arrebentado. Mas existem milhares de maneiras de se pensar a situação: talvez os fios se arrebentem, talvez o navio naufrague ou talvez nós sejamos relva, nossa raízes tão interdependentes que ninguém estará morto enquanto houver alguém vivo. O que quero dizer é que as metáforas não são poucas. Mas você precisa ser cuidadoso ao escolher sua metáfora, porque ela faz diferença. Se escolher os fios, significa que está imaginando um mundo no qual você pode se arrebentar de forma irreparável. Se escolher a relva, então quer dizer que todos somos interligados e que usamos esse sistema radicular não apenas para compreendermos uns aos outros, mas também para se tornarmos o outro. As metáforas têm consequências... - Gosto dos fios. Sempre gostei. Porque é exatamente assim que eu me sinto. No entanto, acho que eles fazem a dor parecer mais fatal do que realmente é. Não somos tão frágeis quanto os fios nos fariam acreditar. E gosto da relva também. Foi ela que me trouxe até você, que me ajudou a imaginá-lo como uma pessoa de verdade. Mas não somos brotos diferentes da mesma planta. Eu não consigo ser você. Você não consegue ser eu. Por mais que você imagine o outro, nunca imaginará com perfeição." - 357
·      "Talvez seja mais como você falou antes, rachaduras em todos nós. Como se cada um tivesse começado como um navio inteiramente à prova d'água. Mas as coisas vão acontecendo... as pessoas se vão, ou deixam de nos amar, ou não nos entendem, ou nós não as entendemos... e nós perdemos, erramos, magoamos uns aos outros. E o navio começa a rachar em determinados lugares. E então, quando o navio racha, o final é inevitável. Quando começa a chover dentro do Osprey, ele nunca vai voltar a ser o que era. Mas ainda há um tempo entre o momento em que as rachaduras começam a se abrir e o momento em que nós nos rompemos por completo. E é nesse intervalo que conseguimos enxergar uns aos outros, porque vemos além de nós mesmos, através de nossas rachaduras, e vemos dentro dos outros através das rachaduras deles. Quando foi que nos olhamos cara a cara? Não até que você tivesse visto através de minha rachaduras, e eu, das suas. Antes disso, estávamos apenas observando a ideia que fazíamos um do outro, tipo olhando para sua persiana sem nunca enxergar o quarto lá dentro. Mas, uma vez que o navio se racha, a luz consegue entrar. E a luz consegue sair." - 357 e 358 

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